“Não vi Deus me arrancando do Raimundos; ele só me deu coragem de viver outra vida”, diz Rodolfo Abrantes

Rodolfo Abrantes ganhou fama nacional como o vocalista do Raimundos, conjunto que misturava hardcore, punk e forró. No currículo, a banda tem álbuns como o autointitulado, lançado em 1994, além dos pesados Lavô Tá Novo (1995), Cesta Básica (1996) e Lapadas do Povo (1997).

Depois do mega sucesso de Só no Forevis, de 1999, Rodolfo resolveu deixar o grupo, devido sua conversão ao cristianismo, o que gerou muita revolta dos fãs.

Em meados do ano passado, o cantor, que hoje tem 51 anos, concedeu uma entrevista ao podcast Jesus Copy e falou sobre sua saída do Raimundos. De acordo com Abrantes, Deus não o arrancou do Raimundos; ele só lhe deu coragem de viver uma outra vida.

“Cada caso é um caso! Tem aquele cara que Jesus fala: ‘me segue’. Tem o cara que quer ir, mas Jesus manda para casa. Eu creio que o que aconteceu comigo foi Deus fazendo tudo o tempo todo.

O barulho que Ele fez quando saio da banda. A minha conversão sem a saída da banda teria uma proporção minúscula perto do que foi. Se eu fosse pensar em autopreservação, ficar na banda seria melhor para mim.

Eu sofri demais! Você está doido! Eu perdi tudo, não tinha ninguém perto de mim. Quando casei um mês depois, a gente não tinha quatro testemunhas. Quatro testemunhas para casar a gente não tinha!

A gente teve que ligar para o pessoal da igreja que era perto de casa; aí, a secretária e o diácono foram e os irmãos de campanha de oração também foram. Pouquíssima pessoas se importavam de verdade.

Olhando para trás, eu vejo a perfeição do que Deus fez. Ele me deu coragem de cometer uma loucura. Foi uma loucura! A ira que isso despertou nos caras da banda, nos fãs e no sistema em geral como MTV e todo meio foi proveitosa para o evangelho e para que essa notícia se espalhasse.

A gente está falando de uma notícia. No meu caso, a conversão foi uma notícia. Para mim, ela foi uma coisa, para as pessoas em geral foi uma notícia. Então, a forma como aconteceu foi que nem uma bomba; foi fragmento para todo lado.

Tinha gente que não sabia o que era o Raimundos, mas sabia que o tal do Rodolfo tinha se convertido. A natureza da época, a internet estava dando seus primeiros passos. Se tivesse internet como temos hoje, a falação não duraria uma semana. Todo mundo ia falar hoje, amanhã e depois, e não iam tocar mais no assunto. Ia morrer ali.

Como não tinha internet como hoje, as coisas saíam em revista. No mês seguinte, saía em outra revista e isso se estendeu por meses. No começo dos anos 2000, havia muita coisa movendo: MP3 vindo, indústria fonográfica quebrando, MTV virando uma canal de reality show… Era muita coisa sendo alterada naquele ambiente.

Falando da vida pessoal, eu vivia radicalmente num ambiente. Eu tinha um desejo radical de ter outra vida. Não vi Deus me arrancando do Raimundos; ele só me deu coragem de viver uma outra vida.

Eu tinha uma crise há muito tempo! Foi uma porta que abriu, tipo: você está livre. O que eu faço com minha liberdade agora? Eu dei uma entrevista um ano antes, e me perguntaram qual era o meu sonho, eu respondi que meu sonho era ser pescador e morar numa praia. Eu queria estar isolado, longe; eu queria sumir.

Jesus entrou, eu experimentei uma satisfação pelo ambiente, eram aquelas reuniões de oração ultra simples, nada atraentes, não tinha um baita louvor tocando, não eram grandes pregadores, mas eu saí de um afogamento e respirei.

Eu não queria voltar. Fiquei com um pavor exagerado a respeito de qualquer coisa que tinha a aparência daquilo. Eu saí correndo de onde eu estava para não ser puxado de volta. Depois de um tempo, aquilo passou a não me assustar mais.

Talvez tenha gente que consiga ter um encontro verdadeiro com Cristo e permanecer onde está. Há muita variável. Mas o que eu cantava era impossível eu cantar com Cristo. Não dava. Agora, tem músicas que são quase que inofensivas.

Não sou juiz disso. Mas tem muito a ver com o ambiente, com satisfação, com o foco no futuro, e não dá para você colocar tudo isso numa caixinha… Mas teve vozes proféticas em minha vida! Gente de Deus me falou que haveria tempo de ruptura e tempo de escolhas.

Eis a fala de Rodolfo Abrantes no player abaixo:

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