A banda holandesa Xystus lançou o DVD Equilíbrio Live & Double CD, com convidados de grande nome na cena metálica mundial, como: Simone Simmons (Epica) George Oosthoek (Orphanage), John Vooijs (Tarzan), entre outros, para comemorar o 10º aniversário da banda, demonstrando uma postura muito audaz em sua carreira.
Na entrevista a seguir, o educado baterista, Ivo Van Dijk, fala com sobre todo processo de concepção dos álbuns Equilibrio e Equilibrio Live, carreira, projetos futuros, atual momento da banda, e muito mais…
Olá Ivo! As pessoas aqui no Brasil não conhecem muito sobre a banda, você poderia se apresentar e dizer um pouco sobre a música do Xystus.
Ivo Van Dijk: Xystus é uma banda holandesa, que começou as atividades no ano de 1999. Nós éramos muito jovens naquela época, estávamos começando a tocar. Eu sou baterista, e nos álbuns eu cuido dos teclados também, nós temos nosso vocalista e guitarrista Bas, o incrível guitarrista Bob e nosso novo membro: o baixista Luuk.
Nós lançamos três álbuns, um DVD e, até agora, um single. “Equilíbrio”, o novo álbum, é o nosso primeiro disco a ser lançado no seu país, nós estamos muito felizes com isso! Brasil tem uma cena incrível.
A música do álbum “Equilíbrio” pode ser descrita como: epic/symphonic/musical metal. Em nossos álbuns anteriores “Surreal” (2007) e “Receiving Tomorrow” (2004), nós, geralmente, nos descrevíamos como symphonic/progressive metal. O DVD que foi lançado é a fase atual de “Equilíbrio – The Metal Musical”.
A história da banda Xystus começou em 1999, como têm sido os últimos 10 anos? Naquela época foram muitas as dificuldades? Como vocês conseguiram superar os obstáculos e problemas? (Eu estou fazendo essa pergunta, por que muitos jovens músicos estarão lendo essa entrevista, e o seu relato pode ser inspirador para eles superarem as dificuldades).
Ivo: Há muitas coisas, eu realmente nem sei por onde começar! Nós sempre superamos nossos problemas e dificuldades, porque tínhamos uma base sólida, pelo menos duas pessoas no começo, Bas e eu.
Desde 2004 a base foi expandida com Bob, e contando que isso esteja lá, nada pode dar muito errado. A única dica que tenho a oferecer: As pessoas deveriam tomar muito cuidado, quando for assinar um contrato. Nós perdemos direito de nossos dois primeiros álbuns por causa de um contrato estúpido, o qual estava envolvido pessoas mais estúpidas ainda.
Esse tipo de coisa acontece, mas vocês devem superar todos esses tipos de coisas, contando que vocês acreditem no que estejam fazendo. É muito importante ter uma comunicação aberta e honesta dentro da banda, o que foi uma coisa que nós fomos capazes de estabelecer a alguns meses atrás pela primeira vez. Isso nos ajudou muito no momento que tivemos que despedir dois membros. Nós nos tornamos mais fortes, estamos ansiosos para colocar isso no próximo álbum!
Hoje em dia, nós temos muitos estilos diferentes de metal. Xystus pode ser classificado como uma banda de symphonic progressive metal? Eu tenho que ser sincero com você, há milhares de bandas tocando o estilo que chega ser maçante. Qual o quê que podemos encontrar na música do Xystus.
Ivo: Eu, pessoalmente, odeio ser rotulado. É verdade que nós usamos elementos de symphonic e progressive metal. Nós nunca damos a nossa música um rótulo. Eu acho que nos diferencia em álbuns como “Surreal” e “Receiving Tomorrow”, é o uso de elementos de metal industrial, e nós tentamos escrever música que são compactas e cativantes.
Nós não gostamos de solos de 4 minutos de duração. Apenas um refrão cativante e alguns versos bacanas são as nossas preferências. Contando que a banda faça isso, eu não acho que vá ficar entediado com quaisquer que seja o gênero.
A banda começou em 1999, mas o primeiro disco, Receiving Tomorrow, foi lançado em 2004, porque a demora para lançar um full lenght?
Ivo: Muito simples. Nós fundamos a banda em 1999, foi no mesmo ano que eu comecei a tocar bateria, eu tinha 17 anos de idade. Bas começou a tocar guitarra um ano antes de mim. Ou seja, nós tínhamos que aprender a tocar. Nós aprendemos tocando sons antigos do Metallica e algumas coisas do Megadeth.
Eu comecei a escrever algumas músicas alguns meses depois que nós começamos a fazer isso. Nós éramos novos para tudo, naquela época! Então, não é nenhuma surpresa nós demorarmos um tempo antes de lançar nosso primeiro álbum.
Em 2005, vocês excursionaram pela Europa com as bandas Epica e Kamelot, como foi essa experiência? O que vocês trouxeram para a música da banda?
Ivo: A turnê com a Épica ainda é um dos destaques em nossa carreira. Nós nos divertimos muito com os caras da banda e com a equipe. Fizemos ótimos shows. Nós ainda temos contato com eles, o que deixa claro com a participação de Simone Simmons no álbum “Equilíbrio”. Eu os conheço desde que começaram, e sempre tivemos bom relacionamento.
Na verdade, Mark Jansen (guitarrista e vocalista – Epica) foi quem arrumou da gente tocar com o Kamelot. Eu recebi uma ligação do Thomas Youngblood (guitarrista – Kamelot) perguntando se nós gostaríamos de abrir alguns shows para eles. Eu era um grande fã da banda, e eu fiquei totalmente temeroso.
Eu conheci Casey (baterista – Kamelot) há alguns anos e nós tivemos uma grande e divertida conversa sobre bateria. Como você pode ver, o mundo é bem pequeno, e tudo, eventualmente, volta a se encontrar, ficar junto.
O segundo álbum, Surreal, Bob Wijtsma; Mark Brekelmans e Joris van de Kerkhof juntaram-se a banda, e nós podemos sentir Xystus como uma unidade, soando como uma banda, não só como um projeto.
Ivo: Isso em parte é verdade. Bob se juntou depois de termos lançado o primeiro álbum, e Mark e Joris se juntaram quando o segundo álbum já estava lançado, então, eles, na verdade, não tiveram nada a ver com a criação do disco Surreal.
Nós nunca consideramos Xystus um projeto, aconteceu que nós nunca fomos capazes de encontrar um bom tecladista antes do lançamento do álbum Surreal. Infelizmente, parece que as chances desse line-up continuar são pequenas, mas desde que Bob, Bas e eu estejamos presentes, nós sempre levaremos a banda adiante. Eu sempre cuidei das músicas e Bas das letras e melodias vocais.
Há um mês ou dois, eu estou escrevendo com Bob também, e tem funcionado muito bem. Então, o novo disco, certamente, terá incríveis riffs de Bob também.
Vamos falar um pouquinho sobre o disco Equilíbrio. Qual o conceito do álbum? Pode ser considerado o melhor e mais completo álbum já feito pela banda?
Ivo: Equilíbrio é um álbum difícil de definir quando está dentro e envolvido com a banda. Nós consideramos Equilibrio como um projeto feito pela a banda. Nós não necessariamente chamamos de melhor álbum. Eu acho que consideraria Surreal o melhor.
Mas Equilíbrio é o mais especial para nós porque trabalhamos duro para fazer o show completo e o disco é uma parte disso. Nos traz ótimas lembranças de estar no palco com a orquestra e fazer aquelas apresentações.
É, sem dúvida, o empreendimento mais complexo o qual já estivemos envolvidos, e nos tomou um grande tempo (nós já estávamos trabalhando no álbum, quando estávamos ocupados com a mixagem do disco Surreal).Mas o DVD é uma coisa que nós todos consideramos o melhor lançamento da banda, até agora.
Equilíbrio é um corajoso e ambicioso trabalho, nós estamos falando sobre uma opera rock. Várias bandas já fizeram trabalhos como esse. Quais novidades encontramos no disco?
Ivo: A grande diferença está, provavelmente, que o álbum Equilíbrio foi escrito como um espetáculo para palco! Eu não acho que Ayreon ou Avantasia levaram em consideração que os personagens seriam visíveis e pudessem interagir com o outro, como eles fazem no Equilíbrio.
Além disso, nós quisemos que ambas: banda e orquestra trabalhassem igualmente duro. Muitos álbuns que têm orquestra a usa somente em algumas partes, mas nós quisemos a orquestra como um membro da banda. Esse foi o grande desafio e é isso que nos diferencia de outras operas rock.
No álbum há algumas boas surpresas como Simone Simmons (EPICA), George Oosthoek (ORPHANAGE), John Vooijs (TARZAN) e Michelle Splietelhof (LES MISERABLES). Como foi o envolvimento deles?
Ivo: Todas as pessoas envolvidas foram maravilhosas e muito entusiasmadas. Foi também um aprendizado para todos os envolvidos. John e Michelle nunca tocaram com uma banda de Rock, nem com uma orquestra.
Bas, Simone e George nunca atuaram, a banda nunca tocou com uma orquestra completa, nós éramos parte de algo muito grande. Foi ótimo para todo mundo. Nós nos divertimos com todo o elenco também: os dançarinos e coral e com a própria orquestra, lógico.
Nós estávamos felizes como tudo estava se encaixando, e esse era o nosso objetivo. Isso era, de fato, a idéia toda em torno do Equilíbrio: Trazer equilíbrio para todos esses diferentes gêneros e para as pessoas envolvidas! Eu acho que fomos bem sucedidos, mas vocês precisam ver o show para compreender isso. O CD não é suficiente para isso. Equilíbrio foi também um produto visual.
Vocês acabaram de lançar Equilíbrio Live DVD & Double CD. Foi uma ótima maneira de celebrar o 10º aniversário. Vocês tocaram com uma orquestra completa (04 de Julho de 2008 – Utrecht/Holanda) com 130 pessoas no palco. O quão significante foi para vocês? E o que dessa experiência vocês trarão para o próximo álbum?
Ivo: De novo, eu não sei por onde começar. Nós nos juntamos à orquestra por volta de dois anos antes dos shows. Eu comecei escrever em Fevereiro, de 2007, e teve um prazo-limite até o final do mesmo ano. Eu tive esse tempo para escrever 90 minutos de música! Parece fácil, né? Mas não é. Tinha que ter uma conexão com a história.
Depois de todo processo de composição, nós trabalhamos no álbum e na promoção para os shows fazendo entrevistas em rádios e revistas, nós estávamos ocupados com desenvolvimento de camisas, folhetos para divulgação e um monte de outros tipos de merchandise. Nós fizemos todo o projeto independente, sem gravadora.
Os shows em si foram pura magia para nós! Foi tão diferente de um show normal. Havia tanta motivação e muito stress, tudo tinha que estar perfeitamente sincronizado. Nós tínhamos dançarinos entrando e saindo do palco, suporte, vídeos nos telões, etc. Muita coisa estava acontecendo.
A reação da plateia foi incrível, muitas pessoas vinham nos assistir pela segunda vez no mesmo fim de semana, porque elas não conseguiam ver tudo que estava acontecendo. Foi um projeto maravilhoso, mas é muito improvável que façamos um novo Equilibrio. Ou pelo menos, não dessa forma.
Desde que nós escrevemos esse opera rock muitas coisas foram levadas em consideração, com isso, nós decidimos, para o novo álbum, voltar ao básico. Vai ser um álbum mais voltado para a guitarra e, definitivamente, será muito mais pesado.
Eu acho que é uma reação natural a um projeto como Equilibrio, onde a banda teve dar um passo para trás, para que a orquestra tivesse mais espaço.
O baixista Luuk Van Gerven (ex-After Forever) se juntou à banda. Como vocês o escolheram? Foi o primeiro nome ou vocês consideraram outros?
Ivo: Luuk foi o primeiro cara que eu chamei quando nós decidimos despedir os outros membros. Nós tocamos alguns shows com o After Forever antes deles se separarem. Depois que os membros antigos saíram, eu conversei com o baterista, Sander Zoer, da banda Delain, e ele comentou que eu deveria entrar em contato com Luuk. Então, eu entrei.
Nós ensaiamos uma vez juntos e teve um clique na mesma hora. Entretanto, nós chegamos a fazer outros testes antes de tomar a decisão final, mas Luuk nos pareceu como a melhor escolha. Ele é uma adição para a banda, e vocês certamente constarão no próximo álbum.
Há alguma chance de excursionar com esse show pela Europa ou para outras partes do mundo?
Ivo: Nós esperamos que sim, mas as chances são muito pequenas. Alguém com muito dinheiro têm que estar dentro para fazer isso acontecer, ou pelo menos, uma orquestra que esteja disposta a participar disso! Nós vamos trabalhar nisso, com certeza…
Nós estamos encerrando a entrevista e gostaríamos de saber só mais uma coisa. Quais os três melhores álbuns, em sua opinião, dos anos 70, 80 e 90?
Ivo: Essa é difícil. Claro, Metallica – Master of Puppets, esse é um excelente disco. Blind Guardian – Nightfall in Middle-Earth, foi o meu primeiro álbum de symphonic metal e, ainda hoje, o adoro. A complexidade das musicas é muito bonita e encantadora. Por fim, Megadeth – Rust in Peace, excelente álbum e banda.
Muito obrigado. Esse é o seu espaço, você pode dizer o que quiser!
Ivo: Obrigado por gastar seu precioso tempo e dar espaço a nossa banda! Nós esperamos que vocês gostem de nossos álbuns e do DVD Equilíbrio. E esperamos fazer alguns shows no seu maravilhoso país, e poder encontrar com todos os fãs brasileiros.
Fonte: http://rockonstage.blogspot.com.br/
Marcelo Prudente