Numa metáfora simples, o Accept é como uísque de alta classificação, onde a idade pesa a favor. A experiência, o foco e compromisso com a própria arte proporcionou à banda ressurgir, após 15 anos de hiato, com mais vitalidade e criatividade, lançando álbuns que, sem dúvida alguma, passarão no implacável teste do tempo. Prestes a desembarcar no Brasil para uma série de shows, o RockBizz foi bater um papo com o guitarrista, Wolf Hoffmann, para saber um pouco mais do atual momento da banda, bem como, suas expectativas dos shows no país. Então, caro leitor, com a palavra Wolf…
O álbum Blind Rage foi lançado há dois anos, como tem sido ‘feedback’ até gora? O que a banda conseguiu alcançar com esse disco?
Wolf Hoffmann: Com Blind Rage nós tivemos nossa primeira posição em vendas em toda carreira. Desde a nossa volta aos palcos estamos numa evolução crescente, e se você parar para pensar isso aconteceu depois de quinze anos de hiato, ou seja, foi da época em que o mundo era, praticamente, sem computadores, onde a gente não podia contar com nada, ao mundo de hoje em que tudo é à base de computador. É muito legal!
Nós estamos a um bom tempo divulgando o “Blind Rage”, a gente até podia seguir em frente, afinal, estamos com agenda lotada, no entanto, já estamos trabalhando no novo álbum. Mas vamos tirar um tempo para aliviar a pressão. Mas minhas expectativas são sempre as melhores.
É fácil tanto para os fãs quanto para os críticos perceber o ótimo momento em que o Accept está, e não novidade que esse vento a favor da banda é por conta dos três últimos discos de estúdio. Dito isso, qual o significado desses álbuns ao legado do Accept? E quais portas a banda conseguiu abrir com esses discos?
Wolf: Primeiro, nosso objetivo era manter a essência do Accept intacta, sem nos limitarmos. Segundo, nós queríamos afinar nossos sentidos e criar tensões nas músicas, mas sem exageros, o que é e fica muito bacana, especialmente ao vivo. Terceiro, expandir em todos os sentidos.
Vamos colocar da seguinte forma: Nós trabalhamos duro e assumimos nossa responsabilidade diante de nossos fãs. A gente busca o melhorar em todos os aspectos, sabendo que para acontecer isso, nós precisamos ser firmes. Hoje em dia é uma luta para sobreviver… Abrir novas portas não é o que estamos procurando, mas, sim, ser relevantes gravando bons discos. E o sucesso leva um tempo para ser provado.
No ano passado vocês tocaram no festival, Monsters of Rock. Quais suas lembranças daquela noite? Você tem ideia que a apresentação do Accept foi considerada por muitos o melhor show do festival?
Wolf: Nós esperávamos ser uma das memoráveis bandas do festival. Isso é muito legal! Eu me lembro de quase tudo, mas o que ficou foi aquela incrível troca de energia entre nós e os fãs. Inesquecível!
Já tem um ano desde que Uwe Lulis e Cristopher Williams se juntaram à banda. Como tem sido o trabalhar com eles até agora?
Wolf: Inesperadamente fácil. A gente está num ótimo momento de nossas vidas e a maior surpresa disso tudo é que nós estamos juntos. Todo mundo está sintonizado, ou seja, nós chegamos à mesma opinião na mesma hora. Só de trabalharmos desse jeito já é o suficiente para as coisas funcionarem.
Depois de quinze anos de hiato, o Accept volta à vida com “Blood of the Nations”; em seguida veio “Stalingrad” que manteve o nível lá em cima e “Blind Rage” é a consagração da nova era da banda. Você se sente pressionado em manter esse alto nível intacto?
Wolf: Sim, com certeza. Eu sou implacável na busca de fazer sempre melhor e, lógico, oferecer o melhor que posso toda vez. Ás vezes eu até queria pegar levar comigo.
As mídias sociais mudaram a forma que os artistas se relacionam o fã, construindo novas formas de contato entre os dois lados. Como você lida com essas novas formas de relacionamento? Quais os prós e contras sua opinião?
Wolf: Tudo tem dois lados. Pode conectar e/ou isolar, depende de quem está usando e para qual finalidade.
Accept vai tirar férias depois da “Blind Rage Tour”?
Wolf: Férias…Um músico, quando bem sucedido, não está em constante férias? Não! Nós estamos nisso para ganhar, então, é um estresse bom. É o que vivemos.
Vocês vão se apresentar no Brasil tocando o ‘setlist’ completo. Quais as suas expectativas para esses shows?
Wolf: As melhores! Nós vamos tocar um repertório grande. Até agora os shows têm recebido críticas positivas. Estamos muito felizes com isso.
Se você quiser apresentar a música do Accept a alguém que não conheça a banda, qual disco seria um bom começo?
Wolf: Sem dúvida os atuais. Isso se alguém me perguntasse hoje.
E quais músicas representam a essência da banda?
Wolf: Muitas! É difícil citar, afinal, cada álbum é um pequeno pedaço da minha vida. E cada um tem uma percepção diferente.
Obrigado pela entrevista, algum último recado?
Wolf: Curti muito falar com você e espero vê-lo no show. Aos nossos fãs…Vamos fazer o que nós fazemos de melhor: Festejar com vocês!