Em termos quantitativos, o Brasil não tem muitos representantes no primeiro escalão das cenas rock n’ roll e heavy metal e com atuação periódica no mercado internacional. Os mais conhecidos são, pois, o Angra e o Sepultura; o Krisiun, que é o mais peso-pesado da turma brasileira, é outro nome ‘made in Brasil’ que vem, ao longo dos anos, colhendo bons frutos nas praças gringas.
Há o pessoal que quase chegou lá, mas, por um motivo ou outro, a coisa não decolou como poderia e ou deveria. Korzus, Torture Squad, Ratos de Porão, Dr. Sin, Viper e Tuatha de Danann tinham tudo para jogar entre os grandes, tinham tudo para estar na série A do metal mundial.
De repertório caprichado à virtuosidade instrumental, de DNA sonoro próprio a musicalidade acima da média, tais bandas tinham – e têm, na verdade – muito a oferecer à música pesada, mesmo assim, a coisa não vingou.
Existem outros grupos na cena brasileira? Claro que sim! No entanto, estes citados são os que jogam ou jogaram em campo profissional e sabem como as engrenagens do mercado fonográfico funcionam. Logo, não adianta apontar este ou aquele nome que patina na cena amadora e apresenta shows mambembes em festa de moto clube, pois não é assim que vai fazer verão.
Nervosa e Crypta
Dessa forma, a cena heavy metal Brasil ficou sem novos representantes com propriedades profissionais e representação internacional por muitos anos. Foi uma entressafra difícil de assimilar e, até mesmo, com contornos preocupantes. A coisa começou a tomar outro rumo na década de 2010, com a criação da Nervosa, que tem a bandeira fincada no thrash metal.
Depois de algum tempo despontando na indústria musical, a Nervosa reformulou o line-up e seguiu carreira com outra formação. As musicistas dissidentes da Nervosa formaram a Crypta, que é um conjunto focado no death metal e black metal.
Embora as bandas tenham lidado com algumas intempéries como mudanças em suas formações, o núcleo criativo e gerencial continuou intacto – ou melhor, continuou despachado, produtivo e puxando o projeto adiante.
Atualmente, Nervosa e Crypta, além de Sepultura, Angra e Krisiun, são as únicas bandas do metal nacional com agenda internacional constante. São conjuntos que tocam para o público nativo do respectivo país em que está visitando, ou seja, não são apresentações para comunidade brasileira em outros países, o que é um feito digno de aplausos.
Além disto, os grupos estão marcando presença nos principais festivais de música pesada como Hellfest, Wacken Open Air, 70.000 Tons Of Metal, Summer Breeze, Bloodstock Open Air e Sweden Rock Festival.
Vira-latismo e despeito à la brasileira
Ainda que o crescimento das marcas Nervosa e Crypta seja um fato e está acontecendo no mesmo instante em que você está lendo este artigo, alguns tr00zões brasileiros, entretanto, não aceitam de forma alguma o sucesso das moças.
Muitos dos caras que criticam e debocham das vitórias conquistadas por muito suor e batalha por Fernanda Lira, Prika Amaral e Cia, tentaram – tentam – um lugar ao Sol no amplo universo da música pesada.
Contudo, por inaptidão artística e gerencial, não saem do lugar, estão prostrados no fim do poço indignados pelo sucesso alheio; principalmente porque se trata de mulheres sendo protagonistas de tais êxitos.
Em uma rápida corrida de olho nas redes sociais é fácil se deparar com manifestações machistas, sexistas e de misoginia contra as integrantes da Nervosa e Crypta. É lamentável e triste ver o quão baixo é o desenvolvimento moral de algumas pessoas e o quão reacionária é a cena heavy metal brasileira.
Não é imposto a nenhum indivíduo o dever de curtir o som das citadas bandas, todavia, respeitar as musicistas é, pois, uma obrigação de todos nós. Se considera a música das moças fora de seu interesse e agrado, procure e invista energia e tempo em algo que lhe satisfaça.
Caso o juiz e o carrasco que habitam dentro de você não se contenham com isto, faça as suas considerações com o foco no som, mas jamais em relação às pessoas – você não as conhece para tecer algum tipo de avaliação pessoal.
Goste ou não
A mulherada está renovando o metal nacional e levando a nossa bandeira e arte para outros países com muito profissionalismo. Mas é o vira-latismo e despeito à la brasileira que impedem que parte do público apoie a Crypta e Nervosa; torcemos para que tal demanda mude para melhor.
Os caras deviam ter orgulho destas mulheres que em vez de tarem fazendo “músicas” que cultuam o corpo esses lixos de funk e etc, curtem e fazem um metal cabuloso digno de reconhecimento na gringa. Mas sempre tem um truzao” metido a bosta pra falar e pensar merda.
Quem não gostar não ouça. Toda força para nossas meninas (no melhor sentido, por favor). Sem essa babaquice de machismo. Isso é coisa de frouxo que precisa se afirmar. Sucesso pra vocês !!
Bom dia. É sobremodo satisfatório ver bandas tão excelentes despontando no cenário internacional representando excelentemente esse país tão aporcalhado de melécas “musicais”,
Quem não aprecia, que se entupa com os sofríveis sertanojos. Saúde meninas!!