Não importa quantas vezes você já o tenha visto, a experiência de estar em um show do Obituary é sempre uma viagem ao início dos anos 90, uma experiência que deve ser vivida principalmente por músicos de death metal, pois o Obituary tem provado, por toda a sua excelente discografia, que não é necessário fazer um disco inteiro com blast beats para soar pesado e brutal.
O show aconteceu neste último sábado (18), no Fabrique, que é uma nova e boa casa de shows de São Paulo, onde tem capacidade de receber em torno de 600 pessoas. Além disso, a casa é bem localizada e é ao lado do temporariamente em reforma Clash Club, na Barra Funda, ou seja, o ambiente perfeito para a ótima destruição sonora dos norte-americanos.
Às 19h como anunciado na abertura da casa, o público foi chegando num clima realmente de reunião da nata do death metal paulistano, e misturados ao público estavam os músicos do Krisiun, Genocídio, Torture Squad e Synaia. Apesar de anunciado para às 19h, muito do público ainda não havia chegado e a pedido da própria banda para a produção, o show deveria começar mais tarde, já que o grupo queria todo o público no Fabrique, ou seja, uma atitude digna de uma banda humilde e que pensa nos fãs.
Como uma homenagem ao guitarrista Malcolm Young, fundador do AC/DC que, tristemente, falecera naquele sábado (18), os PA’s rolaram somente músicas do AC/DC para o público, que curtiu e se emocionou enquanto aguardava o início do show.
Às 20h20, subia ao palco a lenda viva do death metal, o Obituary, com Donald Tardy (bateria); Kenny Andrews (guitarra solo), Terry Butler (baixo) e Trevor Peres (guitarra base), e começaram com Redneck Stomp, do álbum Frozen in Time (2005), instrumental muito bem sacada para que o mestre técnico de som Vander Caselli, que trabalha, oficialmente, com o Krisiun e muitos outros gigantes do metal mundial quando vem ao nosso país, pudesse fazer algum reajuste, se necessário.
Após essa “intro” e já com o som perfeito, adentra ao palco com simpatia o dono da voz mais brutal e desesperadora do death metal, John Tardy, e assim mandaram a empolgante Sentence Day, seguida de Visions in my Head. Depois de falar com o público, a roda mosh que se formou no meio do Fabrique foi realmente brutal, mas mal sabiam eles que a Choped Half, do Cause of Death, já viria na sequência.
Após uma pequena pausa para ajustar o equipamento no palco e dar aquele gole na caipirinha, Trevor festejava estar mais uma vez no Brasil, e logo veio a avassaladora Turned Inside Out, onde o primeiro headbanger subiu ao palco e deu seu ‘stage dive’, o que já abriu para que outros fãs fizessem o mesmo. A banda, curtindo todo aquele momento especial, continuou com os clássicos do disco Cause of Death, tocando Find the Arise. Outro clássico na carreira da banda foi executado com o Fabrique em fúria, a canção A Lesson in Vegeance.
Terry Butler, que já fez parte de uma das formações clássicas do Death, banda do saudoso Chuck Schuldiner, hipnotizava a todos com seu baixo em um formato exótico e tirando dele um peso absurdo, onde, ao mesmo tempo, ao seu lado, Trevor soltava os riffs mais brutais e grudentos do death metal. Já Kenny Andrews mantinha a beleza e feeling dos solos que são marcas no Obituary e uma ótima performance sorrindo com a energia do público.
Depois de mais algumas palavras com o público, a banda disparou Brave, dando sequencia com a porrada, Straight to Hell. Logo em seguida, o grupo iniciou a grandiosa Dying, e com o mosh rolando furiosamente veio No. Após mais alguns goles de caipirinha, Trevor falou da sua felicidade de novamente estar no Brasil.
A banda deixa o palco por alguns segundos para dar aquela respirada rápida e ao voltar lança mais uma clássica: Till Death, do primeiro álbum, e logo após o vocalista John ajudar uma headbager subir ao palco para dar seu stage dive, a banda toca a destruidora Dont Care, do disco World Demise. Turned to Stone e Slowly We Rot finalizaram a incrível noite com dois dos mais um dos mais pesados hinos do death metal.
Em agradecimento ao público, Donald Tardy subiu na bateria para agradecer; Terry Butler reuniu mais as pessoas para fazer um pequeno vídeo e, logo em seguida, o alemão Luciano Piantoni fez aquela clássica foto da banda com o público.
Após mais esta incrível aula de death metal realizada por esses doutores de Tampa, Flórida, o público deixou o Fabrique realizado, tirando a chuva torrencial que esperava o público literalmente de alma lavada.
Agradecimentos especiais ao Thiago e produção TC7 por trazer e realizar com total pudor, afinco, dedicação e sucesso mais um show com um grande nome do metal extremo mundial, e Luciano Piantonni com Silvia Curado pelo suporte à imprensa.