No finalzinho dos anos 60 e comecinho dos 70, a música inglesa estava em ebulição e se expandindo para diferentes frentes. A fisionomia musical estava mudando e deixando o sonho hippie e psicodélico para trás, pois não contemplavam o dia a dia da sociedade e os ideais da juventude mais chegada à distorção.
O Black Sabbath deu início a uma nova corrente musical e cultural que se convencionou chamar de heavy metal. A banda, que em sua primeira encarnação era formada Ozzy Osbourne (vocal), Tony Iommi (guitarra), Geezer Butler (baixo) e Bill Ward (bateria), foi uma força que mexeu nas estruturas da música contemporânea.
No entanto, a trajetória do grupo foi de inúmeros altos e baixos, com variadas formações, mas soube manter-se fiel, por meio das linhas de guitarras colossais e geniais de Iommi, aos seus princípios básicos, com riffs mastodônticos, vocais caprichados e polposa cozinha para servir de cama às peripécias da comissão de frente.
Uma das formações mais longevas da banda foi com o vocalista Tony Martin, que chegou a registrar 5 álbuns de estúdio em menos de dez anos de parceria com Iommi. Então, para celebrar o bom trabalho de Martin ao lado do Sabbath, vamos tratar brevemente cada disco.
1. The Eternal Idol (1987)
A versão demo do álbum fora com o vocalista Ray Gillen, no entanto, o frontman bateu de frente com o Riff Master, não concordou com os termos postos pelo chefe, com isso decidiu deixar a banda e seguir carreira por conta própria. Martin foi a tábua de salvação para o Sabbath, visto que na época o dia a dia do grupo era conturbado e tempestuoso, o que desanimava muita gente a mandar currículo para a empresa.
2. Headless Cross (1989)
Mais à vontade na banda, o cantor pôde participar do processo de composição e apresentar uma performance vocal mais apurada, explorando, inclusive, tons altos. O teor lírico do álbum causou a fúria de algumas entidades religiosas, pois continham elementos satanistas e ocultistas. Um prato cheio para molecada e motivo de pavor aos pais.
3. Tyr (1990)
A pressão e o clima soturno impostos pelos temas abordados no trabalho anterior fizeram o Sabbath dar uma guinada no conceito do então novo álbum. Tyr veio embalado pela temática da mitologia nórdica, embora não seja um disco essencialmente conceitual, pois as canções não se completam liricamente, tampouco contam uma história.
Mais uma vez, Martin teve papel fundamental para edificação da obra musical, pois veio dele os versos e refrãos das canções. As linhas vocais abrigam novas nuances e mostram um poder de interpretação acima da média.
4. Cross Purposes (1994)
No final do ciclo de turnê de Tyr, Martin foi convidado a passar no setor de RH para que Ronnie James Dio voltasse ao grupo, o que aconteceu e rendeu o bacana Dehumanizer (1992), porém o relacionamento de Dio e Iommi não demorou a azedar, mais uma vez, e Martin foi convocado a ocupar o lugar de RJD.
Obviamente, a instabilidade na formação do Sabbath, o sentimento de ser apenas uma peça de reposição e as inconstâncias empresariais interferiram diretamente nas músicas de Cross Purpose. Tony entregou o que pôde dentro de tal cenário de incertezas. O álbum, ao contrário das críticas dos fãs ortodoxos, é bacana, apenas demanda mais audições para contemplá-lo de uma forma integral.
5. Forbidden (1995)
Se no álbum anterior, a atmosfera não era das melhores; em Forbiden parecia final de casamento, onde o casal nem bom dia concede ao outro. Apesar do ambiente insalubre, as músicas não foram o último prego no caixão do Sabbath, mas carecia, talvez, de uma lapidação e uma produção mais caprichada que favorecesse o poder sonoro da banda. A performance de Martin, apesar de tudo, foi coerente com os ânimos abatidos impostos pelo clima vivido pelo Black Sabbath; o cantor não foi o algoz do álbum, mas, sim, o fiel escudeiro de Iommi para que a banda ainda continuasse respirando.