O ciclo ou curva de desenvolvimento de uma empresa obedece, sob um olhar simplório, alguns estágios como: introdução; crescimento; maturidade; declínio, caso a organização não reaja às intempéries internas e externas e, por fim, o alinhamento e a retomada do crescimento. Parece uma analogia fria e descabida de senso frente à jurisdição artística, no entanto, fora de tal forma que a carreira da cantora finlandesa, Tarja Turunen, se desenvolveu e revelou.
Primeiro, nos idos dos anos 1990, a introdução de uma artista com muito potencial e talento, mas com arestas a serem aparadas e lapidadas; em seguida, o crescimento exponencial ganhando destaque e adulação por onde passasse. A maturidade da artista fora uma reação óbvia ao seu crescimento artístico; já o declínio ficou por conta de sua demissão inesperada da antiga banda que você sabe muito bem qual é. Depois disso, o alinhamento e a retomada do crescimento de sua carreira começou com seu primeiro registro de estúdio, My Winter Storm (2007).
Agora, 2016, a cantora e compositora, Tarja, lança (no Brasil o lançamento é via Shinigami Records nos formatos CD Simples Digipack e CD + DVD Jewelcase) o álbum The Shadow Self, que se mostra como seu melhor registro de estúdio como artista solo. Com a produção sob os comandos da própria vocalista e Tim Palmer, o álbum coleciona adjetivos que passeiam facilmente entre o surpreendente, envolvente, agradável e caprichado.
Se o ouvinte procura uma mera cópia de sua ex-banda, a “nova” Tarja não fará sua cabeça nem com reza brava, mas se o seu foco é curtir uma música de qualidade desprovida desse ou daquele rótulo, The Shadow Self é uma das melhores escolhas que você fará e lhe garantirá fácil, fácil, um sorrisão de orelha a orelha.
Demons in You, com sua introdução e linhas de guitarra à la Steve Vai e participação da fera Alissa White-Gluz (Arch Enemy), é de longe o momento mais pesado do disco. Innocence fora o primeiro single do disco e traz a pompa das canções clássicas do século XIX, amparada por belas linhas de piano; já No Bitter End, também lançada como single, é vibrante com sua pegada de rock simples e direto, conseguindo harmonizar de forma satisfatória o peso e os momentos de calmaria.
Supremacy, canção da banda britânica Muse, cumpre a cota de cover do álbum, embora seja uma canção bacana pouco acrescenta ao resultado positivo do disco. O holofote fica sob as canções e, lógico, na performance da finlandesa. Ainda não está convencido que The Shadow Self se trata do melhor álbum solo de Tarja? Então, volte sua atenção e ou ouvidos para a intimista e delicada, Living End; a teatral, Diva; a pegajosa, Eagle Eyes, e para a singela, Too Many, e se encontrará cantarolando suas respectivas melodias e refrãos.
Como dito anteriormente, se o seu foco é curtir boa música feita por uma artista competente, The Shadow Self é uma excelente aquisição, no entanto, se seu objetivo é buscar rastros de sua antiga banda, a nova Tarja não é para o seu bico, não.
Tracklist de The Shadow Self:
01. Innocence
02. Demons In You (feat. Alissa White-Gluz)
03. No Bitter End
04. Love To Hate
05. Supremacy (Muse cover)
06. The Living End
07. Diva
08. Eagle Eye
09. Undertaker
10. Calling From The Wild
11. Too Many
Nota: 8