Longe do Rio Grande do Sul desde o longínquo ano de 2000, o guitarrista Steve Vai retorna a Porto Alegre em 2017 para uma tour mais que especial, a comemoração dos 25 anos de lançamento do clássico álbum, Passion and Warfare.
No dia de seu aniversário, um público de aproximadamente 1700 pessoas compareceu à festa do lendário guitarrista que, pontualmente, às 21h entrava no palco do Auditório Araujo Vianna para o show.
A introdução foi com um trecho do filme Encruzilhada (Crossroads) de 1986, que conta com a participação do músico. Steve Vai entra no palco com capuz e um óculos com laser mirando o público, em suas mãos uma guitarra iluminada cheia de estilo. A abertura é Bad Horsie, faixa que também abre o álbum Alien Love Secret.
Já sem o capuz, vem a sugestiva The Crying Machine, do álbum Fire Garden, Steve cumprimenta a plateia dos dois lados enquanto faz sua tradicional Ibanez chorar no palco. Um pequeno solo de bateria e Vai interage com o baterista e com o público, agitando os presentes, e logo vem Gravity Storm, de The Story of Light.
Luzes se apagam e voltam a acender lentamente, Steve está sozinho no palco e aos poucos os outros músicos são revelados para mais uma, a lenta e melódica Whispering a Prayer, faixa de Alive in and Ultra World.
Se o guitarrista não usa a voz em sua carreira musical, ele também não precisa dela para fazer os presentes interagirem, bastou alguns solos e logo todos repetiam com Steve. Um pequeno momento entre solos e plateia e, finalmente, ele fala com todos dando boa noite a Porto Alegre e lendo alguns cartazes, onde um deles fala sobre seu aniversário, ele comenta de comemorar com os fãs, fala que chega aos 57 anos, comenta ainda que: “Esse álbum foi lançado há 17 anos, eu nunca fiz uma tour como essa, tocando esse álbum inteiro, ou seja, esperei a hora certa, as pessoas certas e a audiência certa”, para delírio dos fãs.
Dançando no ritmo da banda, ele apresenta Jeremy Colson na bateria, fazendo movimentos com a cintura ele comenta que sua esposa pergunta por que ele faz isso, ele responde que é por que se sente bem, se sente muito bem. Depois disso, apresenta Dave Weiner, guitarrista de sua banda solo, fala que não se lembrava muito das partes de guitarra deste álbum, mas Dave sabia tudo. Steve Vai agradece também a todos que trabalharam com eles nesses dias no Brasil, diz também que foram fantásticos e cuidaram muito bem de tudo, lamentou ainda ser o último show da tour pelo país e que ainda não sabe quando voltará.
“Agora vou me calar e vamos tocar esse álbum do início ao fim. Brian May vai tocar comigo, mais ou menos isso”, se referindo a primeira participação especial do show através do telão. May aparece no telão para uma performance com Vai, começa então aquele que seria o grande momento da noite, a íntegra de Passion and Warfare. Liberty é a primeira música, Steve ao vivo em POA e Brian no telão fazia o dueto com o guitarrista.
Erotic Nightmares com seus riffs mais pesados e melosos e solos extremamente técnicos agitaram os presentes. The Animal, mais cadenciada e com um bom groove manteve o nível lá em cima. Answers, mais agitada e curta, foi outra que empolgou, e nessa foi a vez de Joe Satriani, que se apresentou no mesmo auditório poucos meses antes, aparecer no telão e fazer o dueto com Vai, inclusive trocando um diálogo como se ele estivesse mesmo ao vivo em um link com Steve.
O vídeo com alguns efeitos onde Joe trocou de roupa e guitarra durante os solos chamou a atenção de todos e arrancou algumas risadas. Certamente um dos pontos altos da apresentação. Sem pausas veio The Riddle, mostrando toda técnica do grupo. O áudio de introdução para Ballerina 12/24 seguiu com a curta canção onde seus sons parecem uma caixa de joias.
O telão mostra um Steve Vai de 27 anos atrás e o clipe de For The Love Of God, uma das mais belas e famosas melodias do guitarrista, tocada com precisão e um feeling todo especial, ela é a mais aplaudida de toda noite, até então.
A sequência é com The Audience Is Listening, o clipe da música é apresentado no telão, onde um pequeno Steve Vai está prestes a se apresentar na sala de aula para seus colegas. Mais um convidado de Vai no telão, agora é John Petrucci, do Dream Theater, que o parabeniza pelos 25 anos do álbum em mais um diálogo com Vai. As milhares de notas e dedilhados de Vai e Petrucci e os riffs marcantes ganham mais uma salva de aplausos do público.
Mais um clipe, agora I Would Love To sendo tocada ao vivo com o vídeo mostrando três fãs do músico na tela ao fundo. Cabe um parêntese especial para destacar o uso do telão, poucas vezes utilizado em shows de rock e metal, cria uma profundidade a mais e toda uma oportunidade de interação.
O show seguiu com Blue Powder, Greasy Kid’s Stuff, Alien Water Kiss e fechando a parte de Passion and Warfare com Sisters e Love Secrets.
Stevie’s Spanking, da época que Vai tocava com Frank Zappa, dá uma mudada no ambiente após a aula de Passion and Warfare. Mais uma vez o telão é utilizado para mostrar Steve e Frank, tocando e cantando enquanto o guitarrista solta a mão nos riffs marcantes.
“Temos mais uma canção para vocês”, hora de mais um clássico, Racing the World, que supostamente iria encerrar a apresentação de mais de duas horas, mas em clima de aniversário, ele volta ao palco para mais uma, Fire Garden Suíte IV: Taurus Bulba. Após essa, a banda toda volta ao palco e pede para todos cantarem feliz aniversário e Steve recebe os cumprimentos de todos os músicos e presentes.
Ao som de Hallellujah, a banda se despede de todos, Vai fala uma última vez com o público: “Eu quero agradecer a todos vocês, não apenas por hoje, mas por todos esses anos, Antes de ir, eu tenho apenas uma pergunta: vocês estão se sentindo bem?” Com um sonoro sim da plateia Steve se dá por satisfeito e fala: “Deus abençoe todos vocês, nos vemos em breve”.
Foram 138 minutos de virtuosismo e melodias dando uma verdadeira aula de como tocar guitarra. Steve Vai é um dos maiores nomes de todos os tempos e ter a oportunidade de vê-lo ao vivo é uma grande satisfação a todo fã de música em geral.