O apogeu criativo do Iron Maiden aconteceu, sem dúvida, na década de 1980! Na época, a banda britânica era simplesmente uma máquina muito bem azeitada de criar memoráveis canções; não havia sequer um acorde, riff ou solo fora de esquadro ou supérfluo. E mais, o direcionamento artístico, bem como os conceitos das obras, eram arranjados de forma cirúrgica, o que foram as perfeitas estruturas para longevidade de sua vitoriosa carreira, que já beira cinquenta anos de atividade.
Uma das obras mais celebradas da banda é o seu sétimo registro de estúdio, Seventh Son of a Seventh Son, que é uma ode ao rock progressivo. O líder do Maiden, o baixista Steve Harris, sempre fora um entusiasta ao som progressivo, tendo como ídolos grupos e artistas do quilate de Genesis, Peter Gabriel, Yes, Jethro Tull, entre outros. Então, cedo ou tarde, Harris iria extravasar toda sua paixão e influência do rock progressivo em alguma obra de sua banda. E o escolhido fora o já citado Seventh Son of a Seventh Son, que completa 35 anos de seu lançamento original.
Inspirado no romance Seventh Son, de Orson Scott Card, o conceito do álbum gira em torno dos poderes sobrenaturais do sétimo filho nascido de um sétimo filho em uma família em que nenhuma mulher nasceu entre os filhos homens. Com isso, as letras das canções, idealizadas por Steve e pelo vocalista Bruce Dickinson, percorrem temas como sonhos, profecias, ocultismo, clarividência e divinação.
Ancorado em saborosas camadas de teclado, arranjos mais ousados, com inserções acústicas e variações rítmicas, e uma dinâmica impecável entre peso e suavidade, as linhas instrumentais soam multifacetadas e arrojadas, provando que a inércia criativa não era uma opção aos músicos.
Em celebração ao clássico Seventh Son, vamos tecer breves comentários sobre as oito canções do clássico disco. Então, vem com a gente!
1. Moonchild
A letra é uma combinação de misticismo e filme terror, pois narra a morte de uma criança. Musicalmente, é bombástica e mostra uma das maiores performances de Dickinson em toda sua carreira musical.
2. Infinite Dreams
O codificador da doutrina espírita, Alan Kardec, ficaria orgulhoso do teor lírico da canção, pois aborda o interessante tema de vida pós-morte. Além disso, ID é uma viagem em diferentes nuances musicais, indo da calmaria à tormenta. Uma obra-prima!
3. Can I Play With Madness
O quê radiofônico pode causar algum espanto aos fãs mais ortodoxos, mas é impossível não ceder aos caprichos melódicos da música. O refrão, por exemplo, é puro deleite musical e objeto de inveja aos maiores nomes do rock e metal.
4. The Evil That Men Do
A sessão rítmica é a grande protagonista em TETMD, com as famosas galopadas de Harris e Nicko McBrain (bateria). O refrão também faz bonito e é um explícito convite aos milhares de fãs cantarem juntos, durante sua execução.
5. Seventh Son of a Seventh Son
Longa e épica! Em quase dez minutos de puro êxtase musical, Steve Harris exteriorizou todo seu apreço pelo rock progressivo, com modulações rítmicas e diferentes matizes harmônicos e melódicos. Uma odisseia progressiva digna aos grandes atores do estilo.
6. The Prophecy
Fundada em inserções acústicas, versos e refrão sedutores e um tom medieval, The Prophecy é uma joia musical que merece muito mais carinho dos fãs e, até mesmo, uma bem-vinda oportunidade no repertório atual da banda.
7. The Clairvoyant
O compasso 4/4 pode passar a errada impressão de ser uma canção simples, no entanto, passa longe disso! A essência de TC é baseada nas guitarras de Dave Murray e Adrian Smith, com solo repleto de ligados e refrão com inserções de tríades. Uma aula e tanto de guitarra!
8. Only the Good Die Young
O grand finale é em alta voltagem, passando ao ouvinte um quê de urgência e vigor instrumental, além disso, vem adornada com dramáticos versos e refrão. Embora seja pouco lembrada pelo público, OTGDY encerra com chave de ouro a obra-prima progressiva da Donzela de Ferro.