“Chaos A.D. abre com a batida do coração de [meu filho] Zyon. É um disco muito especial. É como um momento decisivo para o metal, um daqueles discos que meio que quebrou os moldes do estilo.
Antes de Chaos A.D., tudo era super rápido e agressivo, com Chaos A.D. mostramos que há outra maneira de fazer música agressiva, um pouco mais lenta e mais orientada ao groove como em Territory, Slave New World e Refuse/Resist”, disse Max Cavalera, em entrevista ao programa de rádio Wired In The Empire, da 96.7 KCAL-FM.
A fala do ex-frontman da banda mostra o espírito do tempo em que Chaos A.D. fora concebido, bem como sua vital importância para pluralidade musical da década de 1990. O quinto registro de estúdio do Sepultura é essencialmente a obra que permitiu livre acesso da banda ao concorridíssimo mercado norte-americano e europeu; acesso este no molde de protagonista, e não como um mero coadjuvante.
Os números que Chaos A.D. ostentam são superlativos, pois vendeu, por exemplo, mais de um milhão de cópias em todo mundo. O leitor mais afoito vai afirmar que é uma mixaria, visto que outros nomes da música pesada venderam bem mais cópias.
Bem, estamos falando de uma obra calcada num dos gêneros mais extremos do metal, sem baladas, além disto, se trata de um disco feito por uma “banda forasteira”. E não pense que isso é o tal complexo de vira-lata ganhando forma e presença, pois não é o caso; é apenas a constatação de como o mercado fonográfico funciona – para o bem e ou para mal.
Sendo assim, Chaos A.D. é um álbum que merece respeito, estima e enaltecimento do público, especialmente o de casa. Portanto, como uma simples homenagem, vamos enumerar 5 razões que tornam o disco um dos maiores álbuns do metal brasileiro.
1. Puro sangue brasileiro
No começo de carreira, o Sepultura se consagrou numa simbiose entre thrash e death metal, com forte acento ao som praticado pelos gringos. Contudo, ao longo do tempo, a banda foi se despojando daquela identidade genérica para cunhar seu próprio DNA musical. Chaos A.D. foi o ápice de tal momento.
2. Repertório
Um disco que começa com a trinca matadora formada por Refuse/Resist, Territory e Slave New World já diz a que veio: não deixar pedra sobre pedra! E o resto do material não deixa por menos e vem atacando os ouvidos mais sensíveis sem um pingo de dó e piedade – ainda bem.
3. Produção
A produção de Andy Wallace (Slayer, Rush, Disturbed, Rage Against the Machine, entre outros) une dois desejados fundamentos para a edificação de um caprichado álbum de rock e metal: peso e clareza. Com o talento de Andy, é possível perceber todas as nuances das canções e pescar novos e surpreendentes detalhes.
4. Participação especial
O lendário frontman do Dead Kennedys, Jello Biafra, assina a letra da desgraceira sonora Biotech Is Godzilla. Os versos de Biafra são uma crítica afiada à Conferência do Rio, realizada em 1992.
5. Capa
Não tem como escapar: a capa tem suma importância para um disco de rock e metal. E cá entre nós, quem nunca comprou um álbum baseado somente pela capa que atire a primeira pedra! Bem, a arte de Chaos A. D. foi concebida pelo artista gráfico Michael Whelan, que conseguiu traduzir com maestria os matizes sonoros numa peça distópica e quase profana.
Esse álbum considerado um agregado de valor imenso no cenário mundial devido ao nível elevado da banda no cenário dos ícones do metal