O senso comum prega que a primeira impressão é a que fica. Bem, levando tal máxima ao pé da letra, a banda britânica, Saxon, debutou ontem, 15, em palco carioca, no Vivo Rio, e a primeira impressão fora mais do que excelente, ou seja, algo bem perto da utópica perfeição.
Antes da atração principal, a noite começou com o hard rock bem sacado do grupo paulista, Uncle Trucker, que apresentou temas de seus três álbuns de estúdio e mais surpresas como o cover de Dr. Feelgood, do Mötley Crüe, e Metal Health, do Quiet Riot. O som do Uncle Trucker é direto, sem frescuras e cativante, isto é, tem alguns dos principais predicados para se edificar uma carreira de sucesso.
O pano de fundo para a atual turnê do Saxon é o álbum Thunderbolt, lançado no ano passado, todavia, os clássicos pipocaram por toda apresentação, o que agradou muito os fãs que estavam sedentos por materiais da década de 80. A faixa homônima ao já citado disco fora a responsável por começar o maravilhoso massacre metálico. Sem pausa para retomada de fôlego, Sacrifice eclodiu nos PA’s como uma hecatombe nuclear, representando de forma triunfante o álbum de mesmo nome.
A trinca arrasa quarteirão composta por Wheels of Steel, Strong Arm of the Law e Denim and Leather foi glorificada e mais do que festejada pelo público carioca, que bradou cada verso e refrão, mostrando a Biff Byford (vocal), Paul Quinn (guitarra), Doug Scarratt (guitarra), Nigel Glockler (bateria) e Nibbs Carter (baixo) que as letras estavam na ponta da língua.
E não pense que só os clássicos ganharam recepção calorosa, já que temas mais recentes como a chumbo grosso, Battering Ram; a energética They Played Rock and Roll, que contempla uma merecida homenagem ao trio mais veloz do velho oeste, o Motörhead, e a cadenciada Lionheart encontraram sinergia perfeita com o material antigo dos ingleses.
A essência – ou se preferir, o DNA – da famosa e amada New Wave of British Heavy Metal (NWOBHM) veio nos acordes das avassaladoras The Eagle Has Landed, 747 (Strangers in the Night), Dallas 1 PM, Crusader, Never Surrender e Princess of the Night, que comprovaram que boas canções são atemporais, passam com louvor no implacável teste do tempo.
A ausência do Saxon na capital fluminense até a noite de ontem, 15, é inexplicável, desconhecida e fora de fundamento, todavia, o motivo da felicidade e o sorrisão largo no rosto dos fãs pós-show é muito bem sabido, já que a banda brindou a sua base de fã carioca com uma apresentação irrepreensível. O público e banda foram sublimes em suas respectivas atribuições, então, não tardará para que um novo encontro forjado ao puro metal volte acontecer. Ah, quanto àquela história de que a primeira impressão é a que fica. Bem, se revelou verdadeira e mais do que especial.