Rush: 2112 é o álbum conceitual que caiu nas graças do público

Um dos consensos do mundo do rock é: O Rush é o maior trio de todos os tempos! Ok! Tem outras trincas como Cream, ZZ Top, Anvil, Emerson Lake & Palmer, Nirvana e Motörhead que marcaram de forma incrível os anais da música pesada. No entanto, nenhuma dela fora tão especial quanto o trio canadense formado por Geddy Lee (vocal, baixo, teclado), Alex Lifeson (guitarra) e Neil Peart (bateria).

O currículo do Rush é invejável e os números causam espanto! Numa apuração modesta é fácil chegar na marca de 40 milhões de cópias vendidas, dezenove álbuns de estúdio, onze trabalhos ao vivo, mais de uma dezena de coletâneas, treze home vídeos/DVDs, entre outros números superlativos.

Contudo, o sucesso não foi imediato, o trio não caiu nas graças do grande público instantaneamente. O primeiro trabalho de estúdio, que é homônimo à banda e lançado em 1974, despertou olhares esperançosos dos fãs e, principalmente, dos engravatados da gravadora. Todavia, o som ainda necessitava de burilamento.

O refino começou de forma acirrada no álbum seguinte, Fly by Night (1975), que contou com uma significativa mudança na formação: entrada de Neil Peart, no lugar de John Rutsey. Já com técnica impressionante e uma aptidão incomum como letrista, o músico fora a peça necessária para que o Rush achasse seu lugar próprio no espaço do panteão dos grandes do rock n’ roll.

Mesmo avançando em passos largos musicalmente e liricamente, o trio, aos olhos da gravadora, estava devendo um trabalho que impactasse o público; estava devendo um álbum que fizesse dinheiro e deixasse o pessoal de gel no cabelo rindo à toa. A banda tentou em Caress of Steel (1975), ainda assim não emplacou, na verdade, o disco foi um fracasso sob aspecto comercial, o que deixou Geddy & Cia numa situação complicada, pois o selo queria anular o contrato e investir em outros nomes da música.

A bala da prata! Uma última chance fora dada ao grupo, todavia, haviam condições para isso, e uma delas era fazer um disco comercialmente palatável e que fosse imediatamente absorvido pelo público. Contrariando os avisos e pedidos do selo, a banda concebeu o disco que desejava, e não o encomendado. Complexo, instigante e provocativo, 2112 nasceu com a sede de afrontar as regras e provar que um álbum conceitual podia cair nas graças do grande público.

O enredo digno de deixar diretores de cinema babando de inveja, 2112, que é baseado na obra de Ayn Rand, gira em torno de uma guerra galáctica, cujo o resultado é a união de vários planetas sob a tutela de um governo. Em desacordo com a posição totalitarista do governo, o protagonista indaga sobre sua vida oca, esvaziada de sentido, sem liberdade e sem arte, o que o leva ao triste ato de se matar. Uma das questões levantadas pelo conceito é a sobreposição do coletivo sob o indivíduo.

2112 é uma obra profunda, propõe ao ouvinte, por meio de inúmeras referências literárias e ficcionais, uma odisseia musical e lírica. Sob os parâmetros mercadológicos, o disco foi um sucesso e a sedimentação de uma carreira pautada pelo individualismo criativo do grupo e um não sonoro à pasteurização do coletivo.

No player abaixo, você pode apreciar essa incrível obra do rock progressivo:

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