Como comentei na primeira parte do artigo, o caso de amor entre o rock n’ roll e o cinema é intenso e caloroso, com isso estou citando alguns títulos clássicos que marcaram a juventude de muita gente que gostava do amigo rock, e não se cansava de colocar o velho VHS naquele vídeo cassete quatro cabeças com o som mono, o que acabava sendo um mero detalhe em vista do barato que era assistir aos filmes com os amigos e prestigiar, ainda mais, a banda e o estilo.
Bem, nessa segunda parte mencionarei alguns longas que genuinamente mantêm a cumplicidade entre as duas artes. Já destaco de primeira o Rock Star (2001 – direção de Stephen Herek) – cujo enredo se baseia na vida de um cara que trabalha em um escritório como técnico de impressoras e que nas horas vagas ataca de vocalista numa banda cover e, lógico, sonha com uma oportunidade no show business.
Como a vida é bela só nos filmes, o vocalista do grupo cover consegue a tão esperada oportunidade na banda de seus sonhos, tendo chance de experimentar todos os prazeres e desprazeres de estar na estrada com uma banda de rock famosa. O filme vale mais ainda pela presença ilustre do mega famoso guitarrista Zakk Wylde; do baterista Jason Bonham e o baixista Jeff Pilson na fictícia banda Steel Dragon.
School of Rock (2003 – direção de Richard Linklater) – Escola do Rock – é a história do músico, Dewey Finn, que está na pior quando se vê expulso da banda em que toca. E para piorar tudo, Finn está falido e sem grana, rachando apartamento com seu camarada, Ned Schneebly, que trabalha como professor substituto em escolas tradicionais. Desesperado por dinheiro e aceitando qualquer coisa por um troco, Dewey se passa pelo amigo Ned num desses trabalhos temporários, onde acaba conhecendo uma turma muito especial e, lógico, talentosíssima, o que foi a deixa para Dewey esquecer as matemáticas e literaturas da vida, e ensinar as grandes lições do rock e se tornar, junto à banda de crianças, um músico/professor de rock famoso.
Almost Famous (2000 – direção de Cameron Crowe) – Quase Famosos – é um dos poucos filmes que conseguiu tratar a década de 1970 sem abusar do famigerado clichê: sexo, drogas e rock n’ roll. Com riqueza de detalhes conta a história de um menino de 15 anos que consegue o trabalho na conceituada revista Rolling Stone. Além do empregão, o moleque consegue acompanhar e escrever sobre sua banda favorita, Stillwater.
Há alguns títulos que podem assustar um pouco os mais desinformados como Little Nicky – Um Diabo Diferente (2000 – direção de Steven Brill) – que conta, com muito bom humor e bons diálogos, a história do filho mais novo do diabo (Nicky), que se vê em grandes apuros quando seus dois irmãos mais velhos querem tomar o poder de seu pai (Diabo) para formar um reino realmente do mau. Com a ajuda de um cachorro para lá de figura e mais alguns amigos, dentre eles o velho Ozzy Osbourne, Nicky tenta impedir a maldade de seus irmãos. Vale notar a trilha do filme com AC/DC e Scorpions.
Eu Te Amo, Cara (2009 – direção de John Hamburg) – retrata a vida de Peter Klaven, um rapaz de meia idade que está com pé no altar, mas encontra um probleminha: não tem amigos, ou seja, não tem um candidato a padrinho. O problema se soluciona quando Peter conhece o simpático Sydney Fife, e, juntos, constroem uma amizade bem bacana, e que acaba aumentando pelo amor dos dois pela banda Rush. O enredo do filme é legal, mas o grande diferencial vão para participação do Rush tocando Limelight e para as partes que os amigos falam sobre a banda.
Outro filme que acaba sendo item obrigatório na coleção de qualquer fã de rock é o Tenacious D: The Pick of Destiny (2006 – direção de Liam Lynch), que conta a empreitada de dois jovens fracassados em busca do sucesso no meio musical depois de um deles ter tido a visão de como conseguir o tão almejado reconhecimento no meio. O detalhe é que eles precisam encontrar a Palheta do Destino, no Museu do Rock, o que não é nada fácil. O filme tem a ilustre presença do saudoso Ronnie J. Dio para abrilhantar ainda mais o filme.
Alguns documentários são referência para o universo do rock como Metal: A Headbanger’s Journey (2005 – direção de Sam Dunn e Scott McFayden), onde o antropólogo Sam Dunn embarca no mundo da música pesada colhendo depoimentos das principais figuras do meio, mostrando a origem do estilo, as subdivisões, censura e preconceito e o poder da música na vida dos fãs.
Global Metal (2008 – direção de Sam Dunn e Scott McFayden) também de Sam Dunn aposta na temática do movimento underground e no impacto da globalização do heavy metal e como diferentes culturas como a brasileira e israelense consomem e transformam o rock a partir de seu background cultural.
A dupla de diretores Sam e Scott ainda foram os responsáveis por Iron Maiden: Flight 666 (2009), que mostra o dia a dia da banda britânica Iron Maiden na turnê mundial Somewhere Back in Time Tour e o impecável Rush: Beyond the Lighted Stage (2010) que conta os pormenores da carreira de uma das maiores e mais queridas bandas de rock do planeta.
Anvil: The Story of Anvil (2008 – direção de Sascha Gervasi) é a história do trio canadense Anvil e a sua real luta para continuar firme no competitivo e, muitas das vezes, injusto e desleal show business. Além disso, mostra o amor dos músicos pela sua arte e pelo seus fãs.
Destaco ainda outros temas como Metallica: Some Kind of Monster (2004 – direção de Joe Berlinger e Bruce Sinosfky); The Decline of Westers Civilization Part 2 – Metal Years (1988 – direção de Penelope Spheeries); Heavy Metal Parkin Lot (1986 – direção de John Heyn e Jeff Krulik); Until the Light Takes Us (2009 – direção de Aaron Aites e Audreys Ewell); Lemmy (2011 – direção de Wes Orshoski e Greg Olliver); Let’s Rock Again (2004 – direção de Dick Rude) – documentário sobre a carreira do maluco de plantão Joe Strumer; Control (2007 – direção de Anton Corbijn) – longa sobre o vocalista da banda Joy Division, Ian Curtis, e The Rolling Stones Rock and Roll Circus (1966 – direção de Michael Lindsay-Hogg) – filme/show dos Stones com a participação do The Who e Jethro Tull.
Como exposto no começo do artigo, há inúmeros títulos que se debruçam sobre o duradouro casamento entre o rock e o cinema. Com isso, muitos filmes e documentário que juntam as duas expressões artísticas ficaram sem menção, no entanto, em uma procura mais minuciosa os fãs encontrarão, sem sombra de dúvida, materiais que lhe garantirão boas horas de diversão.