Radar RockBizz: Ozzy Osbourne – Let The Madness Begin

Em 41 anos de empreitada solo, o eterno madman, Ozzy Osbourne, coleciona onze trabalhos de estúdio inéditos, um álbum de cover, cinco registros ao vivo e outros tantos números de coletâneas, o que é um feito para pouquíssimos nomes da indústria fonográfica.

Com prodígios do cenário musical como os guitarristas Randy Rhoads e Zakk Wylde, repertório por muitas vezes irrepreensível e impecável e, claro, boas doses de loucura, carisma e bizarrice, Ozzy passou por cima de inúmeros modismos do ‘show business’ e se firmou, merecidamente, como um patrimônio vivo da música contemporânea.

Imbuído de um trabalho de curadoria, o RockBizz propõe ao leitor um breve guia da produtiva carreira do Príncipe das Trevas. Então, Let The Madness Begin.

Comece com: Blizzard of Ozz (1980)

Depois de sua demissão do Black Sabbath, Ozzy foi rotulado por muitos – e por si mesmo, diga-se – como o fracasso em forma de pessoa, no entanto, a empresária Sharon Arden, que futuramente se tornaria a Mrs. Osbourne, viu, ainda em meio aos invólucros das bebidas e drogas, uma joia rara esperando por lapidação.

Ao mesmo tempo que tentava manter algum eixo de sanidade e saúde em Ozzy, Sharon montou um time de primeira – a saber: Randy Rhoads (guitarra), Bob Daisley (baixo) e Lee Kerslake (bateria) – para acompanhar o Madman em sua primeira empreitada solo, intitulada Blizzard of Ozz.

O álbum, que é um dos pilares do heavy metal oitentista e fonte de inspiração e pesquisa a todo e qualquer aspirante a músico, se mostrou a cartada certeira, já que fora bancado por clássicos atemporais como Crazy Train, I Don’t Know, Mr. Crowley e Suicide Solution. Faixa de destaque: Mr. Crowley

Depois experimente: No More Tears (1991)

Começo da década de 1990, o Prince of Darkness colocou no mercado seu trabalho mais comercial de toda a carreira. E não pense que esse adjetivo comercial esteja impregnado de maledicência e desaprovação, pois não é o caso.

O disco foi meticulosamente composto e arranjado, ou seja, não há nada fora de esquadro em No More Tears. Além disso, é fácil perceber o capricho que cada músico dedicou a sua performance, em outros termos, erro não era uma opção em NMT.

As baladas Mama, I’m Coming Home, Time After Time e Road to Nowhere, por exemplo, encontram o contrapeso em temas mais intensos como Mr. Tinkertrain, Hellraiser e a faixa-título.

O sucesso do álbum fora tão arrebatador que rendeu a Ozzy o Grammy de Best Metal Performance com a música I Don’t Want to Change the World. Faixa de destaque: No More Tears

Não Perca: The Ultimate Sin (1986)

Massivamente criticado por Ozzy e adorado pelos fãs! The Ultimate Sin é o quarto trabalho solo do vocalista e se mostra um oásis aos apaixonados por guitarra, já que o nível das composições, solos e riffs forjados por Jake E. Lee beira à perfeição. As letras bem sacadas de Bob Daisley primam pelo deboche com pitadas de ironia para tratar temas indigestos como guerra.

É fato que o Príncipe das Trevas surfou a onda do hard rock oitentista com visual glam e som vibrando com um quê pop, distanciando, pois, do visual sombrio e soturno de outrora.

Com certeza, a sequência com Killer of Giants, Lightning Strikes, Never Know Why e Shot in the Dark fará o ouvinte empunhar sua infalível ‘air guitar’ ou mesmo desempoeirar sua velha Ibanez para acompanhar os licks de Mr. Lee. Faixa de destaque: Killer of Giants

Também Recomendamos: No Rest for the Wicked (1988)

Sem medo de arriscar em colocar um moleque de 19 anos para ser seu braço direito na banda, Ozzy recrutou o prodígio Zakk Wylde para dar vida a seu último trabalho de estúdio da década de 1980.

Na época, os engravatados do mercado ditavam que as músicas deveriam ter poucos e econômicos solos de guitarra, já que, segundo tais falsos gurus do mercado musical, o público não curtia.

Ledo engano! O sucesso de sons como Miracle Man, Devil’s Daughter (Holy War), Fire in the Sky e Demon Alcohol vem da afiada Gibson Les Paul Bullseye de Mr. Wylde. Faixa de destaque: Devil’s Daughter (Holy War)

Vale A Pena Escutar: Ozzmosis (1995)

Cansado da aposentadoria e entediado com a programação da TV britânica, o Madman convocou alguns velhos amigos como Geezer Butler, Deen Castronovo, Rick Wakeman, Lemmy Kilmister, Steve Vai e Zakk Wylde para dar vida ao seu sétimo trabalho de estúdio.

Flertando peso, melodias grudentas e um bem-vindo quê sombrio em todo repertório, o discou provou que o vocalista estava mais vivo e ativo do que nunca. Temas como Perry Mason, Thunder Underground, Tomorrow e My Jekyll Doesn’t Hide atestam o poderio sonoro do disco. Faixa de destaque: Tomorrow 

Fora Da Curva: Black Rain (2007)

O álbum comete o pecado capital de soar o Black Label Society – banda solo de Zakk Wylde – com Ozzy nos vocais, ou seja, boa parte, quiçá toda, a identidade musical do vocalista é soterrada pelos riffs modernosos e solos à la BLS.

O trabalho até tenta convencer o ouvinte que há momentos de genialidade, entretanto, o máximo que encontrará no fã é um sorriso amarelo e sem graça em sons como I Don’t Wanna Stop, Not Going Away e faixa-título. Faixa de destaque: I Don’t Wanna Stop

Evite: Ordinary Man (2020)

Ordinary Man é um crime inafiançável contra a carreira e legado do Madman. No décimo primeiro álbum de músicas inéditas de sua carreira solo, Ozzy conseguiu a proeza de reunir em onze canções um emaranhado de acordes e melodias perdidas, evidenciando que a tônica do trabalho é o desleixo, apatia e desmazelo.

O álbum, que possui apenas na pesada Straight to Hell e na balada All my Life os seus momentos menos lastimáveis, consegue façanha de soar pior que o insosso e frio Scream, lançado em 2010.

Em Ordinary Man, Ozzy trabalhou com um time de qualidade duvidosa, Duff McKagan (baixo, Guns n’ Roses), Chad Smith (bateria, Red Hot Chili Peppers) e Andrew Watt (guitarra) não deram conta do recado, com performances que beiram o amadorismo.

Nem a participação especial de nomes celebrados como o talentoso Elton John e o superestimado Slash conseguiram trazer um vislumbre de luz ao completo blecaute criativo do disco.

Em um universo paralelo ou numa realidade alternativa, Ordinary Man foi composto por um time de primeira formado pelos já citados guitarristas Zakk Wylde e Jake E. Lee, baixista e letrista Bob Daisley, baterista Tommy Aldridge e, claro, o Príncipe das Trevas, provando que o atual trabalho do Madman faz frente aos clássicos oitentistas. Faixa de destaque: Straight to Hell

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