Pink Floyd: 5 joias musicais de The Division Bell

No começo da década de 1980, o Pink Floyd, definitivamente, não vivia seu melhor momento. O relacionamento entre os músicos estava mais azedo do que coalhada vencida, tudo era motivo de briga e homéricas discussões. Então era questão de tempo que o ambiente insalubre desandasse de vez em meados da década e o inevitável acontecesse: a dissolução da formação tida como clássica, pois deu vida aos clássicos como The Dark Side of the Moon (1973), Wish You Were Here (1975), Animals (1977) e The Wall (1979).

Com isso, duas forças antagônicas ficaram se digladiando pelo direito do nome Pink Floyd: De um lado era David Gilmour, Richard Wright e Nick Mason; na outra ponta era apenas Roger Waters. Embates jurídicos aos montes, acusações e impropérios de cunho pessoal e profissional, brigas por meio da mídia e falas ácidas no melhor estilo humor britânico era a mais básica e branda contenda entre os músicos.

Depois de muitos honorários pagos aos advogados, a turma representada por Gilmour levou a melhor e ficou com direito de usar o nome Pink Floyd. E para provar que o grupo não vivia sob a sombra criativa de Waters, David e companhia colocaram na praça o álbum A Momentary Lapse of Reason, em 1987. Embalados por sons como Learning to Fly, Sorrow e On the Turning Away, o trabalho fez barulho e tratou de calar a boca de um bocado de gente que desejava o fracasso do disco.

Apesar de superado o obstáculo de lançar o primeiro registro de estúdio sem Waters, o grupo ainda precisava lidar com a desconfiança que vez ou outra os fãs endereçavam a atual formação. A vontade de entregar um álbum que ousasse os limites criativos fora um dos motores que impulsionou a criação e, consequentemente o sucesso de The Division Bell.

Além do mais, o timing do álbum não poderia ser melhor, pois o mercado musical experimentava uma ressaca das brabas do já praticamente extinto grunge e ainda precisava lidar com o desleixo da música alternativa que também começava agonizar e dar sinais que sua vida seria abreviada breve, breve.

Então, a carência de uma obra musical caprichada era mais do que sentida, na verdade, precisava ser saciada e satisfeita. A atenção aos pormenores dos arranjos precisavam voltar à pauta do dia. Os solos de guitarra memoráveis e os timbre e arranjos pomposos estavam fazendo muita falta, assim como o conteúdo lírico criativo e sofisticado.

Há uma parcela dos fãs do grupo, principalmente os bichos-grilo do rock progressivo, que só conseguem encontrar valor em discos como The Piper at the Gates of Dawn (1967), A Saucerful of Secrets (1968) e Ummagumma (1969). Então, de certo que esse texto não vai deixar essa turminha pulando de felicidade. Mas, caso curta os trabalhos pós-Waters, embarca com a gente nessas 5 joias de The Division Bell.

Poles Apart

O quê soturno e sombrio presente na canção completam os suaves versos cantados por Gilmour. É uma alquimia musical que só dão certo nas mãos de pessoas gabaritadas e óbvio que na responsabilidade de Mason, Wright e Gilmour tais ingredientes se tornaram um clássico do progressivo.

Keep Talking

No esquema pergunta e resposta, os versos são cantados por David e pelo coral feminino. O som conta também com falas do professor e físico teórico, Stephen Hawking, e um solo de guitarra realizado com talk box.

Wearing the Inside Out

Cantada por Richard Wright, WTIO esbanja elegância no solo de guitarra, nas inserções de vocais femininos e na adição de linhas de saxofone. Quer fazer bonito numa tarde de queijos e vinhos? Coloca essa música no player, pois combina perfeitamente.

Marooned

A canção é instrumental e vem recheada da mais pura genialidade guitarrística de Gilmour. Usando e abusando de bends expressivos e efeitos como oitavador e harmonizer, a música cativa da primeira à última nota.

High Hopes

Refrão belíssimo, solo acústico e solo em pedal steel guitar são alguns dos pontos de destaque da faixa que encerra com chave de ouro o único trabalho de estúdio da banda na década de 1990.

9 comentários em “Pink Floyd: 5 joias musicais de The Division Bell”

  1. Quando ouvir pela primeira vez esse disco. Me trouxer uma satisfação tão grande passei se fã do grupo. Aquelas músicas do division Bell. Me acalmava e me trazia paz.

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  2. Excelente abordagem fundamentada na excelência musical das faixas analisadas. Fica a sugestão, numa outra matéria, fazer a análise da arte conceitual das capas dos discos na era pos-Waters. A evolução também se revela nítida… Abs.

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