Durante anos, tanto o público como a crítica se referiam a Phil Collins como um mero baterista promovido a vocalista. Contudo, o músico, em carreira solo e no Genesis, deu um jeito de afrontar a crítica, provar que as línguas ferinas deveriam ficar caladas ruminando o próprio veneno e testemunhando o mundo caindo em suas graças.
Criado na coxia de teatro, Phil sempre teve muita intimidade com as artes; desde cedo já mostrava uma ligação com o complexo ofício de entreter. A bateria fora o instrumento escolhido para manifestar sua aptidão musical, apesar de ter, mesmo em tenra idade, intimidade com o lado melódico da 1ª arte.
No Genesis, Collins, durante os primeiros anos, não compunha, deixava o ofício para os camaradas Peter Gabriel (vocal), Mike Rutherford (guitarra), Steve Hackett (guitarra) e Tony Banks (teclado); o baterista ficava mais reservado, dando conta apenas do que lhe era requisitado.
A partir de Selling England by the Pound, de 1973, que Phil começou a colaborar com o processo de composição, mas nada muito expressivo. Depois da saída de Peter Gabriel e o decisivo fato de ter assumido o vocal do Genesis, o perfil compositor do músico foi tomando mais corpo, o seu lado emotivo fora ganhando mais espaço, o que é facilmente percebido em sons como Follow You Follow Me, de 1978.
A saída de Steve Hackett também fora determinante para que Phil ganhasse ainda mais espaço na seara criativa do grupo. Assim, o vocalista mostrou sua desenvoltura como criador de hits em temas como Misunderstanding, No Reply at All, Man on the Corner, Mama e That’s All.
Contudo, Collins deixou fluxo emocional e criativo correr livre, sem julgamentos de produtores, empresários, mídia e público, em sua carreira solo, que teve o pontapé inicial em 1981. De primeira, o inglês emplacou um mega sucesso com In the Air Tonight, o que lhe deu pique e estamina para criar mais sons e sem medo de olhares tortos.
O lado romântico e brega de Collins encontrou perfeito equilíbrio com a sua porção festiva, assim sons como Sussudio, One More Night, Don’t Lose My Number e Take Me Home ganharam as FM’s em todo o globo.
Com mais confiança em seu processo criativo, o artista chegou com tudo na sessões de Invisible Touch, do Genesis. Hits atemporais como In Too Deep, Tonight, Tonight, Tonight e a faixa-título são de autoria do cantor, que estava voando alto nas paradas de sucesso com o grupo e em carreira solo.
O ápice de sua trajetória solo veio com multiplatinado, …But Seriously; álbum recheado e embalado por clássicos do quilate de Do You Remember? e Another Day in Paradise. Tais canções são do tipo que te rende já na primeira audição e firmam moradia em nossas cabeças pelo resto de nossas vidas – o que é ótimo, diga-se de passagem.
Nos anos 90, Phil fez bonito em seu quinto registro solo, Both Sides, que teve a açucarada Everyday, no entanto, os anos de entrega ao rock n’ roll começaram a cobrar uma conta essencialmente salgada, e a carreira solo fora perdendo o vigor. Na jurisdição do Genesis, as coisas também não caminhavam as mil maravilhas, com isso, em 1996, Phil passou no RH e assinou a rescisão de contrato.
Os caras do Genesis: Phil, Mike e Tony ainda voltaram a tocar juntos anos depois, e a carreira solo do vocalista também teve certa movimentação.
Porém, o ponto aqui fora repassar brevemente a carreira de Collins e declarar que Phil foi muito mais do que um baterista promovido a vocalista; ele foi um dos maiores artistas de nosso tempo, que deve ser prestigiado por todos nós, e sem moderação.
Isso mesmo. Phil ultrapassou e muito. É um artista completo e suas músicas só fizeram sucesso estrondoso porque são ótimas. Tanto no Genesis como solo sempre com qualidade acima de qualquer coisa. Os discos solos e as músicas lado b são excelentes sempre com o aspecto fundamental do rock, bateria, guitarra e baixo funcionando muito bem. Parabéns pelo texto