A célebre e icônica frase do madman Ozzy Osbourne: Let the Madness Begin (que comece a loucura, em uma tradução livre) ecoou ontem (20) pela última vez na capital fluminense dando o ponto final na perna brasileira da No More Tour 2. O sentimento dos fãs que compareceram à Jeunesse Arena era um misto de alegria, êxtase, euforia e com pitadas amargas de despedida, uma vez que Ozzy jurou de pé junto que o atual giro mundial é o seu último, ou seja, era a apresentação derradeira do Madman para o público carioca.
Com o palco ornamentado com uma pomposa cruz separando o telão no fundo do palco, onde vinculava imagens de acordo com o teor de cada canção; imponente muralha de amplificadores nos dois lados do praticável da bateria e um hipnótico jogo de luzes, Ozzy Osbourne e seus meninos – Zakk Wylde (guitarra); Tommy Clufetos (bateria); Rob “Blasko” Nicholson (baixo) e Adam Wakeman (teclado) – encontraram o ambiente perfeito para desfilar alguns dos maiores clássicos do eterno comedor de morcego.
De praxe a peça erudita de Carl Orff, Carmina Burana, é a introdução e o prenúncio de que o bicho vai pegar logo, logo, e de tal forma se sucedeu quando os primeiros acordes de Bark at the Moon ressoaram pela Jeunesse Arena e convidaram os fãs, já em alvoroço, a cantarem cada verso e refrão da canção. Com breve cumprimento ao público e esbanjando seu peculiar, cativante e envolvente carisma, Osbourne saca, sem piedade dos ouvidos mais sensíveis, a majestosa e pesada Mr. Crowley, que ressaltou a bela atuação do já citado guitarrista Zakk Wylde.
É importante realçar e pontuar a atuação dos músicos que acompanham Ozzy, onde a energia de cada batida e virada de Clufetos; a performance intensa de Blasko e a classe e elegância inglesa de Wakeman são ingredientes imprescindíveis para que o show seja o suprassumo que é.
Já o viking que debulha as seis cordas é a peça chave que estava faltando nos últimos tempos na banda de Osbourne para que o nível se elevasse ainda mais. Sem desmerecer os guitarristas antecessores, mas Wylde está no seleto hall dos músicos de alta performance, onde predicados como excepcional e brilhante se tornam necessários e capitais a cada solo e riff proferido por seu instrumento.
E uma boa prova que a afirmação anterior tem fundamento e não está fora de esquadro veio com a bela execução de I Don’t Know, No More Tears e War Pigs, que teve solo final estendido para que Zakk brilhasse bem perto do público, indo ao pit de fotografia e de lá derreter as cordas de sua guitarra com frases na velocidade da luz, o que levou os fãs ao completo delírio.
O dono da festa é sem dúvida Ozzy Osbourne, e mesmo dando as suas já esperadas desafinadas e sua prostração no centro do palco para ler o TP (Teleprompter – equipamento onde mostra o texto a ser lido pelo repórter, mas no caso do Madman são as letras das músicas) é unânime em carisma, simpatia e carinho com seus fãs, distribuindo sorrisos, beijos e palavras de agradecimento aos montes durante toda a apresentação.
Ainda que curto, onde totaliza algo em torno de oitenta minutos de música, o show mantém a vibração e o clima em alta, já que é impossível ficar com uma cara apática e indiferente em sons como I Don’t Want to Change the World; Shot in the Dark; Suicide Solution; Fairies Wear Boots; Road to Nowhere; Crazy Train e até mesmo no medley instrumental de Miracle Man/Crazy Babies/Desire/Perry Mason.
O ‘encore’ foi com a encantadora e emotiva Mama, I’m Coming Home, que relembrou, pela última vez, os cariocas o quão excelente é o álbum No More Tears. O ponto final não poderia ser diferente, o clássico atemporal do Black Sabbath, Paranoid, incendiou o público carioca e encerrou a quinta passagem de Ozzy Osbourne com sua banda solo na capital fluminense.
A bola fora a não execução da canção Flying High Again, que estava sendo tocada nos outros shows da No More Tour 2. Além disso, o repertório poderia ter sido encorpado com mais uma ou duas canções do quilate de Over the Mountain e Killer of Giants, que, com certeza, os fãs não ligariam chegar em casa uns minutinhos mais tarde por conta desses ótimos e prazerosos ‘atrasos’.