Em 1980, Ozzy Osbourne lançou Suicide Solution, uma canção que – ao contrário dos pensamentos de cristãos conservadores mal informados – alertava sobre os perigos de beber até morrer. Pouco menos de uma década depois, o Madman corria sério risco de sofrer esse mesmo destino.
Em uma década definida em grande parte pelo excesso e hedonismo, Ozzy havia saído dos trilhos em grande estilo. As histórias de suas desventuras chegaram às manchetes dos tabloides, mas a realidade era bem menos glamorosa. Em sua autobiografia I Am Ozzy, de 2009, o Madman afirmou que suas loucuras como morder morcego, fazer xixi no Álamo e cair de bêbado todo santo dia estavam consumindo sua vida e sua família. O ápice de sua piração, entretanto, veio em 3 de setembro de 1989, quando tentou assassinar sua esposa Sharon Osbourne.
O episódio aconteceu pouco tempo depois de Ozzy voltar do Moscow Peace Music Festival! O cantor, guiado por drogas e bebidas, atacou Sharon e tentou estrangula-la. O músico acabou numa cela fria da delegacia de Amersham, na Inglaterra. Depois de recobrar o juízo, ele não se lembrava do incidente, mas ficou com muito medo em saber que esteve perto de matar o amor de sua vida. Sharon acabou retirando as acusações contra o marido, mas deixou claro: a bebedeira tinha que acabar.
O Príncipe das Trevas começou a década de 1990 na reabilitação, planejando se livrar do alcoolismo e se reconectando com sua família, que havia sido aterrorizada e negligenciada na década anterior. Não apenas fisicamente, mas também no sentido musical, Ozzy se esforçou para garantir que seu sexto disco solo o colocasse de volta ao topo do heavy metal.
Apesar de toda a escuridão e energia negativa de tempos anteriores, a gravação de No More Tears foi surpreendentemente suave e divertida. As pegadinhas no estúdio entre os músicos era constante e garantiram um clima ameno e festivo ao trabalho.
Concebido como o álbum mais maduro de Osbourne, No More Tears contou com o trabalhos dos produtores John Purdell e Duane Baron, profissionais que tiveram uma grande atuação nos arranjos das canções, além disso, garantiram um quê pop ao trabalho.
Liricamente, o álbum é soberbo e trata temas indigestos e sinistros como pedofilia (Mr. Tinkertrain) e serial killer (No More Tears) de forma séria e franca. O lado emocional de Ozzy veio com a balada Mama, I’m Coming Home, que fora co-escrita com o saudoso Lemmy Kilmister, do Motörhead.
Em suma, No More Tears é um disco colossal e com grande impacto na vida pessoal de Ozzy. O trabalho fora imprescindível para que o cantor colocasse um ponto final nos incontáveis equívocos e mais sinistros tropeços de sua vida pessoal.
No More Tears em números
O disco é platina quádrupla nos Estados Unidos! Ou seja, NMT já bateu a marca de quatro milhões de cópias vendidas, segundo a RIAA (Associação Americana da Indústria de Gravação). No More Tears também fez muito bonito nas paradas! O álbum alcançou a sétima posição da Billboard, dentre outras paradas ao redor do planeta.
Premiação
A segunda faixa do disco, I Don’t Want to Change the World, faturou o Grammy de Melhor Performance de Metal, em 1994, desbancando, por exemplo, Iron Maiden, com Fear of the Dark (Live), e Megadeth, com Angry Again.
Por Rich Hobson
Fonte: Louder Sound