Parece uma loucura e falta de coerência com a realidade, mas o eterno madman, Ozzy Osbourne, enfrentou um bocado de ceticismo e descrédito da gravadora e indústria fonográfica na época do álbum No More Tears. Vale lembrar que no final da década de 1980, Ozzy, ainda que mantivesse boa qualidade em seus discos como em No Rest for the Wicked (1988), fazia questão de sustentar a postura sexo, drogas e rock n’ roll, e mais boas doses de presepadas e algumas passagens pela polícia como a vez que atentou contra a vida de sua esposa e empresária, Sharon Osbourne, ou seja, para os negócios Ozzy era um grande ponto de interrogação, já que, de uma hora para outra, poderia tomar alguma decisão atrapalhada, o que faria os homens engravatados da indústria musical perder os seus amados dólares.
Em entrevista à revista britânica Metal Hammer, um dos produtores do disco, Duane Baron, comentou que ninguém da indústria fonográfica queria trabalhar com Osbourne, na época. “A gravadora me telefonou e perguntou sobre as demos [de No More Tears]. Eu tinha curtido muito a direção das canções, mas eles odiaram, com isso, acabei sendo demitido por eles”. Depois do mal entendido entre Baron e a gravadora, o produtor fora readmitido e voltou a trabalhar no material de NMT ao lado de seu parceiro, John Purdell.
A insatisfação da gravadora, que lavou as suas mãos em relação ao direcionamento do disco, foi, de certa forma benéfica, já que não houve interferência do selo e os produtores puderam trabalhar de forma mais harmônica com os músicos.
“John Purdell e Duane Baron foram fundamentais quando se tratava dos arranjos”, disse Ozzy em bate-papo com a Metal Hammer. “Sabíamos que tínhamos que ir com tudo se quiséssemos que o disco fosse tocado nas rádios. Eu tinha muito a provar”, pontuou o vocalista.
Uma das provas que Ozzy e No More Tears passaram com êxito fora, por exemplo, o conteúdo lírico do álbum, que passou a ser mais sério e sombrio, tocando em assuntos indigestos como assassinos em série (No More Tears), pedofilia (Mr. Tinkertrain), e em temas mais emocionais como a saudade de casa (Mama, I’m Coming Home). É importante frisar também que o trabalho lírico do disco fora idealizado pelo líder do Motörhead, Lemmy Kilmister.
Apesar das descrenças gerais, Ozzy, Zakk Wylde (guitarra), Randy Castillo (bateria), John Sinclair (teclado), Bob Daisley (baixo), Mike Inez (baixo) e os produtores John e Duane conseguiram realizar o trabalho e lançar, em 17 de setembro de 1991, um dos mais celebrados e importantes álbuns da carreira solo do Príncipe das Trevas. E mais, o Madman provou a sua relevância ao mercado musical, deixando muitos dos céticos boquiabertos, uma vez que o sucesso alcançado pelo clássico No More Tears foi arrebatador.
Utilize os players abaixo para curtir os clipes de No More Tears, Mama, I’m Coming Home, Road to Nowhere, I Don’t Want To Change The World, Mr. Tinkertrain e Hellraiser.
Caso queira curtir o álbum na íntegra, acesse o player a seguir: