Em nova entrevista à revista Rolling Stone conduzida pelo jornalista Andy Greene, o baixista e compositor Bob Daisley (Ozzy Osbourne, Rainbow, Uriah Heep) relembrou as gravações de icônicos álbuns de Ozzy como Bark At The Moon (1983), The Ultimate Sin (1986) e No Rest For The Wicked (1988).
É importante explicar que Bob sempre fora figura de extrema importância na edificação da carreira solo de Ozzy. Daisley foi um dos principais letristas e compositores que já trabalhou com a família Osbourne, no entanto, em vários momentos, o músico não fora creditado como autor e/ou co-autor das canções, já que o acordo entre Bob e os Osbournes, em muitas das vezes, era de obra encomendada, ou seja, o músico compunha as músicas e as vendia para o empresariamento do artista.
Sobre Bark At The Moon: “Bark at the Moon era para ter sido com Randy [Rhoads, guitarra], Tommy Aldridge [bateria], eu e Ozzy, e talvez Don Airey [teclado]. Mas, no começo de 1982, Randy morreu naquele desastre aéreo, no dia 19 de março, o fez a gente colocar tudo em compasso de espera. Depois disso, chegou Jake E. Lee [guitarra] e foi quando fizemos Bark At The Moon”.
Em outro trecho da entrevista, Bob fala sobre o fato das músicas e letras de Bark At The Moon virem creditadas somente a Ozzy Osbourne.
“Eu não posso falar por Jake, já que não sei qual era a situação dele. A minha era que recebi uma quantia pelas músicas. Ou seja, eu simplesmente era pago para fazer as músicas e tocá-las, mas não tinha crédito nenhum por escrevê-las, o que foi bem difícil engolir. Mas não posso reclamar disso, embora parecesse horrível quando o álbum saiu e estava lá: ‘Todas as músicas escritas por Ozzy Osbourne'”.
Bob Daisley também comentou que o processo de composição e gravação do disco The Ultimate Sin não fora nada agradável, já que Ozzy estava instável pelo uso excessivo de drogas e álcool.
“Jake e eu estávamos reunindo material em Palm Springs [Califórnia, Estados Unidos]. Tommy Aldridge ainda estava na bateria. Já Ozzy estava no Betty Ford Center para reabilitação de drogas e álcool. Ele saía apenas um dia [da semana] para ensaiar. Então, era principalmente Jake e eu para fazer as músicas e tal.
Pouco depois, Tommy saiu da banda para se juntar ao Whitesnake. E na maior parte dos ensaios Ozzy não aparecia, com isso, era eu e Jake e vários outros bateristas.
[Após a internação] Ozzy começou a beber de novo, fumar maconha e ter umas atitudes inconvenientes, já que ele queria fazer muitas mudanças, o que me irritou bastante. Aí, eu falei para ele: ‘Se você não está feliz com isso e quer fazer mudanças, talvez você devesse ter ido aos ensaios’. Ele ficou muito puto e me demitiu. Mas seis semanas depois ele me ligou falando que tinha um novo baixista [Phil Soussan] e me chamou de volta.
[O álbum] foi produzido por Ron Nevison, mas não acho que ele tenha feito um bom trabalho. Ele era um cara meio estranho. As primeiras tiragens do disco eu não recebi nenhuma menção. Nada! O primeiro meio milhão ia e vinha sem os meus créditos. Depois eles consertaram e continuaram vendendo, mas o primeiro meio milhão saiu sem os meus créditos”.
Já a experiência de fazer o álbum No Rest For The Wicked, reservou a Daisley momentos mais agradáveis. Além disso, o baixista destacou o trabalho ao lado do prodígio, na época, claro, Zakk Wylde.
“No Rest For The Wicked foi uma boa experiência. Eu gostei muito. Isso foi em 1987. Eu co-escrevi todas as músicas com Zakk. Eu escrevi todas as letras. Foi uma boa experiência. Eu amo esse álbum. Tem boas músicas nele.
Eu deveria ter feito a turnê e os clipes, mas eles acabaram chamando Geezer Butler [Black Sabbath]. Eu não sei o que aconteceu. Eu não fiz nada de errado […] Mas eu me dou bem com Geezer. Não tenho nenhuma animosidade ou mágoa do Geezer”.
A entrevista completa (em inglês) pode ser lida neste link.