A formação clássica do Sepultura, que conta com Max Cavalera (vocal e guitarra), Iggor Cavalera (bateria), Andreas Kisser (guitarra) e Paulo Xisto Jr. (baixo), tratou de alavancar a cena heavy metal brasileira. Contudo, antes de ser posicionar como uma potência do estilo, os músicos penaram muito para fazer o projeto sair da inércia.
Um dos desafios, por exemplo, foi o inglês, já que era o idioma base para o metal, mas era pouco difundido no Brasil – algo que se perpetua até os dias de hoje, pois é uma parcela bem reduzida da população brasileira que tem desenvoltura em tal idioma.
Mesmo com dificuldades e tropeços, o quarteto conseguiu tirar do papel o Sepultura e ganhar notoriedade no mercado internacional.
O atual líder da banda, Andreas Kisser, bateu um longo papo com o podcast Xablaw e recordou os primórdios do Sepultura e os desafios que enfrentaram com a língua inglesa.
“A gente falava muito mal inglês! Eu lembro que a gente tinha um amigo, o Lino, que falava muito bem inglês; ele trabalhava com computação e tal. Então, uma vez a cada três meses, a gente ligava para os Estados Unidos para falar com o cara da gravadora, e o Lino, que falava inglês, ficava traduzindo tudo.
Inclusive, foi o Lino que traduziu as letras dos primeiros discos do Sepultura. Se você for ler as letras de Schizophrenia, elas não fazem muito sentido, por que é uma tradução ao pé da letra de um português filosófico.”
Kisser destacou: “Max gostava muito de escrever cartas e trocar cartas com o pessoal do Death, Morbid Angel e Kreator, e era o Lino que ajudava a escrever em inglês, a traduzir as coisas. E a gente aprendeu inglês com o Iron Maiden, Black Sabbath, Venom”.
Andreas pontuou: “Os primeiros discos do Sepultura é tudo música roubada de outras bandas! Morbid Visions, por exemplo, era Morbid de Morbid Tales, do Celtic Frost, e Visions do Destruction.
Em Schizophrenia, eu vim com algumas letras diferentes, fora dessa coisa satanista, com coisas mais influenciadas pelo Anthrax em Spreading the Disease, e são coisas que estamos vivendo hoje com a ansiedade, crise pânico e tensão.
Então, a característica da banda mudou um pouco, a coisa ficou mais original, não ficamos só pegando frases ou nomes de letras para formar os nomes [de músicas]”.
O bate-papo completo pode ser assistido no player a seguir:
Acredito que o Sepultura passou por evolução e ao mesmo tempo em que os integrantes ainda eram ¨moleques¨, estavam também evoluindo como pessoa!!!! As influências musicais eram inegáveis, tanto que o som era o retrato de muita coisa do que a banda ouvia na época…assim como vejo o som do Metallica de hoje em dia, não vejo o Metallica ouvindo mais ninguém…apenas ele mesmo e isso reflete no próprio som!!!! valeu!!!!