Bruce Dickinson deixou um buraco enorme para preencher quando saiu do Iron Maiden em 1993, após 12 anos e sete álbuns. A pessoa encarregada de substituí-lo foi Blaze Bayley, ex-vocalista do grupo britânico Wolfsbane.
O recrutamento de Blaze, antes do álbum The X-Factor, de 1995, pegou muitos fãs do Maiden de surpresa, já que ex-vocalista do Helloween, Michael Kiske, era o favorito nas apostas. Mas talvez o espanto não devesse ter sido tão grande, porque Blaze havia cantado com o Iron Maiden em 1990, quando Bruce ainda estava na banda.
A história começou no final dos anos 80 quando os dois cantores se conheceram na convenção de metal Concrete Music Foundations Forum, em Los Angeles, Estados Unidos. Wolfsbane era uma banda da moda na época, e foi o primeiro britânico a ser contratado pelo produtor Rick Rubin para seu novo selo Def Jam.
“Wolfsbane estava lá e Bruce também”, disse Blaze à revista Metal Hammer. “As pessoas costumavam dizer que éramos parecidos naquela época, então rimos disso e ele pagou uma bebida para todos nós”, completou.
Em 1990, Wolfsbane conquistou a cobiçada vaga para abrir os shows do Iron Maiden na turnê do álbum No Prayer For The Dying; uma oportunidade que eles agarraram com as duas mãos.
“Éramos tão ambiciosos”, lembrou Blaze. “Parece bastante arrogante, mas faríamos o nosso melhor para roubar os fãs do Iron Maiden. Nós íamos lá e nos jogávamos! Eu escalava todos os lugares, subia em todos os alto-falantes, corria para todos os lugares”, pontuou
Blaze estava esperando que alguém do Maiden o repreendesse por suas travessuras e quando foi encurralado pelo baixista Steve Harris, presumiu que iria levar uma bronca. “Steve apareceu e disse: ‘Caramba, é bom ter uma banda que está nos pressionando’. Uau, isso é confiança. Ele não mandou o tour manager nos dizer para não subir nos alto-falantes. Sua atitude foi: ‘Bem, teremos que ser mais energéticos, pois esses rapazes estão mandando bem’. Foi brilhante”, explicou Blaze.
O Maiden ficou tão impressionado com sua banda de apoio que fez vista grossa quando eles subiram no palco para cantar backing vocals na música Seventh Son Of A Seventh Son. “Eles sempre faziam os fãs cantarem as partes de ‘Whoah-oh’”, disse Blaze. “E ocasionalmente invadimos o palco e cantamos também”.
Mas foi em um show no Hammersmith Apollo, em Londres, no dia 18 de outubro de 1990, que os fãs do grupo tiveram um gostinho do futuro da banda. Durante Bring Your Daughter… To The Slaughter, Blaze invadiu mais uma vez o palco para cantar. “Fui muito atrevido, cantei bastante Bring Your Daughter… To The Slaughter”, comentou Blaze.
Felizmente, o áudio desse momento foi gravado por um fã. “Este é o Sr. Blaze Bayley da banda Wolfsbane”, diz Bruce no meio da música, para aplausos do público. Ele então reconhece de brincadeira a semelhança na aparência entre os dois. “É assim que ele se parece, é assim que eu me pareço. Só queremos agradecer ao Wolfsbane por estar na turnê, eles são bons rapazes, mas têm péssimo gosto para cerveja e não sabem jogar futebol”.
Blaze intervém: “Bruce, gostaria apenas de dizer que sou muito mais bonito do que você”. É quando Bruce entrega seu microfone para Blaze, que começa a cantar o refrão por alguns segundos.
“Depois, o resto da banda ficou tipo: ‘Uau, Bruce nunca faz isso, ele nunca dá o microfone para ninguém’”, falou Blaze à Metal Hammer.
A próxima vez que Blaze cantou com o Iron Maiden foi quatro anos depois, quando fez um teste para a banda após a saída de Dickinson. Ele conseguiu a vaga e gravou os álbuns The X-Factor (1995) e Virtual XI (1998) antes de sair em 1999.
“Ninguém parece colocar isso em nenhum artigo – eu estava realmente cantando no palco com o Iron Maiden em 1990. Quem diria o que aconteceria depois”, finalizou Blaze, cujo novo álbum ao vivo, intitulado Damaged Strange Different And Live, já está disponível.
Realmente épico