Muito se especula, e já virou quase crendice na cena heavy metal brasileira, que o saudoso vocalista Andre Matos (Angra, Shaman, Viper, Virgo) foi um dos cotados frontmen para integrar o Iron Maiden. O que de fato aconteceu? Houve algum contato de Andre com os britânicos? Como foi o desenrolar da história nos bastidores?
No ano de 2012, em entrevista ao comunicador e nosso parceiro Marcelo Prudente, que na época escrevia para um jornal da capital fluminense, o cantor falou sobre o que de fato aconteceu no começo dos anos 90.
Andre Matos disse: “Quando o Bruce [Dickinson] saiu do Iron Maiden em 1992; a gravadora EMI, através dos representantes aqui no Brasil, começou a procurar eventuais substitutos aqui no país.
Na época, eu tinha recém saído do Viper e não tinha gravado o primeiro álbum do Angra, apenas uma demo, e isso foi um baque para banda, porque havia, segundo eles, uma grande chance de eu ser escolhido, o que interromperia completamente os planos da gravação do primeiro disco, então, o material mandado para o pessoal do Maiden foram os dois discos do Viper e a demo do primeiro disco do Angra”.
O vocalista completou: “Eu, particularmente, nunca viajei na história de que eu fosse o escolhido, porque o Iron Maiden é uma banda demasiadamente britânica para que escolhessem um brasileiro para cantar, então, eu já não tinha grandes planos em relação a isso. Com isso, foi natural que escolhessem o Blaze”.
Andre finalizou: “O interessante que anos mais tarde, quando me aproximei mais do pessoal do Iron, nós estávamos na gravação do álbum Fireworks na Inglaterra em 1998, eu fui ao show deles como convidado, e tive a oportunidade de conversar melhor com Rod Smallwood [empresário do Iron Maiden], e ele comentou: ‘Você foi um dos três finalistas. E você ainda continua cantando muito bem'”.
A entrevista completa pode ser lida aqui.
Nos shows Bruce deixa claro quando usa a bandeira da Britânica em relação ao poder sobre outros países de hoje e os que tinham posse.
Ele estava certo. Talvez nem tanto pela banda, mas pela postura nacionalista do patrão Steve Harris que preferiu Bayley ao André, onde sequer é possível comparar as vozes – André é muito mais próximo do estilo do Maiden – na minha humilde opinião. Particularmente não desgostei dos trabalhos de Bayley, mas diante da história de Bruce que fundiu sua voz ao DNA do Iron Maiden, absolutamente tudo produzido seria comparado, como foi, e teria que viver à sombra de Dickinson, o que deve ter ter sido um inferno na vida de Bayley.
É, mas a perda de Harris e do Iron foi o ganho de nós aqui que hoje somos fãs do Angra e Shaman.
Andre tinha um talento absurdo e possuía perfil de assumir o Iron. No entanto, acredito que não seria uma tarefa nada fácil.