Nightwish: Show no Rio de Janeiro tem casa lotada, repertório bem equilibrado e performance coesa

Antes tarde do que nunca! Depois de adiamentos, muita espera e boas doses de ansiedade, o Nightwish estreou a perna brasileira da Human. :||: Nature. World Tour na noite da última quinta-feira, dia 13 de outubro, no Rio de Janeiro, com um repertório bem equilibrado e performance coesa. Além disso, o grupo trouxe na bagagem o ‘opening act’ Beast in Black, que deu conta do recado e segurou bem a bronca de abrir para o maior representante do metal finlandês.

Beast in Black

Mesclando canções de seus três trabalhos de estúdio – a saber: Berserker (2017), From Hell with Love (2019) e Dark Connection (2021) – o grupo teve êxito na difícil tarefa de ser banda de abertura, o público participou ativamente da apresentação cantando e agitando ao som de No Surrender, One Night in Tokyo, From Hell With Love e Beast in Black.

Foto: Livia Teles

O Beast in Black é uma banda nova e com um longo caminho pela frente, com isso é perdoável alguns deslizes como falta dinâmica no repertório, ou seja, as canções se assemelham em demasia e mantêm os mesmos cacoetes como linhas e tons vocais exageradamente altos, introduções eletrônicas e ritmo acelerado. Um pouco mais de dinamismo fará bem ao repertório do grupo.

A banda também pecou por usar linhas vocais auxiliares: os “famosos” playbacks. O frontman Yannis Papadopoulos, infelizmente, usou e abusou de tais recursos durante sua performance, o que trouxe um gosto artificial e plástico ao show. Por insegurança, medo de errar, falta de técnica… quaisquer que sejam as razões, o uso do citado recurso não é e jamais será justificável. O Beast in Black está no começo de carreira, então dá tempo para corrigir a mancada.

Nightwish

Com casa cheia e público sedento pelo som dos finlandeses, o headliner ganhou a noite já nos primeiros acordes de Noise, primeira representante do álbum Human. :||: Nature. O clima esquentou ainda mais sob domínio das melodias e riffs da intensa Planet Hell e fora mantido com a pesada Tribal.

O clima de festa ficou por conta de Élan e Storytime, que ganhou apoio vocal de centenas de vozes em seus respectivos refrãos. She Is My Sin e Sleeping Sun rememorou o ótimo disco Wishmaster, um dos responsáveis em colocar o grupo no radar do público e, consequentemente, na rota internacional de shows.

Foto: Livia Teles

O Nightwish é uma banda edificada em dois principais pilares: primeiro, na ímpar capacidade de composição do líder Tuomas Holopainen (teclado). E, em segundo, na habilidade vocal e carisma da frontwoman, posto ocupado atualmente pela bela, alta e imponente Floor Jansen. Dito isso, é óbvio que a euforia dos fãs é dedicada as duas personalidades, no entanto, seria leviano não trazer holofote ao único integrante da formação original ao lado de Tuomas: Emppu Vuorinen (guitarra), que compensa sua técnica mediana com carisma e simpatia.

Na contramão de Emppu, Kai Hahto, baterista efetivado em 2019, é um instrumentista de muitos recursos técnicos, fato facilmente percebido em poucos minutos de performance do músico. Já o elo mais fraco do grupo reside no novato Jukka Koskinen, substituto do baixista e vocalista Marko Hietala, que ainda precisa conquistar seu espaço no grupo, e Troy Donockley (vocal, guitarra, gaita irlandesa) que pouco ou nada agrega à performance ao vivo da banda. É fácil notar que Troy está na folha de pagamento do Nightwish por ser amigo próximo de Tuomas, e não por ser uma sumidade musical.

Foto: Livia Teles

7 Days to the Wolves, infelizmente, fora a única representante do subestimado trabalho Dark Passion Play, mas fez bonito e colaborou para diversidade do show com um quê cadenciado. A trinca: Dark Chest of Wonders, Ever Dream e Nemo relembraram a época de glória do multi platinado Once, onde era fácil, fácil ver e/ou ouvir Nightwish nas estações de rádio e na falecida MTV Brasil. A especialidade de I Want My Tears Back é manter a temperatura da apresentação nas alturas com seu ritmo e melodia vibrante, e fora exatamente o que se viu na noite de ontem.

A versão acústica de How’s the Heart? serviu para mostrar a versatilidade vocal de Floor Jansen, mas acabou dando uma esfriada nos ânimos, conjuntura que se arrastou na execução de Shoemaker. A atmosfera de show de metal foi sendo retomada com Last Ride of the Day, tendo o ápice na clássica Ghost Love Score, que presenteou os fãs com uma performance vocal de Jansen impecável. O ‘grand finale’ da noite veio com a longa The Greatest Show on Earth, que mostrou as nuances mais complexas da carreira do grupo.

Sim, demorou um bocado, mas o Nightwish, finalmente, aportou na capital fluminense, e, em pouco menos de duas horas de apresentação, retomou o posto de ser uma das mais queridas e celebradas bandas para o público carioca. Se depender da energia apresentada por Floor Jansen & Cia, o Nightwish ainda vai desfrutar de muitos anos de estrada. Sorte dos fãs!

Foto: Livia Teles

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