O provérbio popular: há males que vem para o bem, recai fácil, fácil na vida do cidadão comum, onde uma suposta dificuldade e ou problema, a curto prazo, pode desdobrar-se numa grande oportunidade futura. E não pense, caro leitor, que o mundo da música fica imune a tal máxima, afinal, não faltam exemplos onde a afirmação acima ganhou vida e, lógico, um final mais que feliz.
O mais recente, e talvez mais comentado, caso no mundo do rock fora a abrupta saída – ou demissão – da vocalista, Anette Olzon, da banda Nightwish, deixando pipocar inúmeras interrogações na cabeça dos fãs. E o que tinha todos os trejeitos e sintomas de uma tragédia grega acabou saindo melhor que encomenda, porque a atitude de trazer a cantora, Floor Jansen (ex- After Forever, Revamp), para cumprir as datas restantes da turnê, revelou-se como a mais sensata e razoável diante de todo o imbróglio.
O show na capital fluminense, na última segunda-feira (10), rechaçou as previsões mais pessimistas e provou que o público carioca ainda nutre apreço especial pela música dos finlandeses. Com casa cheia e um calor que beirava o fim dos tempos, a banda debutou com “Storytime”, que de cara revelou a pujança do vocal e interpretação da nova vocalista. Sem meias palavras o baixista/vocalista, Marco Hietala, reforçou o quase óbvio: Floor Jansen é a nova frontwoman da banda, o que gerou grande contentamento por parte do público.
“Dark Chest of Wonders” e “Wish I Had an Angel” rememoraram o apogeu da carreira dos finlandeses, onde gozavam de grande popularidade alicerçada pelo interessante álbum, Once.“Amaranth” manteve o clima de festa instaurado pelos cariocas, o que garantiu largos sorrisos por parte dos músicos. Como o título denuncia, a canção “Scaretale” trouxe contornos soturnos digno ao circo dos freaks e relembra os melhores contos de terror.
“I Want My Tears Back”, “The Crow, The Owl and The Dove” e “Lost of the Wilds” trouxeram o convidado especial, Troy Donockley, tocando gaita irlandesa. E por mais que o instrumento seja bacana e Troy seja um bom instrumentista fora uma participação que pouco agregou ao saldo do show. “Nemo” traz à mesa, mais uma vez, o disco Once, provando que se no futuro quiserem dormir sobre os louros terão que suar, e muito, a camisa.
“Wishmaster” e “Ever Dream” sempre serão sinônimos de euforia pelos entusiastas à banda. “Over The Hills and Far Away” tem boas intenções, mas pouco anima. O ponto alto do show veio com a canção “Ghost Love Score”, onde o poder de interpretação da nova vocalista foi aprovado com louvor. “Song of Myself” é longa e complexa e poderia ceder lugar a duas canções com maior apelo diante do público. “Last Ride Of The Day” não é uma canção execrável, mas passa longe de ter os predicados necessários para encerrar o show em grande estilo.
Como fora dito: há males que vem para o bem. E, com certeza, todo esse imbróglio que envolveu o nome Nightwish nos últimos meses teve um – suposto – final feliz, o que fora mais do que comprovado na apresentação da última segunda-feira. Se as intempéries passadas terão cenas dos próximos capítulos só o líder Tuomas Holopainen pode dizer, mas se ele mexer nesse time é porque tem probleminhas na cabeça.
Escrito por: Marcelo Prudente