Never Say Die! sucumbiu aos abusos de Ozzy, Tony, Geezer e Bill

No final dos anos 60 e comecinho dos 70, o quarteto de Birmingham, Inglaterra, formado por Ozzy Osbourne (vocal), Tony Iommi (guitarra), Geezer Butler (baixo) e Bill Ward (bateria) mudou os rumos da música contemporânea. Com o lançamento de seu primeiro álbum, que é homônimo ao grupo, a trupe, sem querer, inventou um gênero musical, que passou a ser chamado de heavy metal.

Depois do primeiro disco, os garotos, que estavam vibrando a mais pura energia e vontade de colocar na praça trabalhos caprichados, sacaram da cartola obras impecáveis como Paranoid (1970) e Master of Reality (1971). Com a fama e sucesso, alguns pepinos vieram a reboque como os famosos abusos de bebidas e drogas, dessa forma, o processo de composição dos discos subsequentes foram, mais ou menos, afetados por tais excessos.

Vol. 4 (1972), que era para ser chamado de Snowblind – clara referência à cocaína, foi feito à base de entorpecentes; em Sabbath Bloody Sabbath (1973), o Sabbath se embrenhou num castelo mal assombrado para fazer sua mágica acontecer. No disco seguinte, Sabotage (1975), a banda já tinha experimentado o lado sombrio e perverso do mercado fonográfico, pois fora literalmente roubada por seu ex-empresário, então, o sexto trabalho refletiu a raiva e as decepções vividas com o ex-parceiro de trampo.

O esquema incessante de fazer um álbum e cair na estrada, sem um pingo de descanso e respiro já estava cobrando um preço alto. Obviamente, o estado físico, mental, emocional e, até mesmo, espiritual dos músicos degringolaram ainda mais com os exageros de bebida e outras coisitas que fariam o próprio capeta correr de medo. Ou seja, era o combo do que não fazer para se produzir músicas caprichadas.

Catando os cacos, Technical Ecstasy (1976) ficou aquém das possibilidades criativas do quarteto; os riffs, linhas vocais melodiosas capazes de grudar na mente pelo resto da eternidade e as letras inteligente e debochadas de Geezer não marcaram presença. Naquele momento, o Sabbath era apenas uma pálida sombra do que fora anos atrás.

O caldo entornou de vez em Never Say Die!, Toninho estava praticamente sozinho tentando levantar o estandarte do grupo. Butler estava pouco interessado pela banda: no pior estilo, dane-se. Ward estava desanimado e cansado, esperando que alguém o dissesse o que fazer e ou tocar, e Ozzy queria desaparecer, literalmente. O cantor sumia por dias, depois reaparecia ainda mais acabado, retornava ao estúdio e apagava no sofá por horas e horas. Isto é, era como um peso morto ao grupo.

O Madman chegou a pedir o chapéu, mas logo, logo regressou à casa para mais uma tentativa e ver se rendia alguma coisa. Bem, diante destas e outras desgraças ainda mais pesadas que passaram pelo Sabbath, e olhando para o copo meio cheio, Never Say Die! é essencialmente um milagre, um disco que foi finalizado pelas graças de Deus ou do Capeta – você escolhe.

Porém, enxergando a coisa toda pelo prisma do copo meio vazio, Never Say Die! sucumbiu pela incapacidade de Ozzy, Tony, Geezer e Bill se respeitarem; e pela falta de respeito ao próprio Sabbath, bem como de seu legado. Se o momento não está propício para fazer um álbum, as avalanches de problemas estão soterrando os lampejos de criatividade, o mais sensato é cada um cuidar de sua vida e, no futuro oportuno, a turma se reúne e vê o que rola.

Os cavaleiros do apocalipse não vislumbraram tal possibilidade, e o preço que pagaram foi implacavelmente caro.

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