Em recente entrevista à revista Rolling Stone, o baixista Neil Murray (Black Sabbath, Whitesnake, Gary Moore) relembrou alguns momentos marcantes de sua carreira musical como o seu tempo no Sabbath, a turnê do álbum Headless Cross (1989) e a gravação de Tyr (1990). Leia logo abaixo alguns trechos da entrevista.
Rolling Stone: Como você entrou no Black Sabbath?
Neil Murray: “Bem, foi coisa de Cozy [Powell, bateria]. Depois do Whitesnake, eu toquei com Cozy e Mel Galley [guitarra] numa banda japonesa chamada Vow Wow. E nessa época, Cozy já tinha se juntado a Tony Iommi, onde fizeram o álbum Headless Cross. Eles tinham a esperança de que Geezer Butler [baixo] fosse se juntar a eles para gravar esse disco, mas acabou que não rolou. Então, Cozy me indicou, e eu entrei no grupo.
Eu até me encaixei bem na banda, no entanto, é muito difícil substituir alguém como Geezer Bulter, que é o baixista original do Sabbath. Além disso, foi complicado seguir o jeito de tocar baixo de Laurence Cottle como está no álbum Headless Cross. Tive que adaptar o meu estilo para algo mais distorcido, pesado e alto.
Foi muito difícil achar esse ponto de equilíbrio. Fiquei mais ou menos satisfeito com o resultado. Eu curto tocar alto e pesado, entretanto, esse estilo de som não é o que eu curto ouvir em casa e tal. Mas esse era o som do final dos anos 1980”.
Rolling Stone: Como o público respondia ao vocalista Tony Martin? Ele veio depois de nomes venerados como Ozzy [Osbourne], [Ronnie James] Dio e Ian Gillan, e ele era praticamente um desconhecido.
Murray: “É difícil desassociar desses nomes. Na turnê depois que entrei em 1989, por exemplo, muitos shows tiveram que ser cancelados. Em parte, porque estávamos com uma gravadora que não fazia muita divulgação. As pessoas também não sabiam quem estava na banda, já que houve muitas mudanças na formação naquela época, mas as pessoas que iam nos shows sabiam que não iam ver Ozzy, Bill Ward ou Geezer. Mas ainda assim é Sabbath.
Em outros lugares, especialmente na Alemanha, eles aceitaram muito bem a banda com Tony Martin. Do meu ponto de vista, Tony é tecnicamente um cantor muito melhor do que Ozzy, mas ele não tem o carisma ou a personalidade de Ozzy como cantor, não tem a personalidade de palco. Mas ele tinha uma voz incrível e forte.
Rolling Stone: Me fale sobre a gravação de Tyr.
Murray: “Foi uma tentativa de escapar de todos os demônios e magia negra das letras de Headless Cross. Esse disco foi para uma direção lírica baseada na mitologia nórdica. Mas o título do álbum confundiu muita gente, as pessoas não sabiam como pronunciá-lo.
Na época, a banda era mais de Cozy e Tony. Eu não me sentia tão parte do time, embora no palco isso mudasse um pouco. Já no estúdio, era tipo: ‘Olha Neil, toque essas linhas de baixo aqui’. Eu perguntava: ‘Eu não tenho nenhuma linha vocal para fazer’? ‘Não interessa, toca o que você tem que tocar'”.
E não é assim que gosto de fazer as coisas. Não foi tão satisfatório quanto eu gostaria, mas foi agradável fazer parte da banda. Você poderia dizer que a falta de sucesso, principalmente nos Estados Unidos, foi frustrante para Tony Iommi. Acho que o fato de não podermos voltar lá para promover Tyr o convenceu a trazer Ronnie e Geezer de volta, o que funcionou, pelo menos por um curto período de tempo”.
Rolling Stone: Muitos shows foram cancelados, e eu cheguei ler uma reportagem que o teto de uma casa estava desabando. Você chegou a se sentir meio Spinal Tap [grupo fictício que parodiava bandas de metal]?
Murray: “Muito não! As pessoas gostam de criar história a partir dessas coisas. Mas tivemos que cancelar alguns shows nos Estados Unidos, em 1989. Rolava o boato de que Sharon Osbourne sabotava a publicidade de nossos shows. Ouvi dizer que ela mandava colar adesivos de “cancelado” nos pôsteres de divulgação das apresentações do Black Sabbath.
Mas teto desabando? Não! Acho que um pedacinho de teto e tal possa ter caído por conta dos efeitos pirotécnicos de Cozy ou por conta do som grave da bateria e baixo. Mas não me lembro bem”.
A entrevista completa (em inglês) pode ser conferida aqui.