Múmias, esfinges e Live After Death: A épica história da World Slavery Tour, do Iron Maiden

Em 1984, o Iron Maiden estava prestes a dominar o mundo. Eles estavam em uma trajetória ascendente desde a chegada do vocalista Bruce Dickinson, três anos antes, e lançaram as bases para turnês cada vez mais ambiciosas com os clássicos The Number Of The Beast (1982) e Piece Of Mind (1983)

No entanto, o quinto álbum da banda, Powerslave, iria literalmente preparar o palco para o seu empreendimento mais épico. Com início em agosto de 1984 e encerramento em julho de 1985, a World Slavery Tour, que contou, claro, com temática egípcia, ajudou a transformar o Maiden em uma das maiores bandas de metal de todos os tempos, além disso, produziu um dos melhores álbuns ao vivo de todos os tempos, Live After Death (1985).

A turnê levou o Maiden a conquistar o público norte-americano, todavia, forçou os próprios membros da banda para seus limites mentais e físicos, e quase levou o grupo a encerrar as atividades.

Nas palavras dos próprios músicos, saiba um pouco mais sobre a World Slavery Tour:

Bruce Dickinson: “Nós ensaiamos para a turnê em uma boate maravilhosamente cafona em Fort Lauderdale, EUA, e ficamos em um motel à beira-mar infestado de baratas. Logo o feriado acabou e fora hora de emigrar para o Império do Mal, atrás da Cortina de Ferro, na Polônia, para abrir a turnê do Powerslave”.

Steve Harris: “Eu realmente não pensava muito no lado político. Eu me pergunto se, eventualmente, estávamos sendo usados como uma ferramenta de propaganda. Mas pelo menos proporcionamos entretenimento para garotada.

Bruce Dickinson: “Eu ainda acho que foi o melhor show que o Maiden já fez. Foi a combinação perfeita de muitas coisas épicas, mas não foi nada exagerado e não foi limitado por conta de tecnologia e coisas infláveis que ocorreram mais tarde, na pegada de Spinal Tap.

Adrian Smith: “Quando começamos na América, passamos de um ônibus para dois ônibus, depois para sete ônibus, então as coisas se tornaram mais confortáveis. Mais confortável do que quando fizemos a primeira turnê pelos Estados Unidos com o Judas Priest, em 1981. Não precisamos dormir em cima de nossas bagagens”.

Nicko McBrain: “Algumas pessoas meio que surtam sob a pressão de estar na estrada constantemente e viver com uma mala. Às vezes nem sei qual é o dia”.

Adrian Smith: “É muito difícil fazer qualquer coisa no Rio porque os fãs são muito apaixonados. Mesmo no primeiro Rock In Rio, eles estavam no hotel e não podíamos sair. Até quando sentávamos na varanda para tomar um café, havia pessoas nos prédios tirando fotos e olhando para gente com binóculos”.

Bruce Dickinson: “Conquistamos um continente inteiro da noite para o dia com aquele show no Rock in Rio 1.

Adrian Smith: “As coisas não eram tão bem organizadas quanto agora. Na época era um pouco caótico”.

Bruce Dickinson: “Com calor e incomodado, arranquei a guitarra com força e rachei minha testa com a ponta do instrumento. Nosso empresário, Rod Smallwood, disse para eu apertar e fazer a ferida sangrar um pouco mais, pois ia ficar ótimo na televisão. No dia seguinte, o acidente foi notícia de primeira página: suado, manchado de sangue e com 300.000 novos fãs”.

Steve Harris: “Queríamos gravar todo [Live After Death] no Hammersmith, mas acabamos gravando em Los Angeles, pois estávamos tocando um pouco melhor”.

Steve Harris: “Aquela turnê acabou com todo mundo, especialmente Bruce. Ele tinha que cantar seis noites por semana durante 13 meses, e isso cobrou seu preço. Nossa programação era insana”.

Bruce Dickinson: “Foi a primeira vez que realmente pensei em sair. Não me refiro apenas ao Maiden, me refiro abandonar a música completamente. Eu realmente senti como se fosse um caso perdido no final daquela turnê, e eu não queria me sentir assim. Eu pensei: ‘Nada vale a pena sentir isso’. Comecei a me sentir como uma peça de máquina, parte do equipamento de iluminação”.

Rod Smallwood: “Devíamos ter parado antes. Foi provavelmente um dos muitos erros que cometi”.

Bruce Dickinson: “Parecia que o mundo tinha encolhido. Nós meio que conquistamos todos os lugares. Mas foi um trabalho árduo. A World Slavery Tour foi ótima, mas em um nível pessoal eu pensei: ‘Está tudo muito bem, mas não posso continuar com outra turnê de 13 meses'”.

Nicko McBrain: “Fiquei surpreso por termos sobrevivido aquela turnê. Quando você chega a esse estágio, não é mais divertido; tudo se torna muito tedioso ou difícil, emocionalmente. Quase destruiu a banda”.

Por Paul Travers
Fonte: Louder Sound

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