Metallica: A Mudança E Os Percalços Da Banda Com Black Album

Em 12 de agosto de 1991, a banda Metallica deu o grande salto da carreira rumo ao mainstream com o lançamento do autointitulado Metallica, quinto álbum de estúdio e também o de maior sucesso comercial já feito por James Hetfield, Lars Ulrich e cia. No entanto, mesmo com os percalços, o disco deu início ao “fim” do grupo como os fãs o conheciam.

Apelidado de The Black Album [O Álbum Preto], devido a capa totalmente chapada na cor preta e com o logo da banda, mais uma cobra derivada da Bandeira de Gadsden quase camuflada, o disco foi um “estouro” mundial vendendo cerca de 16 milhões de cópias apenas nos Estados Unidos, e mais de 40 milhões no resto do globo.

O trabalho produzido por Bob Rock rendeu ao Metallica o Grammy Award de Melhor Performance de Heavy Metal em 1992, e está na lista dos 200 álbuns definitivos no Rock and Roll Hall of Fame, ficando em 14º lugar. Além disso, entrou em 252º lugar na lista dos 500 Melhores Álbuns de Todos os Tempos da Rolling Stone EUA.

Músicas como “Enter Sandman”, “Sad But True”, “Wherever I May Roam”, “The Unforgiven” e “Nothing Else Matters” tomaram as rádios e MTVs devido à mudança sonora proposital da banda, que uniu peso com melodia e soltou o acelerador na medida certa ampliando a legião de fãs que, até então, era restrita ao público do heavy metal e do thrash metal.

Resumo: com The Black Album, o Metallica ganhou a massa e se tornou um dos maiores nomes da música, se mantendo na posição mesmo após 30 anos do lançamento do disco de 1991. O álbum não mudou só a cara e a carreira da banda, mas também a da música “pesada” em geral, pois posteriormente vários artistas do gênero tentaram criar o seu “próprio The Black Album,” para obter sucesso equivalente, inclusive o Megadeth, banda de Dave Mustaine, ex-Metallica.

O outro lado da moeda

Do lado oposto do sucesso, a guinada do Metallica à popularização foi também a ruína do grupo em aspectos criativos e até de identidade. Boa parte dos fãs antigos, os puristas, não aceitaram bem a mudança sonora e renegaram a banda alegando que ela nunca mais foi a mesma, afirmação que – em partes – é verdade. O passado ficou no passado, e o futuro pós-Black Album não agradou tanto.

Após atingirem a perfeição com The Black Album, vieram os discos menos inspirados – e com menos influências de thrash metal – Load (1996) e Reload (1997), ambos feitos com Bob Rock, que seguiu sendo o produtor fiel da banda até St. Anger (2003), álbum que desagradou os fãs pela ausência de solos de guitarras, flerte com o nu metal e som da caixa de bateria que lembra uma lata de Nescau.

Anos mais tarde, tentaram retornar à era “old school” com canções rápidas, pesadas e longas nos álbuns Death Magnetic (2008) e Hardwired… to Self-Destruct (2016), para reconquistar fãs antigos. Mas, as composições passaram quase despercebidas, pois a banda já tinha perdido a credibilidade em fazer músicas boas há anos; boas daquelas que unem tribos, tocam exaustivamente nas rádios ou apenas fazem os fãs gritarem “Master” com os punhos ao ar.

Há quem diga que o Metallica deveria ter acabado após o The Black Album, pois seria o “grand finale” do grupo, no auge e entraria para a eternidade como os heróis da música pesada. E há quem defenda os trabalhos posteriores e a longevidade do grupo.

Todavia, não resta nenhuma dúvida de que The Black Album foi um divisor de águas para a banda. Para o bem e para o mal. Já os fãs (novos e também parte dos antigos), as rádios, as MTVs, as lojas de discos e o cancioneiro rock agradecem por essa obra-prima que ultrapassou barreiras musicais.

Por Itaici Brunetti
Fonte: Rolling Stone Brasil

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