O começo de carreira da maioria dos artistas é cercado por muita euforia, energia, inexperiência, ansiedade e algumas dezenas de decisões mal tomadas. É super normal, faz parte do jogo! Com o passar do tempo, o desenvolvimento pessoal e a milhagem na profissão proporcionam recursos para que as arestas sejam aparadas e as imperfeições cheguem a um nível baixinho – quiçá desapareçam.
É evidente que há uma turma que pouco ou nada aprendem ao longo dos anos, isto é, não investem no próprio desenvolvimento e refinamento, seja no quesito profissional, emocional ou moral. Há músico que não consegue resolver as questões da própria banda sem enredos dramáticos e públicos; tem artista que não curou o pé na bunda e aproveita toda brecha para lamuriar, lamber as feridas de forma pública e apontar dedos; existem outros que ainda cismam em atribuir os próprios infortúnios e insucessos à conta de terceiro. Em suma, os exemplos dos decadentes e que sabotaram a própria carreira são a perder de vista.
No entanto, há uma parcela do contingente artístico que apresenta claro e bem-vindo aperfeiçoamento no campo pessoal e profissional. Um dos exemplos mais notórios é o frontman do Metallica, James Hetfield, que vem, desde o pontapé de sua carreira, numa busca implacável de seu aprimoramento.
Papa Het já expôs em diversas entrevistas, livros e, até mesmo, em documentário a forma como fora criado e moldada sua personalidade em tenra idade. Tímido, inseguro e cerceado por uma criação baseada na falta comunicação e diálogo, o músico encontrou a sua válvula de escape na música; a arte foi uma importante forma para ele expressar seus sentimentos, decepções e dores, e conquistar, pois, seu engrandecimento.
Por mais que Dave Mustaine (Megadeth), por exemplo, queira depreciar Hetfield ao atribuí-lo uma inabilidade comunicativa nos primórdios do Metallica, é nítido o quanto James evoluiu como músico e pessoa. O caminho não foi nada fácil; na verdade, se mostrou bastante tortuoso e cheio de ciladas, mas o frontman se mostra, nos últimos anos, seguro e afiado em liderar um coro de milhares de vozes a cada apresentação da banda, por mais que alguma hesitação apareça aqui e acolá.
Do primeiro ao último acorde de um show do Metallica, Papa Het é, sem dúvida, o centro das atenções, o músico dispõe de uma capacidade ímpar em conduzir o público a ponto de um simples gesto seu a multidão responder de maneira conjunta e uníssona. Ter o poder de liderar as plateias de tal forma é o sonho de muitos artistas, mas a realização de poucos.
James Hetfield tem o cobiçado e raro carisma natural, que é um dos principais trunfos para lograr êxito na área artística. O trabalho do músico, ao longo de sua vida e carreira, foi desenterrá-lo das profundezas da insegurança e medo e colocá-lo no apropriado lugar de destaque de sua figura. O bom resultado é facilmente percebido num bate-papo com o músico e em suas apresentações ao lado dos parceiros Lars, Kirk e Rob. Dito isso, não é exagero afirmar que a maturidade transformou James Hetfield em um dos maiores frontmen da música e, claro, do metal.
Concordo com a matéria, os caras são fodas