Na noite gelada do último sábado fui pego de surpresa pela minha querida amiga e guitarrista inglesa, Jacqui Taylor, das bandas Razorblade Kisses e Asray, que estava presente na capital paulista e me convidou para dividirmos um vinho e assistir ao show do grande Martin Walkyer (ex-Skyclad e Sabbat), um dos ícones do metal irlandês, criador do chamado folk metal, que vem sendo acompanhado por ela como guitarrista e também pelos queridos amigos duendes de Varginha do Tuatha de Danann. Brincadeiras à parte, esta banda tem um grande público, não só aqui na capital, mas em todo o Brasil e já tem seu nome firmado, respeitado e adorado pela cena metal nacional.
O show foi a primeira edição de uma empreitada intitulada, Secret Metal Session, que foi abraçada pelo estúdio Dissenso lounge. O projeto leva esse nome Secret justamente porque tem o intuito de ser divulgado com no máximo 72 horas de antecedência via Facebook, reunindo um público reduzido, limitado a no máximo 120 pessoas com direito a meet & greeting com os artistas.
Aparelhagem de som do Dissenso estúdio estava muito bem equalizada e com ótima qualidade para as bandas; discotecagem bem selecionada; banheiros com estrutura de casa grande e super limpos; um bar com excelente atendimento com bebidas variadas das melhores marcas e tipos; sofás; mesas… Enfim, um ambiente realmente de qualidade e bem escolhido que casou com a proposta da produtora.
O local foi aberto às 18h, mas às 20h, como anunciado, munido de seu visual metal viking e mostrando que a voz continua no melhor estilo, Martin Walkyer veio ao palco e abriu logo com a chave de ouro do Skyclad, Building a Ruin para já levantar o público, seguida por T.C. Lethbridge, que mostrou uma excelente performance e interação com a guitarrista Jacqui Taylor.
Muito comunicativo com o público em cada intervalo de música, brincou que “quase teve que esconder o merchandise no c* devido ao maldito Donald Trump”. Na sequência mandou Spinning Jenny, o clima estava tão legal que tinha até uma criança por volta de uns 4 a 5 anos curtindo em frente ao palco, compenetrada com a energia da banda.
Assim, seguiu com Think Back and Lie of England e o público cantando junto e levantando suas cervejas ao alto, parecendo estarmos realmente em algum pub da Irlanda. A banda ficou com três guitarristas no palco durante as cinco primeiras músicas, e após falar sobre como se sentia mal vendo a diferença econômica e da pobreza estampada nas favelas brasileiras, ofereceu a Thinking Allowed ao público presente. E, mais uma vez, o destaque vai para performance da guitarrista Jacqueline Taylor, que com um visual gothic, moderno e com seu inseparável chapéu de couro preto com lenço negro com penas de corvos, pode ser colocada, com certeza, no hall das maiores guitarristas femininas da atualidade.
Após Jacqui deixar o palco, ele anunciou Inequality Street, com destaque para o violino e o backing vocal que davam mais força ainda aos refrãos executados pelo guitarrista Bruno Maia e o baixista Giovani Gomes, ambos do Tuatha. Na verdade, a banda quase toda era completada pelos músicos do Tuatha de Danann, com participação especial do guitarrista Raphael Wagner (Aneurose e Tray of Grif) substituindo a vaga deixada pelo Rodrigo Berne, além da participação do violinista Rik Dias.
O Martin, em cada canção, expressou o seu amor pelo Brasil e disse que devido a este amor, se sentia na obrigação de falar a nossa língua, e prometeu numa próxima vez voltar ao nosso país e falar em português. E com sua voz marcante, o show seguiu com Penny Dreadful, Emerald e teve seu final grandioso com Rhymes Against Humanity.
O Walkyer deixa, mais uma vez, sua marca como um grande frontman, e nos brindou com seu grande show recheado de clássicos do Skyclad. O público presente teve a oportunidade de conversar; tirar fotos com ele; adquirir o material oficial dele e do Tuatha de Danann.
Assim, a banda mineira, vinda da maravilhosa Varginha, iniciou seu setlist com a dançante e agitada Dance of the Little Ones, fazendo o público cantar junto como sempre; Land of Youth e a emocionante Tan Pinga Ra Tan, música que me emociono sempre quando é executada, é uma festa, sendo difícil ficar parado, e isso ajudou aquecer a noite gelada, sendo finalizada com The Last Words. Por fim, o grupo deixou o palco e foi receber os fãs para fotos e cumprimentos.
Foi uma grande noite e que já deixou sua marca no Secret Metal Session. Fica aqui a curiosidade de saber qual será a próxima atração. Fique ligado, pois será sempre anunciada pela página do facebook com no máximo 72 horas de antecedência e com ingressos limitados. Parabéns pela ideia!
Foto: Leandro Penna