Nem parece que já se passaram mais de uma década do lançamento do primeiro álbum, In a Reverie, dos italianos do Lacuna Coil, onde a banda apenas despontava como uma possível promessa e boa surpresa no cenário musical.
Pois é, caro leitor, a banda tomou corpo, conquistou fãs nos quatro cantos do planeta, lançou discos que verdadeiramente têm potencial para passar com louvor ao implacável teste do tempo, e mais, viu que evoluir e obter maturidade é benéfico em todas as circunstâncias.
E é exatamente o que ouvinte capta de imediato no mais novo registro de estúdio da banda, Dark Adrenaline.
Não é novidade que há tempos a banda flerta sem parcimônia e traz para seu som influências norte americanas. E não pense que tal afirmação está impregnada de indiretas pejorativas, porque não o é.
Dark Adrenaline é, sim, a simbiose do peso norte americano influenciado por bandas como Mastodon, Killswitch Engage, Rob Zombie, Lamb of a God, alinhado e em perfeita sintonia com as melodias grudentas que sempre nortearam a carreira da banda.
Por sua qualidade linear, o álbum é um convite tanto aos fãs mais novos que acompanham a banda desde o aclamado Comalies quanto aos fãs mais antigos da época do In a Reverie.
Com isso, a banda dosou com responsabilidade suas influências e vislumbrou até aonde elas poderiam e foram benéficas a chegar ao saldo positivo que é encontrado em Dark adrenaline.
O conteúdo lírico também passa com sobras no teste de qualidade, dosando, ainda que de forma homeopática, o lado obscuro do nosso cotidiano, colocando em evidência que estamos longe de vivermos numa espécie de um novo Éden.
Dizer que Dark Adrenaline é o melhor registro da banda em estúdio seria muito atrevimento e injusto com os demais álbuns, mas é fato que mais uma vez o Lacuna Coil não desapontou sua base fiel de fãs com um disco recheado de bons momentos, vide o peso das canções como Trip the Darkness, UpsideDown, I don’t Believe in Tomorrow; o momento calmaria de End of Time, com refrão mais grudento que chiclete derretido e a animadinha Kill the Light.
Se fosse obrigado a apontar algo negativo seria o cover desnecessário da canção Losing My Religion (REM) e a duração do álbum, que pouco passa dos quarenta e cinco minutos de música, sendo que a banda tem poderio e inspiração para mais uns quinze minutos de músicas, pelo menos.
Se você, caro leitor, procura bons momentos de divertimento e está pouco ligando em rotular essa ou aquela banda, o álbum Dark Adrenaline cai como uma luva a você, porque transborda em suas faixas qualidade musical e lírica.
É cedo para dizer, mas tudo indica que o caminho trilhado pela banda a levará a patamares ainda maiores do que se encontra hoje em dia, e tenho certeza do que depender da bela senhorita Cristina Scabbia & CIA, o Lacuna Coil tem chances de voos ainda mais altos que Dark Adrenaline.
Por Marcelo Prudente