Kreator: Gods of Violence

Os fãs mais saudosistas e ou ultrarradicais sempre irão fincar a bandeira de que o thrash metal teve seu ápice na já longínqua década de 1980 e que de lá para cá o brilho do estilo foi desbotando ao longo dos anos a ponto de naufragar no limbo do ostracismo. Sim, as principais das obras do gênero foram edificadas na citada década. No entanto, é de uma miopia assombrosa não valorizar os novos clássicos lançados pelas mesmas bandas seminais que instituíram o estilo. Quer exemplo? Não precisa ir longe, tampouco cavar fundo, uma vez que o Slayer, por exemplo, agraciou seus fieis seguidores com o maravilhoso, Repentless, e o Megadeth também não fez por menos e deu uma bela sacudida na poeira com o ótimo Dystopia.

Do outro lado do Oceano Atlântico, o público thrasher não tem de o quê reclamar, já que os alemães do Kreator não se acomodaram nos louros de vitórias passadas e conceberam um dos melhores álbuns de sua carreira. Gods of Violence, que tem lançamento nacional em digipak duplo via Shinigami Records, é o décimo quarto registro de estúdio da banda, e vem para rechaçar quaisquer maledicências sobre o atual estado de saúde do thrash metal.

Apocalypticon é a calmaria antes da tempestade que cai de forma torrencial a partir da magnífica World War Now, que prova que a dupla de guitarristas, Mille Petrozza e Sami Yli Sirniö – completa a banda Christian Giesler (baixo) e Ventor (bateria) –, está mais afiada que uma machete, transbordando incrível entrosamento em licks e solos melodiosos de causar inveja aos mais prestigiados ‘guitar heroes’. Satan is Real é o primeiro single, e não pense que a banda fez corpo mole e desacelerou para causar boa impressão aos fãs mais desavisados, porque aqui esse não é o caso. Pelo contrário! Peso, velocidade e belos solos são a tônica da música.

A produção de Gods of Violence ficou a cargo do conceituado Jens Bogren (Soilwork, Opeth, Paradise Lost, entre outros), que soube, como ninguém, adequar ótima timbragem dos instrumentos, peso, clareza e pujança, e chegar perto do que alguns chamariam de perfeição. E seria um crime não dar holofote ao belíssimo trabalho gráfico do alemão, Jan Meininghaus, que conseguiu imprimir, em imagem, o maravilhoso caos e pandemônio encontrado em GOV.

Totalitarian Terror, que ganhou um ótimo e sanguinolento clipe, vocifera contra, perdoe o infame trocadilho, os horrores do tóxico e ultrajante totalitarismo. A faixa homônima ao álbum é certeira em sua dinâmica ao aliar velocidade e melodias, assim como Army of Storms que esbanja linhas melodiosas e matadoras de guitarra, agradando o mais sisudo e cauteloso fã thrasher.

Gods of Violence é um compêndio de doze músicas – a versão nacional digipak ainda conta com um DVD, com uma apresentação dos alemães no festival Wacken Open Air, de 2014 –, onde mostra o quão forte e vigoroso o thrash metal do Kreator está. Se você curte músicas tranquilas, tediosas e sonolentas, então, é melhor você adquirir qualquer coisa que o Radiohead tenha lançado, mas se o seu propósito é se regozijar com o thrash metal forjado a ferro e fogo, e de quebra evocar as hordas do tinhoso, Gods of Violence é o seu disco.

Set list de Gods of Violence:

1. Apocalypticon
2. World War Now
3. Satan Is Real
4. Totalitarian Terror
5. Gods Of Violence
6. Army Of Storms
7. Hail To The Hordes
8. Lion With Eagle Wings
9. Fallen Brother
10. Side By Side
11. Death Becomes My Light
12. Earth Under The Sword (faixa bônus)

DVD
1. Mars Mantra (Live @ Wacken 2014)
2. Phantom Antichrist (Live @ Wacken 2014)
3. From Flood Into Fire (Live @ Wacken 2014)
4. Warcurse (Live @ Wacken 2014)
5. Endless Pain (Live @ Wacken 2014)
6. Pleasure To Kill (Live @ Wacken 2014)
7. Hordes Of Chaos (Live @ Wacken 2014)
8. Phobia (Live @ Wacken 2014)
9. Enemy Of God (Live @ Wacken 2014)
10. Civilization Collapse (Live @ Wacken 2014)
11. The Patriarch (Live @ Wacken 2014)
12. Violent Revolution (Live @ Wacken 2014)
13. United In Hate (Live @ Wacken 2014)
14. Flag Of Hate / Tormentor (Live @ Wacken 2014)

Nota: 9

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