A trajetória do Megadeth é no mínimo singular, pois o grupo foi criado pelo ímpeto do vocalista e guitarrista Dave Mustaine revidar – dar o troco, se preferir – a justa causa que recebeu do Metallica no começo da década de 1980. Assim, os primeiros álbuns como Killing Is My Business… and Business Is Good! (1985), Peace Sells… but Who’s Buying? (1986) e So Far, So Good… So What! (1988) tinham uma essência raivosa, de poucos amigos.
Depois, com algumas reformulações no line-up, a banda elevou o patamar composicional, manteve o quê agressivo, mas sofisticou os arranjos, solos e riffs. O fruto dessa guinada fora álbuns como Rust in Peace (1990), Countdown to Extinction (1992) e Youthanasia (1994).
Embalado pelo intuito de expandir ainda mais as fronteiras sonoras, a trupe liderada por Mustaine colocou na praça Cryptic Writings, disco essencialmente calcado em melodias radiofônicas, que acabou apresentando o som do grupo a novos ouvintes.
Em Risk, lançado em 1999, os caras adocicaram demais o som, o que acabou não tendo grande aderência ao público curtido no puro malte thrash metal; contudo, não é um álbum que deva ficar apenas tomando poeira nas coleções de discos dos headbangers, vale curtir o som.
Depois disso, a inconstância criativa tomou conta do Megadeth, o quarteto não chegou a semear em terreno árido em que absolutamente nada vinga, contudo, ficou patinando entre lançamentos razoáveis e outros com pouco ou nenhum vigor criativo. Em registros como Endgame (2009), TH1RT3EN (2011) e Super Collider (2013), o Megadeth estava no piloto automático e equilibrando em gelo fino para não colapsar de maneira grave e irreversível.
Em 2015, o vislumbre de luz apontou no horizonte com a entrada do guitarrista Kiko Loureiro. O fã vira-lata vai chiar que tal afirmação é um exagero e que o brasileiro não é nenhum herói do veterano grupo de thrash metal. Mas, gostando ou não da presença e atuação de Kiko no grupo, a parceria com Mustaine deu certo, e o primeiro produto da cooperação saiu em 22 de janeiro de 2016, sob o nome de Dystopia.
Além dos predicados técnicos de Loureiro, o músico, sabiamente, adentrou no território do Megadeth equipado por uma honestidade intelectual rara no campo criativo e inventivo, cuja a tônica é: estou aqui para fazer e entregar o melhor para o todo. Kiko não embarcou na banda encharcado de orgulho e destacado de presunção; não, ele assumiu o papel de braço de direito de Dave para que o Megadeth desse o necessário próximo passo na carreira.
David Ellefson, baixista da banda na época de Dystopia, comentou o seguinte, durante entrevista ao The Classic Metal Show: “Em muitos sentidos Dystopia é o melhor álbum que o Megadeth já fez. A produção é muito forte, os riffs são incrivelmente complexos e tem muita melodia como em Dystopia, a faixa-título. E ainda tem músicas como Fatal Illusion e Death From Within, que são bem complexas.
E acho que tem até coisas que levam o Megadeth para um lugar que nunca esteve, como em Poisonous Shadows! Tem muita coisa diferente. É muito claro o que o Kiko trouxe para nós”.
Dystopia foi bem aceito pela grande maioria dos fãs, abocanhou ótimas posições nas paradas de sucesso de vários países como Estados Unidos, Alemanha, Finlândia e Brasil. Além disso, o trabalho fez o feito incrível que conquistar o Grammy de Melhor Performance Metal.
Portanto, é imprescindível e necessário dar holofote e declarar que Kiko Loureiro tirou o Megadeth do piloto automático com o trabalho em Dystopia.
Essa estória do Kiko de se auto demitir da banda está muito estranha!!!! Não era a toa que André Matos não se dava muito bem com Kiko…pessoas imaginam como seria colocar dois integrantes com temperamento forte na mesma banda, pronto aconteceu no Megadeth!!!! já pensou como seria Kiko com Yngwie Malmsteen???? valeu!!!!