A discussão de que o Angra é uma boy band vem se arrastando pelos corredores da cena heavy metal brasileira há anos. Algumas pessoas acreditam que o conjunto foi um empreendimento criado por certo empresário e que não tinha autonomia artística alguma, visto que tudo carecia das decisões de tal pessoa.
O guitarrista Kiko Loureiro, profissional que participou do projeto desde o começo, explicou por que o Angra não é uma boy band, durante conversa com o podcast Sem Filtro, que conta com a apresentação do cantor Lobão, do youtuber Regis Tadeu e do empresário Paulo Baron.
Kiko explicou: “Eu tocava com o Rafael [Bittencourt] em uma outra banda, quando tinha dezessete anos, então a gente já tinha essa amizade. O Rafael conhecia o Andre Matos, o cantor, da faculdade. O baterista Marco Antunes também era da banda com o Rafael. Portanto, a formação era eu, Rafael e Marco.
Marco Antunes já tinha tocado no Dominó, que era de fato uma boy band. Além disso, o Rafael tinha estudado com o Luis Mariutti, conhecia ele da escola, e frequentava o Black Jack Bar, quando Luis tocava com o Firebox, então, já se sabia que ele era o melhor baixista da época. Luis era conceituado”.
Loureiro continuou: “O Andre Matos saiu do Viper, e uma das músicas que ele tinha feito fez sucesso no Japão, que era Moonlight Sonata, que era uma música do Beethoven que ele fez uma versão metal. Tinha essa música como conceito, que era um clássico pesado pegando a composição de um músico erudito com guitarra pesada.
O Andre fez isso e os japoneses gostaram, então, o Andre e o Toninho [Pirani] pensaram que se tivesse uma música nesse esquema a gente conseguia mandar a demo para o Japão.
Qualquer banda, principalmente naquele época, se tivesse um único fio de conexão com algum cara que iria decidir se ia te lançar ou não, você ia ter que ir por esse caminho. Naquela época, você tinha que ser escolhido por alguém: dono do bar, produtora, empresário ou gravadora. Só tinha esse caminho”.
O guitarrista completou: “A música era um elo com a gravadora lá do Japão, a JVC. E o cara que fazia esse elo era da Alemanha, que era amigo do Toninho, ele tinha sido empresário do Helloween.
Então, quando Rafael conheceu o Andre na faculdade, eles resolveram montar uma banda, que poderia utilizar o heavy metal tipo Iron Maiden com os conhecimentos que estavam sendo aprendidos na faculdade.
E a gente não queria tocar em barzinho, queríamos fazer algo mais legal e mais profissional dentro das nossas capacidades para não ter que ir tocar em bar. Nós queríamos compor as nossas próprias músicas.
Portanto, fizemos uma demo bem gravada para mandar para o cara da Alemanha, pois ele ia mandar para o pessoal do Japão. Em resumo, não foi o Toninho que juntou a banda, o que já joga por terra a ideia de uma boy band”.
Veja o episódio completo do podcast no tocador abaixo: