Judas Priest é um grupo de heavy metal longevo, com centenas de milhas de estrada, cujos os pontos altos da carreira vieram logo no início da década de 1980, ao colocar na praça os premiados British Steel (1980) e Screaming for Vengeance (1982); repetindo a dose no comecinho dos anos 90 com o potente Painkiller (1990).
Assim como muitos de seus pares, o Judas Priest “podia estar pedindo” o dinheiro dos fãs lançando coletâneas insípidas e caça-níqueis, fazendo apresentações repletas de playbacks, backtracks e lip syncs e perpetuando aqueles bailes da saudade tão comuns em cidades como Las Vegas, no entanto, os caras só querem provar que o Priest está mais vivo e relevante do que nunca na cena heavy metal.
A forma mais honesta para tal iniciativa é colocando no mercado um novo álbum de estúdio que é uma porrada no ouvido do começo ao fim. Do primeiro ao último acorde, Invincible Shield, que é o décimo nono disco da trupe, arrebata o ouvinte com uma energia musical e artística raríssima em tempos calcados por Pro Tools, inteligência artificial e afins.
A pauleira começa em Panic Attack, faixa vibrante ligada em 220 volts, cujos destaques preliminares repousam nas performances de Rob Halford (vocal) e Richie Faulkner (guitarra). No entanto, a canção tem muito mais a oferecer como conteúdo lírico maduro e padrões rítmicos intensos.
Para quem tem ouvidinhos sensíveis, The Serpent and the King será motivo suficiente para pedir colo para a mamãe ou para o papai, devido a desgraceira imposta pelo quinteto: riffs pujantes e solos virtuosos estão sob a tutela da canção.
Se colocar a dupla matadora formada Invincible Shield e As God is my Witness para tocar em alto e bom som, é possível que você precise chamar a Defesa Civil para checar as estruturas de sua residência. Vai abalar, vai tremer e vai deixar o nobre fã sorrindo de orelha a orelha.
Novas dinâmicas rítmicas e nuances sonoras são encontradas em Gates of Hell, Crown of Horns e Trial By Fire, o que colabora para uma audição mais rica e prazerosa.
O quê “sabbathiano” e soturno chega ao som de Escape From Reality; já o contraponto vem com a energética Sons of Thunder. O grand finale – na versão regular do álbum – fica na conta de Giants in the Sky, som cadenciado que ainda brinda os fãs com passagens acústicas, solo de guitarra inspirador e refrão grudento.
Rob Halford (vocal), Glenn Tipton (guitarra), Richie Faulkner (guitarra), Ian Hill (baixo) e Scott Travis (bateria) – com o apoio do “sexto membro” e produtor Andy Sneap – criaram possivelmente o melhor álbum de heavy metal de 2024.
Em Invincible Shield, tudo é muito bem azeitado: das performances individuais a timbragem dos instrumentos; da conjugação do repertório à capa; da produção quente e viva aos refrãos e solos exuberantes.
É um álbum em que a pauleira nunca cessa e que já tem lugar cativo entre os grandes álbuns de heavy metal de todos os tempos.
Track listing de Invincible Shield:
01. Panic Attack
02. The Serpent And The King
03. Invincible Shield
04. Devil In Disguise
05. Gates Of Hell
06. Crown Of Horns
07. As God Is My Witness
08. Trial By Fire
09. Escape From Reality
10. Sons Of Thunder
11. Giants In The Sky
Nota: 9.5