No ano de 2005, os fãs brasileiros de música pesada ganharam um presentão que foi assistir dois dos principais nomes do estilo, Whitesnake e Judas Priest, dividindo o mesmo palco.
Aquela turnê parecia algo único, e quem tivesse prestigiado aqueles shows tinha quase a sensação de ter acertado na loteria. O tempo passou e eis que as duas entidades roqueiras voltaram para mais uma bem-vinda dobradinha. Com Citybank Hall/RJ quase lotado, o Whitesnake defendeu o novo álbum, o bacana Forevermore, e o Judas Priest sua última turnê mundial.
A primeira etapa da noite foi de responsabilidade do Whitesnake com seu hard rock pra lá de energético. O dono da banda, o vocalista David Coverdale, sabe bem os ‘pontos fracos’ dos fãs, e sem dó alguma montou um repertório inteligente, valorizando os anos 1980, onde estão os grandes hits da banda. Temas como “Love Ain’t No Stranger”, “Is This Love”, “Still of the Night”, “Here I Go Again”, “Burn”, casaram bem com as novas “Steal Your Heart Away” e Love Will Set You Free.
Não é segredo que o conteúdo lírico da banda se apoia na cafonice de estorinhas de corações partidos e amores incondicionais, mas é bem verdade que o hoje senhor Coverdale e Cia sabem como ninguém animar uma plateia. E como sabem.
O Judas Priest foi o encarregado de agitar a última etapa da noite com seu heavy metal clássico, sem brechas à baladas e ou musiquinhas calmas. Numa apresentação didática, onde o telão mostrava a capa do disco referente à canção e com o vocalista, Rob Halford, detalhando cada música, o repertório passou por grande parte do catálogo dos britânicos. Só “Rapid Fire”, “Metal Gods”, “Breaking the Law” e “Living After Midnight”, do album British Steel, já valeriam a noite.
Mas a banda tinha mais armamento pesado no arsenal. “Painkiller”, “Eletric Eye”, “Victim of Changes”, “Hell Bent For Leather”, provaram o porquê de o Priest ser taxada por muitos fãs de umas das principais entidades do heavy metal.
A banda acertou também no ornamento do palco com telões, animações; labaredas de fogo; jatos de fumaça; troca de roupas; motocicleta no palco em certa parte do show e correntes por todo lado.
A bolada nas costas ficou por conta da ausência do guitarrista, K. K. Downing, que numa crise existencial abandonou o barco, sendo substituído pelo competente Richie Faulkner. O rapaz cumpriu sua obrigação, mas é incontestável a falta de Downing nessa que será a última turnê mundial da banda.
O balanço da noite foi mais que positivo para ambas as bandas e para o público que saiu rindo a toa do Citybank Hall. Agora, não seria de todo mal uma terceira dose dessa turnê.
Por Marcelo Prudente