Em “Janis: Little Girl Blue”, documentário dirigido pela americana Amy J. Berg (indicada ao Oscar pelo documentário “Livrai-nos do Mal”), que estreia hoje, a própria Janis narra sua história por meio de cartas que escreveu. Lidas pela cantora Cat Power, elas revelam os medos e ambições, bem como a personalidade impetuosa, de uma das cantoras mais emblemáticas de todos os tempos.
O filme inclui também depoimentos de parentes, amigos, músicos e ex-namorados, mas talvez a visão mais interessante seja a do apresentador Dick Cavett, que a recebeu várias vezes em seu talk-show, e com quem Janis Joplin interagia magnificamente.
Amy J. Berg faz ótimo trabalho ao captar desde as humilhações pelas quais Janis passou em Port Arthur, interior do Texas (foi cruelmente votada como “o homem mais feio do campus”, quando estava na universidade) e os problemas com a família, até chegar em São Francisco, onde viveu um mundo de sexo, drogas e rock’n’roll.
A performance da descoberta de Janis pelo show business no festival Monterey Pop (1967) é um dos ápices do filme. Uma obra de arte.
Tudo colabora para a dimensão trágica que assume sua morte prematura, aos 27 anos. Janis estava dolorosamente sozinha em um quarto de hotel.
A diretora pode não inovar ao contar essa história, mas sua abordagem objetiva lança um olhar ampliado não apenas sobre a grandiosidade da arte de Janis Joplin, como também sobre o seu impacto nas gerações que se seguiram.