A guitarra, assim como todo instrumento musical, possibilita infinitas abordagens técnicas e sonoras. De forma bastante simplória, o instrumento se adequa ao gosto do freguês. No entanto, há caminhos já percorridos pelos ases da área que podem facilitar a turma que está chegando agora, ou servir de amparo a quem empacou em determinado aspecto do instrumento.
O guitarrista Janick Gers (Iron Maiden, ex-Gillan, ex-Bruce Dickinson) concedeu uma entrevista à revista Total Guitar e deixou ao público 4 dicas para ajudar na criação dos solos de guitarra. O músico ainda destacou que o solo é uma arte e não esporte.
1 – Experimente
“Você pode usar muitas afinações diferentes. Tenho muitas guitarras espalhadas pela casa em afinações diferentes. Dessa forma, quando você pega uma, coisas diferentes podem sair. Você tem que experimentar e ver o que lhe interessa. Depois de saber o que gosta, você precisa continuar e tentar ultrapassar seus limites.
A prática é importante, mas use a mente e pense. Todo mundo tem uma maneira diferente de tocar. Existem muitas escolas de música em que você aprende os mesmos acordes e escalas, o que significa que as pessoas acabam soando iguais.
Portanto, é preciso ser inovador e lembrar que ninguém faz certo, pois não há o certo e não há o melhor. Tente encontrar a melhor maneira de colocar o que está em sua mente nos dedos e nas guitarras. É assim que você encontra melodias. Coloque sua personalidade em seu instrumento”.
2 – Saiba aonde quer chegar com um solo
“Você precisa praticar suas palhetadas alternadas, assim como as escalas, mas acaba precisando se lembrar de muitas coisas que não podem ser colocadas nas músicas. Você precisa ter a capacidade de fazer mais do que isso. O que as pessoas tendem a fazer é aprender licks e depois tentam inseri-los nos solos, e essa não é a maneira certa de criar um solo.
Você deve pensar sobre o que você realmente quer fazer com cada solo. Cabe a você descobrir no que acredita, como pratica e o que espera alcançar. A prática é importante, porque você tem que ser capaz de tocar tudo o que estiver pensando, de colocar na guitarra o que está sentindo e pensando”.
3 – Esqueça o tal de aquecimento
“Antes de um show eu raramente toco guitarra! Eu simplesmente quero ver o que acontece quando eu chegar lá. Não gosto de aquecer! A primeira vez que pego a minha guitarra é quando estou prestes a subir no palco. Acho isso emocionante porque não sei o que vai rolar.
Eu não fico no camarim estudando e aquecendo com um metrônomo. A gente também não faz passagem de som; muitas bandas fazem. A nossa equipe é que verifica o som e tal. Eu gosto de chegar lá e ver o que vai acontecer, é uma emoção refrescante”.
4 – Seja espontâneo
“A espontaneidade é importante! Para mim, se isso desaparecer, a coisa toda se torna um show de cabaré. Então, eu gosto de mudar um pouco os solos, não ao ponto de as pessoas ficarem irritadas, mas usar áreas diferentes dentro do solo.
Todas as noites tento fazer um pouco diferente, mas ainda mantendo as melodias principais. A única coisa que me mataria é fazer a mesma coisa todas as noites. As coisas não podem ser assim comigo. Até as minhas inversões de acordes mudam, estou procurando maneiras melhores o tempo todo. Eu nunca quis estar em uma banda de cabaré.
Eu nunca pratico os meus solos. Propositalmente, tento fazer algo diferente a cada vez. Procurar algo diferente a cada vez mantém você no limite – você sente a raiva e a excitação.
Se eu soubesse exatamente o que tocaria todas as noites, depois de 10 shows em uma turnê de nove meses… bem, algumas pessoas fazem isso e tudo bem; pessoas como Steve Howe tocarão exatamente as mesmas frases, e ele é incrível, contudo, isso não é para mim. Preciso de mais emoção, senão vira cabaré. Não posso permitir isso”.