Os fãs mais ortodoxos do Iron Maiden são mais cansativos e irritantes do que tietes de divas pop, que ficam esperando em porta de hotel e se desesperam ao ver o artista alvo de seu deslumbramento pueril e fútil.
Estes tietes do metal sempre irão, pois, torcer o nariz ao belo trabalho que o boa-praça Blaze Bayley fez no grupo britânico. Cabe recordar que a parceria entre Blaze Bayley e o Iron Maiden foi entre os anos de 1994 e 1999, rendendo dois álbuns de estúdio: The X Factor (1995) e Virtual XI (1998) – além da coletânea Best of the Beast, lançada em 1996.
Virtual XI, ao contrário do que muitos apregoam, é um trabalho caprichado, com profundidade lírica, melodias vibrantes e solos de guitarras bem elaborados.
Apesar da incessante repetição do refrão de The Angel And The Gambler e Don’t Look To The Eyes Of a Stranger, o disco garante uma audição fluída, sem as inúmeras sonolentas camadas progressivas e as cansativas introduções impostas garganta abaixo em sons de álbuns como A Matter of Life and Death (2006), The Final Frontier (2010) e The Book of Souls (2015).
A produção de Steve Harris e Nigel Green em Virtual XI não chega aos pés do trabalho de Martin Birch, contudo, soa balanceada, quente e viva, passando longe do sabor artificial e sintético determinado por Kevin Shirley, que o Big Boss tenta colar a reputação de Martin Birch dos anos 2000.
E a história de Virtual XI ser um álbum superior a Killers? Bem, o pecado capital do segundo registro de estúdio da Donzela é dispor de um insuportável quê punk. Em Virtual não há nenhum resquício de tal sotaque musical, o que já é um grande acerto e ponto a favor ao disco.
Apesar de Killers não ficar encastelado na trip punk rock, com produção meia boca, arte de capa feita no improviso e de forma desleixada, performances beirando o amadorismo e com canções que não duram um reclame de margarina na TV, o repertório de Virtual XI é mais melódico, o timbre da voz de Blaze exerce mais peso e intensidade nas canções, além disso, lança mão de linhas de guitarra que são o puro convite para que o público cante junto.
Sendo assim, Killers e sua irritante veia punk, aliado ao soterramento progressivo dos registros mais recentes, já deixa Virtual XI em vantagem – largando na frente, na verdade -, pois sua audição não é atolada em tais características.
O décimo primeiro álbum do Iron Maiden tem mérito de ser um álbum dinâmico, visto que equilibra brilhantemente seu teor dramático e sombrio, sem contar que presenteia nossos ouvidos com solos e riffs bem sacados de Dave Murray e Janick Gers e refrãos grudentos oferecidos por Blaze.
É claro que os tietes do Iron Maiden, aqueles que batem o pé, fazem biquinho e falam “Iron Maiden is my religion”, vão continuar odiando Virtual XI e toda a fase Blaze Bayley. Azar o deles!