Em outubro do ano passado, a diretora da escola Eden High School, Sharon Burns, sofreu censura de alguns pais de alunos, depois de ter publicado em sua rede social uma foto vestida com uma camiseta do Iron Maiden, fazendo o ‘símbolo do metal’, o famigerado chifre do diabo. No fundo da foto ainda há uma bandeira do mascote Eddie, The Trooper, o que revoltou ainda mais os pais dos pimpolhos.
Em entrevista ao site canadense The Metal Voice, Sharon falou pela primeira vez sobre o incidente, explicou a sua versão da história, além disso, afirmou que se arrepende de ter postado a foto com imagem de “teor satânico”.
“Há uma história maior do que foi noticiado. Os pais e as crianças [da escola] são ótimos, é uma ótima comunidade, eles [os pais] não estavam querendo me pegar. Foi uma decisão ruim da minha parte postar a foto, foi sem pensar. Eu deveria ter pensado melhor, pois já trabalhava naquela escola há 5 anos. O [666] tem conotações bíblicas e religiosas, e eu sabia disso, mas nem pensei nisso quando postei. Eu fui insensível e ofensiva, então retirei o post. Eu deveria estar ciente das sensibilidades em torno do número [666]. Então, a lição foi aprendida e não vai acontecer de novo. Mas eu ainda vou continuar curtindo o Iron Maiden”.
Sharon Burns concluiu afirmando que se pudesse voltar no tempo não teria postado a foto: “Eu, definitivamente, não postaria Eddie com 666, não faria mais nada com esse número”.
A entrevista completa (em inglês) pode ser conferida no player abaixo:
Fúria de Titãs
Liderados por Debbi Lynn, mãe de um dos alunos, os pais abriram uma petição online pedindo a transferência imediata da diretora, afirmando que a profissional faz apologia a símbolos satânicos e tem aliança com práticas do capiroto.
Segundo a petição, a conduta de Sharon Burns foi inapropriada, não é profissional e está em desacordo com as políticas de bons costumes da sociedade de St. Catharines, Ontário, Canadá.
A Derrota
Apesar da campanha pública para destituir a diretora do cargo, o caso, que ganhou uma proporção mundial, com veículos de informação e público debatendo o quão tolo é a petição dos pais, teve pouca adesão da comunidade local, angariando poucas centenas de apoiadores.
Em resposta ao abaixo-assinado tirano, uma outra petição, intitulada We Need Mrs. Burns (“Nós precisamos da Senhora Burns”, numa tradução livre), em prol à diretora passou a marca de milhares de assinaturas.
Poder Público
O caso chegou à Câmara Legislativa Municipal local, onde representantes públicos como a vereadora Karrie Porter pontuaram sobre o assunto. “Estou surpresa pela dimensão que a coisa toda tomou. É engraçado, bobo e frustrante ao mesmo tempo”.
Secretaria de Educação de Ontário
A chefe de comunicação da Secretaria de Educação de Ontário, Kim Sweeney, ficou surpresa com o tamanho do debate que se abriu com a abertura das duas petições: prol e contra a Senhora Burns.
“Como você pode imaginar, a diretora Burns, assim como todos nós, está bastante surpresa com a forma que sua postagem no Instagram levou a duas petições e se tornou um debate interesse em todo o mundo”.
Além disso, Kim Sweeney foi firme em apontar seu apoio à diretora Sharon Burns: “Conhecemos a Senhora Burns como uma educadora apaixonada e dedicada, que fica ainda mais feliz quando pode se concentrar e se conectar com seus alunos. O gosto musical é subjetivo e acreditamos que tanto os alunos quanto os funcionários apreciam uma ampla variedade de gêneros”.
Em homenagem a diretora Sharon Burns, vamos curtir o videoclipe do clássico The Number Of The Beast, do Iron Maiden: