Vamos deixar o verniz social e as etiquetas de bom samaritano de lado por um instante e sermos demasiadamente honestos: O baixo, embora seja um instrumento extremamente importante para concepção da música, não é o equipamento mais pomposo, majestoso e imponente numa banda de rock n’ roll e heavy metal. Dito isso, é imperioso afirmar que a guitarra e a bateria sempre ostentaram uma importância e glamour mais do que bombásticas, portanto, sãos os protagonistas do show.
Contudo, há baixistas que extrapolaram os limites de tais convenções e não se contentaram com o “papel secundário” na música e trouxeram um holofote mais do que bem-vindo ao instrumento. Nomes como Geddy Lee (Rush), Billy Sheehan (Mr. Big, The Winery Dogs, Sons of Apollo), Geezer Butler (Black Sabbath), Chris Squire (Yes), Cliff Burton (Metallica) e o aniversariante do dia, Steve Harris (Iron Maiden), trataram de colocar o baixo na rota do estrelato.
Todos os músicos citados foram e são autênticos, defendendo o instrumento com muita atitude, criatividade, habilidade técnica e genialidade. Tais predicados são alguns dos muitos motivos que os diferenciam do todo. Porém, como dito anteriormente, hoje é o niver do Big Boss, então vamos nos concentrar apenas no líder da Donzela de Ferro.
Para nossa sorte, Steve desistiu da carreira de jogador de futebol e mergulhou com todas as forças nas quatro cordas. Inspirado por nomes como Thin Lizzy, Wishbone Ash, Jethro Tull, Genesis, entre outros, o britânico deu vida a um novo estilo de tocar baixo, uma fórmula by Harris, incorporando ao seu playing o imponente, intenso e agitado ritmo galopante.
Dono de uma rara e ímpar criatividade, o músico também se destaca como letrista e arranjador, ou seja, é o pacote completo. Em suas canções, o baixista sempre se assegurou de transmitir as emoções que o inspiram, seja algo empolgante, soturno, feliz ou triste. O coração, aliado à técnica, sempre foi a força motriz de suas criações, ele sempre garantiu que a emoção fosse o elemento fundamental da música.
E é claro que vamos relembrar alguns dos muitos destaques de sua longuíssima e vitoriosa carreira, que já ultrapassou as quatro décadas de atividade. Então, pode abrir uma cerveja Trooper e vem com a gente prestigiar o Boss.
Phantom of the Opera – Iron Maiden (1980)
Canção presente no primeiro e autointitulado full length do Maiden! A dinâmica e cadencia são uns dos muitos destaques do som, assim como as linhas de baixo. O futuro já se mostrava promissor ao Maiden e Harris.
The Trooper – Piece of Mind (1983)
A cavalaria está pronta para o combate! Mas para o bom combate, é claro. Com ritmo galopante, o clássico é, até os dias de hoje, um dos pontos altos das apresentações do Maiden. É impossível não vibrar com os versos, solos e levada da canção.
Rime Of The Ancient Mariner – Powerslave (1984)
A “epopeia marítima” é inspirada no poema do escritor inglês, Samuel Coleridge, que conta a história de eventos sobrenaturais que aconteceram durante uma viagem de navio. De novo, a ênfase é a dinâmica e a atmosfera criada pelas linhas de baixo, que parecem intimamente conectadas a letra da música, onde um completa o outro. Simplesmente incrível!
The Clairvoyant – Seventh Son of a Seventh Son (1988)
Final da década de 1980, o jogo, para o Iron Maiden, estava mais do que ganho! Com seis incríveis álbuns de estúdio no currículo, a banda nem precisaria gastar muita energia, pois o básico, no padrão Maiden, de certo, já garantiria um trabalho incrível.
Longe do modo piloto automático, a banda criou um dos melhores álbuns da história do heavy metal. Um dos destaques do disco é sem dúvida The Clairvoyant, com sua bela e poderosa introdução no baixo.
Blood on the World’s Hands – The X Factor (1995)
Em por falar em introdução poderosa, o épico Fender Precision de Harris falou alto no começo da oitava faixa do subestimado The X Factor, Blood on the World’s Hands. Tem que ter muita autoconfiança, firmeza e boas doses de audácia para fazer uma intro no baixo de mais de um minuto de duração e cativar a atenção do ouvinte em cada segundo. Coisa que só “Stevão” é capaz!
The Red and the Black – The Book of Souls (2015)
Os riffs ancorados no baixo sempre se fizeram presentes aos montes na discografia da Donzela! Com versatilidade e coesão, Harris sempre tratou de deixar sua digital nas canções, mas com a cautela de não se repetir. O começo de The Red and the Black chancela tal afirmação.
Empire of the Clouds – The Book of Souls (2015)
A música joga os holofotes na habilidade de composição de Harris. É uma peça de quase vinte minutos de duração que deixaria músicos eruditos com sorrisão no rosto de tanto orgulho. Uma ode às referências musicais de Steve.
Senjutsu – Senjutsu (2021)
A open track do décimo sétimo trabalho de estúdio do Iron traz bons e marcantes ganchos, que provam o quanto a banda e seu guia criativo têm necessidade de pisar em diferentes terrenos musicais, no entanto, sem deixar suas características marcantes para trás. Há no som linhas densas e obscuras, o que credita um teor incomparável.
Falou falou e não comentou sobre teoria msm. Harmonia, arpejos e escalas usadas pelo Steve. Essas matérias parecem ser sempre escritas por e para leigos e adolescentes.