Aos olhos do grande público, um álbum ao vivo é apenas um registro musical enfeitado com um monte de grito, assovio e palmas. Para os fãs de rock n’ roll e heavy metal, no entanto, a coisa muda de figura, pois é um público que tende a se aprofundar na carreira das bandas e artistas; gosta de se atentar aos pormenores das performances como solos, riffs e arranjos. Então, de certo, os registros ao vivo para esse mercado consumidor ganham um sabor especial.
Trabalhos como Live After Death (Iron Maiden), Tribute (Ozzy Osbourne), Alive! (KISS), Live Evil (Black Sabbath), No Sleep ‘til Hammersmith (Motörhead), Live and Dangerous (Thin Lizzy), Live Shit: Binge & Purge (Metallica), High Live (Helloween), entre muitos outros, marcaram a ferro e fogo os anais da música contemporânea.
Um desses trabalhos seminais é o álbum Rock in Rio, da lenda britânica Iron Maiden, que completa neste ano 21 anos de seu lançamento original. Registrado no dia 19 de janeiro de 2001, na terceira edição brasileira do Rock in Rio, o disco engrossa a lista dos principais trabalhos ao vivo do heavy metal.
Para este que vos fala, que pôde ser um dos felizardos a testemunhar in loco tal momento histórico, a energia, emoção e poderio sonoro vindo da banda é algo transcendental; palavras não são suficientes para descrever as performances de Bruce Dickinson (vocal), Steve Harris (baixo), Dave Murray (guitarra), Adrian Smith (guitarra), Janick Gers (guitarra) e Nicko McBrain (bateria) e a participação do público.
Dito isso, vamos relembrar 5 destaques do Iron Maiden – Rock in Rio e, claro, fazer uma breve viagem ao tempo:
1. The Wicker Man
A expectativa e ansiedade ultrapassavam todos os limites, mesmo com o calor no pior estilo Rio 40 graus, onde era possível vislumbrar um Sol para cada espectador! Contudo, nas primeiras notas do riff tocado por Smith, todo esses sentimentos foram catalisados em forma mosh pits, pulos, gritos e até choro. Performance do público foi tão impecável quanto a da banda.
2. Wrathchild
“Algumas novas e algumas do período jurássico”, disse Dickinson ao apresentar o hino Wrathchild! Em dados momentos da execução da canção era possível perceber que o poderio sonoro da plateia encobria o som vindo dos PAs. Apesar da milhagem dos músicos, era possível captar uma emoção especial em Harris & Cia, e é claro que um dos motivos fora a incrível participação do público.
3. Blood Brothers
Na época, Blood Brothers era um dos sons novos, mas, mesmo assim, estava na ponta da língua dos fãs. O destaque, de novo, residiu na união de banda e público. Como divina briga de titãs, os dois lados se “digladiavam” para ver quem apresentava uma performance mais impecável. Em dado momento, Bruce falou: “Sua vez”, em claro português, e fora prontamente atendido com palmas em ritmo uniforme à canção. Emocionante!
4. Fear of the Dark
Essa não é a melhor música da Donzela de Ferro e, na verdade, dá até fadiga e desânimo vê-la em todo repertório do Maiden, desde seu lançamento, em 1992! No entanto, o refrão cantado a pleno pulmões pelos fãs deveria ser objeto de estudo de algum antropólogo, pois aquele momento se mostrou como uma catarse coletiva raramente testemunhada na história recente da humanidade.
5. Run to the Hills
Cansaço, fome, sede, exaustão e toda sorte de perrengue se apoderavam dos fãs! Mas ainda restava um último ato e não poderia passar de forma incólume, já que era a clássica Run to the Hills. Haurindo forças dos Deuses do Metal, a plateia brasileira provou, mais uma vez, o porquê de ser uma das maiores – se não a maior – força do heavy metal. Um momento único e especial para quem prestigiou a incrível volta do Maiden a sua posição de dono do trono.