O final dos anos 70 e começo dos 80, o mundo da música estava em ebulição, com bandas surgindo em cada canto do planeta, especialmente em países como Estados Unidos e Inglaterra. Não importava o estilo, a música era a protagonista e chegava ao público com um frescor motivador e excitante. E é evidente que o pessoal do som pesado estava inserido em tal esquema de pura prosperidade.
O Motörhead, por exemplo, foi uma das bandas que exerceu fundamental influência na criação de novos grupos e na edificação de diferentes subgêneros do som pesado; apesar da música de Lemmy e companhia ser praticamente impossível de rotular, já que era muito pesada para ser rock n’ roll, muito despojada para ser heavy metal e muito bem tocada para ser punk rock. Ou seja, o Motörhead era “apenas uma banda destemida”, marcando história na música contemporânea.
A despeito de ser inclassificável, o Motörhead foi um dos pilares do thrash metal, emprestando o quê urgente, a velocidade e a pose de poucos amigos para o estilo. Cabe ressaltar que o thrash metal sofreu ingerência de outros atores da New Wave of British Heavy Metal (NWOBHM) como Diamond Head, Iron Maiden, Saxon, Raven, Tygers of a Pang Tang, entre outros. Contudo, o gene do Motörhead se sobressaía, sem dúvida.
O quarteto apocalíptico formado por Overkill (1979), Bomber (1979), Ace of Spades (1980) e Iron Fist (1982) foi fundamental para que grupos do quilate de Metallica, Exodus, Slayer, Death Angel e toda sorte de conjuntos da Bay Area, na Califórnia, Estados Unidos, ganhassem vida e fundassem suas bases com os ensinamentos do trio mais rápido do velho oeste.
Dessa forma, vamos te provar que Iron Fist, o último cavaleiro do citado quarteto apocalíptico, foi um dos pilares do thrash metal.
1. Iron Fist
Rápida, direta e potente, a faixa-título conseguiu encapsular em seus quase três minutos de duração a essência do que viria ser o thrash metal. O clássico provou que não precisava ser catedrático ou hedonista musical para soar de forma genial.
2. Produção
O fato de ser um som pesado não é sinônimo de uma produção emporcalhada, com instrumentos quase inaudíveis, o que transforma o processo de audição num verdadeiro calvário. Ao contrário disso, o disco, apesar das limitações tecnológicas da época, ostenta um som vivo e caloroso. A lição foi dada e o pessoal da Bay Area, cedo ou tarde, entendeu o recado de Lemmy Kilmister.
3. Conteúdo Lírico
As bebedeiras, noites de farra e as superficialidades da fama eram temas tratados pelo pessoal do hard rock, pop rock e afins. O conteúdo lírico precisava ter substância e tratar de assuntos relevantes como religião, liberdade e até política. Kilmister ensinou a garotada como ser um letrista de mão cheia!
4. Não importa a opinião dos outros
Se Lemmy fosse levar em consideração os palpites de empresários, o Motörhead teria amansado seu som e ficado à mercê dos engravatados, que eventualmente os descartariam por uma nova promessa musical. O trio, no entanto, ficou fiel a sua essência; fato amplamente provado com as canções de Iron Fist, por isso atravessou modismo e prevaleceu como um dos gigantes da música pesada.
5. Sem rodeios
O Motörhead nunca inseriu faixas em seus discos com o intuito de fazer volume na obra; mesmo que o disco passasse pouco dos trinta minutos de som. Para banda, o relevante era ter um álbum edificado por canções fortes e que soassem como a trilha sonora do apocalipse. Iron Fist, mais uma vez, reitera tal afirmação.