Nos últimos anos o Brasil tem recebido um número avassalador de shows internacionais, e é lógico que o rock e o metal estão incluídos nesse cenário favorável, onde grandes nomes têm marcado presença nos palcos daqui. E seguindo essa premissa, os ares positivos trouxeram ontem (20) ao Rio de Janeiro, diretamente da Suécia, o consagrado In Flames, que hoje mantém o status de uma das principais bandas do cenário metálico mundial.
A segunda passagem no Brasil vem na divulgação do mais recente álbum Battles (2016) e com a responsabilidade de suprir com o suprassumo de sua carreira os anos de ausência nas bandas de cá. Mas antes da invasão sueca, o Brasil foi muito bem representado pelo grupo Reckoning Hour, onde o peso e a melodia de suas canções deram o pontapé na noite exclusivamente dedicada ao death metal melódico.
O Reckoning Hour transpira energia, brutalidade e técnica ao vivo, o que depõe de forma muito benéfica à banda. Além disso, ficou muito claro ao público que o Reckoning Hour mantém-se atrelado a uma bem-vinda e acertada postura profissional, onde o cuidado em detalhes como um bacana ‘backdrop’ e ornamentações de palco denotaram o capricho e o objetivo de estar entre os baluartes do metal.
A espera de quase dez anos pelo retorno dos suecos ao Brasil só colaborou para que a atual turnê brasileira tomasse contornos de imperdível, e quem compareceu ao Circo Voador pôde assistir uma banda entrosada e à vontade no palco, o que colaborou para uma performance descontraída e alegre. Além disto, os fãs puderam dividir os holofotes da noite com o grupo, que, claramente, sentiu-se feliz com a recepção calorosa e animada dos cariocas.
A noite regada ao Gothenburg Sound começou com a novata Drained, primeira representante do já citado disco Battles. O caráter informal tomou conta desde o momento em que o In Flames pisou no palco, o que deixou a agradável sensação de que o grupo estava festejando com amigos de longa data. Before I Fall passou despercebida pela maioria do público, no entanto, Everything’s Gone preparou o terreno para dupla seguinte com a maravilhosa destruição sonora de Take This Life e pegada cadenciada e pesada do hino Trigger.
Sempre falante e divertido, o vocalista Anders Fridén detém a atenção do público do início ao fim do show, e vale ressaltar também a postura simpática e tranquila dos guitarristas Björn Gelotte e Niclas Engelin, o que deixou bem claro que os caras apreciam cada segundo em cima do palco. Completa a atual formação Joe Rickard (bateria) e Bryce Paul (baixo).
Only for the Weak deveria ser colocada em dicionários como sinônimo de festa, assim como Drifter deveria ser de brutalidade. O clima ficou ameno com The Jester’s Dance, retomando vigor com a melódica Alias, onde fora um convite mais do que aceito pelos fãs a cantarem o grudento refrão, e de tal se deu com a cativante The Truth que teve seus versos e refrãos entonados pelos fãs cariocas.
Deliver Us é a simbiose perfeita entre o peso e a melodia, o que caiu como uma luva ao clima de celebração da noite. A trinca final com The Mirror’s Truth, The Quiet Place e The End encerrou em alto estilo a festa do grupo sueco em território carioca, deixando um agradável sentimento de quero mais, que poderia vir em canções como Cloud Connected, System e Episode 666.
O In Flames vem acumulando merecidamente o status de uma das mais importantes formações no cenário metálico atual, e na apresentação de ontem os fãs cariocas tiveram a oportunidade de presenciar o poderio sonoro da banda e viver bem perto, ainda que com um quê do calor tropical, a maravilha que é o Gothenburg Sound.