Helloween: Uma Noite De Magia Em Pleno Halloween

O Helloween tem uma relação especial com o Brasil e também com Porto Alegre. O maior expoente do metal melódico/power metal retornou a capital do RS para mais um capítulo dessa história.

O grupo estreou no RS no ano de 2001 em um dos momentos mais conturbados divulgando o pesado e sombrio The Dark Ride. Após mudanças no line up, retornaram em 2003, no simbólico dia de 11 de setembro. Após acusações de que Andi Deris não conseguia cantar canções da época de Kiske, o grupo fez o primeiro show da tour mundial na cidade querendo provar que poderia, sim, tocar algumas das velhas canções.

Caroline Flores

A banda tocou pela primeira vez alguns dos velhos clássicos com a formação atual como: Starlight, Murderer e Keeper of the Seven Keys, foi a primeira vez também que tocaram Forever and One, Hey Lord e as, até então, novas Just a Little Sign, Open Your Life e Back Against the Wall.

O grupo seguiu visitando a cidade em todas as turnês seguintes, mas em 2017 a cidade ganhou o maior presente possível para os fãs dos alemães. A Pumpkins United World Tour despertou interesse de todos os fãs do grupo e de metal em geral. Os alemães se juntaram a Michael Kiske e Kai Hansen e saíram para uma série de shows pra lá de históricos. Como transformar isso ainda mais especial e estreitar a história da banda com a cidade? O show aconteceu exatamente no dia 31 de outubro, dia de Halloween.

Pontualmente às 21h começa a intro Initiation, convocando todos para, literalmente, curtir a noite de Halloween. O pano do palco cai e aparece a banda completa com Andi Deris e Michael Kiske, um em cada lado na parte mais alta do palco. Se Kiske foi a voz do Helloween quando a banda estourou no cenário do metal, Deris manteve o nível altíssimo da banda, sendo parte de outros grandes momentos do grupo, especialmente nos anos 90.

Caroline Flores

A primeira da noite foi nada menos que Halloween, com seus mais de 13 minutos. Foram raras as oportunidades que o grupo teve de cantar: “it´s Halloween tonight” de maneira tão literal. Sem pausa vem Dr. Stein, outro clássico das antigas mantendo o dueto de Deris e Kiske. Uma plataforma montada em meio a plateia aproxima os vocalistas dos fãs, o baixista super carismático, Markus Grospoff, também usa bastante o espaço.

“Boa noite Porto Alegre, como estão vocês hoje? Digam yeah yeah yeah”, diz Deris, seguindo com: “este é o Sr. Kiske, senhoras e senhores”. Kiske então conversa com os presente, imediatamente apresentando também o Sr. Deris.

Kiske toma a frente do palco para I’m Alive, sugestiva faixa-título para o momento do grupo, estreando em Porto Alegre. Ele conseguiu segurar a plateia que tanto ansiava curtir as canções com seu vocalista original. Mesmo tendo algumas dificuldades para alcançar as notas mais agudas nesse início, foi um início épico relembrando os clássicos dos anos 80 com sua presença frente à banda.

Caroline Flores

“Vamos voltar ao ano 2000, tem uma faixa particular em The Dark Ride, eu sou ruim em português, mas ela fala de voar”, anuncia Andi Deris arranhando o seu português.

Plateia cantando em coro e repetindo o som do piano na introdução de If I Could Fly, a primeira da noite da fase Deris. Dark Ride foi um álbum controverso, mas com muita qualidade, tendo em If I Could Fly um dos singles mais marcantes do grupo.

O show segue com Are You Metal? tendo boa recepção e Kids of the Century, com Kiske a frente. Os últimos trabalhos do Helloween não alcançaram a popularidade que clássicos como Master of The Rings, Time of the Oath, Better Than Raw e Keeper of the Seven Keys trouxeram, mas apresentaram bons singles e, se a banda nessa tour visa revisar toda a carreira do grupo, não podia deixar de fora um de seus materiais novos, a escolhida foi Where the Sinners Go?.

Caroline Flores

Para encerrar a sequencia veio Perfect Gentleman, do ótimo Master of the Rings, com a dupla de vocalistas no palco. Agora, era a vez de ir ainda mais ao passado. Kai Hansen assume os vocais e, após o sampler de Starlight, ele vai para um medley de tirar o fôlego em uma homenagem ao Walls of Jericho, um dos grandes álbum de power metal dos anos 80, quando o estilo era quase o thrash metal, assim como em outro clássico, Battalions of Fear, do Blind Guardian.

Starlight relembrou aquela história com a cidade em 2003, em seguida Hansen pergunta se estão pronto para Ride the Sky, seguindo com Judas e Heavy Metal (is the law). Depois da insanidade que foi a participação de Hansen, Kiske e Deris, a frente do palco com dois banquinhos e sentados lado a lado, mostrando uma interação muito espontânea, tomaram conta da plateia com muita facilidade ao cantarem Forever and One (Neverland), a balada ganhou uma nova roupagem mais acústica e intimista.

Kiske se dirige aos presentes falando que é sua primeira vez na cidade. Mesmo quando veio ao Brasil com o Avantasia, o vocalista tocou no Rio Grande do Sul. “Quantos de vocês tem Keeper of the Seven Keys?”, pergunta ele. Hora de outra balada, agora A Tale that Wasnt Right.

Caroline Flores

Deris volta a comandar com uma de Better Than Raw. A simples e popular I Can foi a escolhida e encerrou a primeira parte do show. Com uma turnê de reunião e tanto material para apresentar, um solo de bateria poderia ser dispensável, mas a banda usou este momento pra homenagear o antigo baterista e um dos fundadores do grupo, Ingo Schwichtenberg. O músico teve diversos problemas de saúde durante seu início com a banda, o que o levou tirar a própria vida. Foi um momento super emocionante com um duelo de Dani e Ingo nos telões.

Aqui cabe um pequeno parêntese: a banda preparou todo um material especial para o telão, o Pepsi On Stage dispõe, além do telão na parte de trás do palco, dois telões nas laterais para que todos tenham acesso, mas nesse shows eles estavam desligados. Como o telão central fica bem no fundo do palco, a ausência dos laterais acabou prejudicando a experiência de quem não estava no setor mais central.

Depois da dobradinha Livin’ Ain’t No Crime e A Little Time, Kiske falou sobre Andi Deris, disse ele: “Eu gosto desse cara, ele é muito legal”, os dois se abraçam no palco em um belo momento. Ele segue dizendo que “nunca tinha conhecido ele antes, mas ouviu algumas músicas, e essa era um das que ele gostava”. Deris complementa dizendo que ela é perfeita para a voz de Kiske. Why, outra de Master of the Rings, é a da vez.

Mais uma dobradinha de tirar o fôlego, agora com dois hits da fase atual da banda. Uma de Master of the Rings e outra de The Time of the Oath. Sole Survivor foi muito bem recebida, mas Power foi o grande momento da noite nessa primeira parte do show.

Caroline Flores

É a vez de Andi Deris revelar seu lado fã, ele diz: “Essa foi a primeira música que eu ouvi do Helloween, eu era bem jovem e pensei: ‘por que não estou tocando isso em minha banda?’”, How Many Tears conta com Deris, Hansen e Kiske alternando nos vocais. Depois de exatas duas horas de show, a banda encerra e se prepara para o já tradicional bis.

Sem perder muito tempo, grupo volta ao palco para uma sequência de clássicos. Agora, Kiske assume o comando sozinho e faz um trabalho incrível com Eagle Fly Free que é um deleite para todos. Até Michael Weikath, sempre mais reservado no palco, vai à frente e dedilha sua flying V junto aos presentes.

Se existisse um dicionário do heavy metal, a palavra Helloween teria como sinônimo a sequência Keeper of the Seven Keys, os álbuns marcaram a história do metal e viraram referência junto ao grupo. A interpretação da épica faixa-título foi mais um presente nessa noite tão especial com Kiske comandando quase todas as ações. Depois da épica apresentação, ensaiam mais uma despedida, mas ainda tinham clássicos pela frente e voltam para encerrar tudo Future World e I Want Out.

Caroline Flores

É impossível fugir do clichê, mas em pleno Dia das Bruxas, Porto Alegre recebeu uma noite mágica com uma apresentação majestosa do Helloween. Um tributo à banda, aos fãs e a história do heavy metal. Depois de quase 30 anos, ver Kiske no palco foi a realização de uma utopia, algo que foge do racional e de qualquer expectativa. Porto Alegre e Helloween, Helloween e Porto Alegre. Essa dupla escreveu mais um capítulo em um livro de histórias que nunca deve ter fim.

Set list:

Initiation
Halloween
Dr. Stein
I’m Alive
If I Could Fly
Are You Metal?
Kids of the Century
Where the Sinners Go
Perfect Gentleman
Starlight / Ride the Sky / Judas / Heavy Metal (Is the Law)
Forever and One (Neverland)
A Tale That Wasn’t Right
I Can
Drum Solo – Ingo Tribute
Livin’ Ain’t No Crime / A Little Time
Why?
Sole Survivor
Power
How Many Tears

Encore:
Invitation
Eagle Fly Free
Keeper of the Seven Keys

Encore 2:
Future World
I Want Out

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