Heaven and Hell: O álbum que fora a salvação da carreira do Black Sabbath

A música contemporânea, querendo ou não, tem um capítulo especial dedicado ao Black Sabbath, já que fora a banda responsável pela criação do nosso querido heavy metal. A seminal arte edificada por Ozzy Osbourne (vocal), Tony Iommi (guitarra), Geezer Butler (baixo) e Bill Ward (bateria) serviu de pano de fundo e base para o desenvolvimento da música pesada, então a reverência, respeito e carinho de quem tem o mínimo apreço pelo metal são mais do que apropriado e coerente.

Apesar dos inúmeros clássicos, álbuns fundamentais à música pesada e imensa importância artística, o Sabbath fora obrigado a lidar com inúmeros desafios ao longo de sua carreira. Abusos dos mais diversos matizes como álcool e drogas bateram à porta do grupo; empresários picaretas que abriam um imenso sorriso na presença dos músicos, mas desviavam rios de dinheiro por trás de contratos escusos também acometeram o dia a dia da banda.

Além disso, quando a perigosa e inflamável equação composta pela fama, dinheiro, cansaço, contratos abusivos, narcóticos e diferentes personalidades ganham vida, o resultado é invariavelmente catastrófico e infeliz. E para Tony & Cia não foi diferente, as circunstâncias mexeram com o emocional dos músicos e status quo, então era evidente que o padrão artístico fora afetado de forma considerável e, claro, a harmonia pessoal entre os músicos foi para o beleléu.

Um dos desfechos de todas as adversidades veio com a demissão de Ozzy Osbourne, com isso o Black Sabbath, de certa forma, estava largado a própria sorte e o futuro parecia incerto. A tábua de salvação, no entanto, chegou por meio do vocalista norte-americano Ronnie James Dio; profissional que já ostentava grande prestígio no mercado musical, pois havia integrado o Rainbow e assinado obras como Ritchie Blackmore’s Rainbow (1975), Rising (1976) e Long Live Rock ‘n’ Roll (1978).

Com a entrada de Dio em 1979, a virada de jogo foi expressiva e a banda pôde vislumbrar uma oportunidade de sair do atoleiro artístico, interpessoal e empresarial em que estava envolvido, pois o novo integrante chegou injetando doses cavalares de energia criativa, uma postura e atitude profissional e uma bem-vinda vontade de provar seu valor artístico aos novos companheiros. E é óbvio que tais conjunturas e procedimentos assertivos ganharam eco em Tony Iommi, que sempre fora a linha mestre da carreira e existência do Sabbath.

Em abril de 1980, a primeira parceria entre Iommi e Dio chegou ao mercado sob o nome de Heaven And Hell. As mudanças musicais eram nítidas já numa primeira audição do trabalho, já que o repertório técnico de Ronnie gabaritou o grupo a expandir suas fronteiras musicais e criativas.

A despeito de todo poderio sonoro de Heaven And Hell, uma parcela dos fãs, viúvas de Ozzy Osbourne, chegaram a hostilizar Ronnie nas primeiras apresentações do cantor com o Sabbath. Contudo, o músico tratou de calar os patetas de plantão com performances impecáveis, muita personalidade, simpatia e carisma.

Concomitantemente, o sucesso do Black Sabbath fundamentado por Heaven And Hell incomodou muita gente dos bastidores do mercado fonográfico. Um das pessoas que se sentiu incomodada e provocada com o êxito comercial do álbum foi a empresária Sharon Arden; profissional que comandava com punhos de ferro a nova carreira de Ozzy e que tempos depois se tornaria a Senhora Osbourne.

Sharon chegou ao ponto baixíssimo de contratar pessoas para que sabotassem as publicidades de Heaven And Hell e Black Sabbath. Todavia, seus esforços foram em vão e apenas reforçou que o grupo e seu então novo disco jamais seriam detidos por conta de caprichos de uma menininha mimada.

Icônico do primeiro ao último acorde e com uma das capas mais debochadas e sensacionais do heavy metal, Heaven And Hell foi um sucesso de venda e crítica, além disso, atingiu as paradas de países como Inglaterra, Estados Unidos, Canadá, Alemanha, Japão, entre outros.

Produzido pelo gênio Martin Birch, o repertório do disco é dinâmico, já que há espaço para o vigor de sons como Neon Knights e Die Young, para o peso da faixa-título e para o ritmo cadenciado de Children of the Sea e Lonely Is the Word. Em suma, Heaven and Hell foi a salvação da carreira do Black Sabbath no começo da década de 1980, e a forma ideal de provar sua relevância artística aos novos nomes que despontavam na cena heavy metal.

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