Frejat Deixa Barão Vermelho E É Substituído Por Rodrigo Suricato

É oficial: o Barão Vermelho tem um novo cantor e guitarrista. Músico fundador do grupo e sua voz/figura de frente desde 1985 (quando Cazuza optou pela dedicação integral à carreira solo), Roberto Frejat deixa definitivamente o Barão e tem seu posto assumido por Rodrigo Suricato, do grupo Suricato. Sem dor nem contrariedade, Frejat agora passa a acompanhar de fora a trajetória de Guto Goffi, Maurício Barros (com os quais começou tudo, em 1981), Fernando Magalhães (que entrou em 1986) e Rodrigo Santos (integrante desde 1992). A terceira encarnação do Barão Vermelho, um dos nomes mais consagrados do rock brasileiro, promete sua estreia nos palcos para maio.

— Já fiz o que tinha que fazer com o Barão, mas percebi que as pessoas queriam que os shows acontecessem com mais regularidade. E, se eles queriam continuar, não fazia sentido impedi-los. Temos diferenças de visão, mas jamais iria prejudicá-los. E o Rodrigo (Suricato) é um menino talentoso, bacana, muito bom músico — diz Frejat, que no momento prepara mais músicas solo e se apresenta no sábado, junto com Maria Gadú, na Arena Banco Original. — Agora vou poder dizer que sou um ex-barão. Tenho orgulho enorme de fazer parte da história da banda, estive nela do primeiro momento até agora.

— Sempre que o Frejat quiser aparecer, estar com a gente, todo mundo vai curtir — promete Guto Goffi. — Mas o novo cantor e guitarrista do Barão Vermelho é o Rodrigo Suricato.

A última turnê do Barão Vermelho, comemorativa dos 30 anos de carreira, se estendeu de outubro de 2012 a abril de 2013. Depois, cada um foi cuidar da vida. Guto (bateria) e Rodrigo Santos (baixo) lançaram discos solo, Maurício (teclados) seguiu tocando com Frejat, e Fernando (guitarra) investiu num CD instrumental. Ano passado, eles conversaram sobre a possibilidade de fazer uma turnê dos 35 anos da banda, mas Frejat disse que não tinha intenção de interromper seus trabalhos para fazer shows com o Barão.

— O Roberto (Frejat) falou que não estaria a fim de fazer aquela turnê, que preferia esperar e fazer um show comemorativo dos 40 anos do Barão. Mas isso estava na contramão do que a rapaziada pensava. Cazuza morreu (em 1990), Peninha (percussionista do Barão) morreu (no ano passado), Ezequiel (Neves, jornalista, produtor e guru da banda) morreu (em 2010), mas a vida segue — defende Guto.

— A gente nunca pensou em abandonar o Barão Vermelho, não havia motivo para a gente não estar junto, todo mundo é amigo, todo mundo toca nos trabalhos uns dos outros — argumenta Rodrigo Santos, que em abril faz shows com Andy Summers (guitarrista do Police) e João Barone (baterista dos Paralamas) tocando o repertório da banda inglesa (a data carioca é dia 13, no Vivo Rio).

A partir da decisão de Frejat, o quarteto começou a pensar em quem poderia ocupar os vocais e a guitarra. Rodrigo Suricato, que havia participado com Maurício Barros do Nívea Rock Brasil (projeto de shows em homenagem ao rock brasileiro que correu o Brasil no ano passado), foi um dos muitos nomes aventados.

— A gente gravou, no camarim, o Rodrigo tocando violão e cantando “Flores do mal”, do Barão. Mostrei isso pro Guto, e ele gostou muito — conta o tecladista, que acabou ficando encarregado de fazer o convite.

REVELADO NO SUPERSTAR

‘Sou fã deles desde criança e, por ter começado a tocar guitarra antes de cantar, tive no Frejat um ídolo. Passei um bom tempo nos bares do Rio tocando as músicas do Barão em bandas cover’

– RODRIGO SURICATO sobre o Barão Vermelho

Vocalista e guitarrista do Suricato, banda revelada no programa de TV “Superstar”, Rodrigo, de 37 anos, chega ao Barão Vermelho com boa parte dos pré-requisitos.

— Sou fã deles desde criança e, por ter começado a tocar guitarra antes de cantar, tive no Frejat um ídolo. Passei um bom tempo nos bares do Rio tocando as músicas do Barão em bandas cover, vendo a reação das pessoas, e aí fui me apropriando daquele repertório. Quando entramos no estúdio para fazer um som, de cara saíram 19 músicas, só de memória afetiva — conta o novo vocalista e guitarrista. — Tenho muito respeito pela banda, não toparia participar de um trabalho visando apenas ao lado financeiro, tentando ser um Frejat cover.

Até maio, quando a agenda fica reservada para shows do Barão (Rodrigo, que não deixou o Suricato, ainda se apresenta com a banda em março, no Lollapalooza), o quinteto pensa em ensaiar pelo menos 30 músicas para um show orientado para as arenas, mas que também pode ter momentos mais intimistas, acústicos.

— Todo mês tem pelo menos um pedido de show do Barão para eventos corporativos e festivais — diz Duda Ordunha, empresário do grupo desde 1988.

NOVO DISCO?

‘Vendo o jeito como o Rodrigo toca, me deu muita vontade de buscar novas parcerias, de fazer músicas. A turnê vai servir para estruturar esse caminho. Até o fim do ano dá para fazer um disco, se a gente quiser’

– GUTO GOFFI
Baterista do Barão Vermelho
Segundo Guto Goffi, além de criar novas versões para velhas músicas, o Barão 2017 pensa em dar outros passos:

— Vendo o jeito como o Rodrigo toca, me deu muita vontade de buscar novas parcerias, de fazer músicas. A turnê vai servir para estruturar esse caminho. Até o fim do ano dá para fazer um disco, se a gente quiser.
E o ciclo do Barão Vermelho com Frejat se fecha em março, quando a diretora Mini Kerti lança o longa-metragem “Porque a gente é assim”.

— É um documentário clássico, com depoimentos, imagens de arquivo, cenas em ônibus, shows e uma visita que eles fizeram ao estúdio da Som Livre antes de ele ser fechado — conta a diretora.
Para Guto Goffi, a missão está longe de acabar.

— Faltam grupos que apresentem uma música com mais personalidade, o mercado de música está muito estranho. Acho que o Barão vai ocupar um lugar honesto na cena.

Fonte: Silvio Essinger – O Globo

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