A frontwoman da Crypta, Fernanda Lira, tem mais de quinze anos de carreira, com isso, já viu e precisou lidar com muitos desafios e situações horríveis, para dizer o mínimo. Por ser mulher, as adversidades ficam ainda mais agudas, visto que abusadores em pele de fã a importunam e a desacreditam.
Em conversa com o pessoal do podcast Metalks, Stephanie Cecilia e Gustavo Fonseca, Fernanda Lira relatou assédio na cena heavy metal. De acordo com a musicista, alguns caras pedem para tirar foto e tocam no peito e no bumbum.
A artista começou: “No começo, eu ouvia que a gente só conseguia show porque a gente dava para produtor; ouvia que a gente era modelo e não sabia tocar, com isso precisava de banda de apoio; ouvia que a gente não gravava os nossos discos, que eram os produtores que gravavam.
Ouvia tudo que pudesse nos descreditar, dessa forma nós tínhamos que provar nosso valor no palco, por isso, talvez, eu tenha uma postura de palco agressiva e louca”.
Fernanda continuou: “Depois de algum tempo, as coisas foram ficando mais sutis como pessoa que vai tirar foto e toca no peito e toca na bunda. Aí, você tem que falar: ‘Amigão, se fosse o Kerry King, você ia fazer isto? Tu não ia fazer isto, então, não faz comigo, também'”.
Lira completou: “Além disso, consigo ver, trazendo uma visão e entendimento do feminismo e de alguns conceitos do patriarcado, outras coisas ainda mais sutis como o nível de exigência absurdo que existe em relação a mulher.
A mulher tem que estar impecável no palco, porque, caso contrário, criticam seu visual, o que não acontece com os caras.
Isso é coisa do patriarcado: a mulher ocupar um lugar imaculado. Então, existe essa exigência de sermos imaculada, e quando digo imaculada, digo perfeita, e nós não somos”.
A fala de Fernanda Lira pode ser conferida na íntegra logo a seguir: