Desde 1980, quando saiu o álbum Iron Maiden, a Donzela de Ferro nos brindou com trabalhos maravilhosos como The Number of the Beast (1982), Piece of Mind (1983), Powerslave (1984), Somewhere in Time (1986) e Seventh Son of a Seventh Son (1988). Tais álbuns são a resistente fundação do grupo britânico, que o possibilita gozar de benesses e mordomias mercadológicas até os dias de hoje.
No entanto, no final da década de 80, depois da citada sequência de sucesso, os rumos do Maiden ficaram um tanto quanto confusos com a saída do guitarrista Adrian Smith. O primeiro sinal de alerta fora acionado. Apesar disso, a carreira da banda seguiu adiante com a entrada de Janick Gers (ex-Gillan, ex-Bruce Dickinson) e, posteriormente, com o lançamento de No Prayer for the Dying, em 1990, que trouxe flertes com o hard rock e uma pegada bem mais simplória e despojada que seus antecessores.
O reflexo comercial de tal abordagem musical fora fraco e inexpressivo aos acostumados altos parâmetros do Iron, com isso o capitão do navio, Steve Harris, repensou os conceitos musicais adotados no curto prazo e determinou que uma nova rota, um novo rumo mais sintonizado ao seu legado musical, fosse executada imediatamente.
Em 11 de maio de 1992, o Iron Maiden renasceu comercialmente com seu nono álbum de estúdio, Fear of the Dark. Produzido pelo lendário Martin Birch, o disco foi uma síntese das velhas e novas influências.
Os fãs antigos e mais ortodoxos foram arrebatados com sons como Be Quick or Be Dead, The Fugitive e Judas Be My Guide; já a turma que curtiu No Prayer… abriu sorrisão com From Here to Eternity; o quê progressivo veio nos versos e melodias de Afraid to Shoot Strangers e o sopro de inovação fora com a primeira e única balada do grupo, Wasting Love, que fez muita gente torcer o nariz e acusar o Maiden dos mais diversos absurdos.
Os dias de glória retornaram – pelo menos a curtíssimo prazo, visto que no final do ciclo da Fear of the Dark Tour o vocalista Bruce Dickinson pediria o boné – essencialmente com a faixa-título, que ostenta uma infantil e caricata letra, porém, transborda energia e vigor em suas melodias e refrãos, o que é um prato cheio aos fãs que querem apenas curtir o som e dar uma animada no dia a dia.
Fear of the Dark fez bonito nas paradas de países como Inglaterra, Estados Unidos, Noruega, Suécia, Suíça e Finlândia. Atualmente, o disco já passou a marca de 1 milhão de cópias vendidas, o que é um feito e tanto para uma banda fundamentalmente alicerçada no heavy metal e que é persona non grata entre os grandes meios de comunicação.
Como dito anteriormente, ao final da Fear of the Dark Tour, o Iron Maiden recebeu o golpe mais dramático e grave em toda sua trajetória, que fora a saída de seu frontman Bruce Dickinson. Na mesma época, Steve Harris estava passando por problemas pessoais, que fora o fim de seu relacionamento com Lorraine Harris; mãe de seus quatro filhos. Então, com todos esses problemas, além das pressões de gravadoras e empresários, Harris chegou cogitar o fim do grupo.
Para sorte dos fãs, o Harris respirou fundo, deixou a poeira abaixar e tomou a sábia decisão de seguir carreira com o grupo. Portanto, se você não passou as últimas décadas em Marte, sabe que o Maiden seguiu carreira com Blaze Bayley até o finalzinho da década de 1990, quando aconteceu o retorno de Dickinson. Apesar das cruéis e ácidas críticas direcionada a Blaze por grande parte do público e mídia, é inegável que o cantor ajudou a Donzela de Ferro em seu momento mais instável e delicado.
A despeito das vicissitudes e desequilíbrios, o Iron Maiden vingou, todavia, os anos 90 não foram um apogeu comercial para o grupo, e o único vislumbre de glória fora Fear of the Dark.
Se me permitem uma observação, o citado ar “caricato e infantil” da faixa título de Fear of the Dark é fruto de uma audição fora do contexto do álbum.
Be Quick or Be dead fala sobre corrupção, Afraid to shot estrangers sobre a guerra do Golfo, Fear is the Key fala sobre a AIDS, Childhoood end sobre miséria e fome, wasting Love aborda a banalização dos relacionamentos e por aí vai, após narrar todo esse cenario caótico, o disco termina com a faixa título, que mostra uma pessoa com síndrome do pânico, medo, paranoia, consequencia dos problemas que o mundo vivia no começo dos anos 90 (E vive até hoje) , assim concluindo o raciocínio contextualizado no álbum.
Parabéns pela matéria!